Loading
  • 12 de Fevereiro, 2015
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Moralistas sem moral

Por

Paulo Franco

Por muito boa vontade que os lideres religiosos queiram transmitir, aqui e ali vão deixando transparecer a essência fascista e egocêntrica da sua congregação religiosa.As declarações do Papa Francisco (quando afirmou que não devemos criticar a fé dos outros) são um excelente exemplo do totalitarismo narcisista ainda presente no cristianismo.

Com que direito ou moral algum líder religioso, pertencente ao cristianismo ou ao islamismo, pode vir defender que ninguém deve criticar (ou gozar) com a fé de cada um?

Durante séculos e séculos, a igreja católica e a igreja muçulmana não têm feito outra coisa senão denegrir a imagem e reputação de quem não é crente. Mas é claro que “denegrir a imagem e reputação” dos não crentes ainda foi o que de mais civilizado conseguiram fazer porque os rios de sangue que já foi derramado na luta assassina destas religiões contra os ateus, agnósticos ou hereges é qualquer coisa de absurdamente monstruosa.

Sabendo deste passado sanguinário destruidor de milhões de vidas, com que moral vem o Papa defender que ninguém deve criticar as religiões?

A “fé” que eu tenho de que Deus não existe é tão legitima e digna de respeito como a fé de um crente. Defenderei sempre o direito dos crentes de expressarem a sua crença e de criticarem as minhas ideias. Mas com uma condição: quero continuar a, livremente, rir à gargalhada quando um crente me adverte com a possibilidade de eu vir a passar a eternidade no inferno por não pensar como ele.

Recordo aqui as iluminadas palavras de Voltaire e de Saramago a favor do livre pensamento e da liberdade de expressão:

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até à morte o direito de você dizê-las.” Voltaire.
“O direito à heresia e o direito à dissidência deveria constar da Declaração Universal dos direitos Humanos”. José Saramago.

Quanto sofrimento teria sido evitado e quantas vidas teriam sido poupadas se estas palavras tivessem saído da boca de Jesus Cristo ou do Profeta Maomé?

Paulo Franco.