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  • 30 de Setembro, 2014
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

As tolices dos falsos ateus

Terça-feira, 23 de Setembro
Testemunhas do vácuo

«De vez em quando, regressa a ofensiva. Agora foi o físico britânico Stephen Hawking a proclamar, com vasta repercussão, que Deus não existe. Mesmo para um ateu como eu, ou sobretudo para um ateu, estas batalhas de certo ateísmo para aborrecer os crentes são um nadinha tontas. Pelos vistos, há por aí imensa gente a quem não basta não acreditar numa entidade divina: dá-se a uma trabalheira para converter os outros à sua falta de fé. Um ateu a sério não perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus. Aparentemente, os ateus militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O fervor deles é religioso.

Deixando a discussão teológica a cargo de especialistas de ambos os lados da trincheira, o facto é que a formulação do senhor Hawking tende para o pueril. De que maneira é que o homem chegou à conclusão acima? Há um teorema demonstrativo, passe a redundância? Viu a Luz? Ou apenas se levantou de manhã (sem brincadeiras com a doença do senhor) e decidiu assim? E depois temos a arrogância implícita da coisa: o senhor Hawking leva-se em tão alta conta a ponto de supor que a sua afirmação influenciaria um único devoto que fosse?

Qualquer dia, no frenesim de espalhar a palavra contra o Senhor, os evangélicos da descrença batem–me à porta de casa. E eu não abro».

Estas frases foram escritas no último domingo por um reacionário de serviço à direita mais jurássica e ao ultraliberalismo, um tal Alberto Gonçalves, que tem direito à penúltima página do DN no dia em que descansa de sociólogo. Desculpo a uma pessoa sem sentimentos a infame ironia para com um deficiente físico profundo e inteligência notável. Imaginem o texto escrito por um crente com mais inteligência. Aqui vai:

«Terça-feira, 23 de Setembro
Testemunhas do vácuo

«De vez em quando, regressa a ofensiva. Agora foi ‘o bispo Gonçalves’ a proclamar, com vasta repercussão, que Deus (…) existe. Mesmo para um ‘crente’ como eu, ou sobretudo para um ‘crente’, estas batalhas de certa ‘crença’ para aborrecer os ‘ateus’ são um nadinha tontas. Pelos vistos, há por aí imensa gente a quem não basta (…) acreditar numa entidade divina: dá-se a uma trabalheira para converter os outros à sua (…) fé. Um ‘crente’ a sério não perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus. Aparentemente, os ‘crentes’ militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O fervor deles é religioso.

Deixando a discussão teológica a cargo de especialistas de ambos os lados da trincheira, o facto é que a formulação do ‘bispo Gonçalves’ tende para o pueril. De que maneira é que o homem chegou à conclusão acima? Há um teorema demonstrativo, passe a redundância? Viu a Luz? Ou apenas se levantou de manhã (sem brincadeiras com a doença do senhor) e decidiu assim? E depois temos a arrogância implícita da coisa: o senhor ‘bispo Gonçalves’ leva-se em tão alta conta a ponto de supor que a sua afirmação influenciaria um único ‘ateu’ que fosse?

Qualquer dia, no frenesim de espalhar a palavra (.. do) Senhor, os evangélicos da (…)crença batem-me à porta de casa. E eu não abro».