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O HETERONIMISTA METASTÁTICO

Por

João Pedro Moura

1- O heteronimista metastático (doravante designado, abreviadamente, por h.m., para lhe fixar um nome de jeito…) gosta muito de se disfarçar de heterónimos vários e renovados, a fim de se acolher num anonimato, donde se possa exprimir em aparentes e várias personalidades, intrujando o livre debate e dando falsas mostras de várias pessoas a participar no mesmo, supostamente unânimes na crítica aos ateus, indiciando, aos incautos, que haveria uma bateria de mastins, crédulos e ladinos, a fustigar constantemente o Diário de Uns Ateus…

Metastático, porque tais desdobramentos de personalidades fazem lembrar um cancro espalhado em focos, aparecidos aqui e ali, tentando estragar o tecido da convivência cordial e pacífica, com a sua torrencial e verbosa insolência, sempre vituperiosa e pertinazmente acometedora…

2- O h.m., como religionário, aparenta não ter igreja, mas também não critica nenhuma, antes se especializando nas diatribes constantes contra os ateus, qual profissional dedicado, mas obsessivo, em laia de lapa, segregando escorrências religiosas e informes, sem igreja que o acolha, mas acolhendo-se na sua capelinha privada, por si construída e de ritual próprio, supostamente reclamando-se da casa-mãe bíblica, mas ufanando-se de poder escolher o que acha convinhável do ementário geral, preterindo o demais…

… Como se os textos sagrados da casa-mãe divina, como se o seu deus, os seus profetas, messias e outros insignes corifeus da “boa nova” fossem, a partir do momento que a pessoa se lhes religa, meros textos opinativos e concetuais, à mercê de cada um, e não a seguir tudo escrupulosamente, como diretivas divinais, portanto, do único, do infalível, cultivadas no jardim da celeste corte…

3- O h.m., no seu antiateísmo obcecado, mais do que no seu depauperado e incongruente ideário religioso, pensa que os ateus têm algum dirigente carismático e tutelar a seguir, a criticar, a concordar ou discordar, à semelhança, quiçá, do seu deus e do seu ectoplasma messiânico, para os quais, de resto, o h.m. se está marimbando, pois que nem sequer consegue articular 1, 2, 3 preceitos cristãos que ele diga assumir e praticar, nem  consegue indicar 4, 5, 6 ideias/conceitos do seu deus e patentes na Bíblia, que interessem para a humanidade…

… O que nem sequer varia muito da multidão de religionários de fancaria, alguns deles ditos “não-praticantes”, como se um não-praticante duma doutrina pudesse ser adepto da mesma…

4- Mas, enfim, desde o patriarca Miguel Cerulário e, sobretudo, desde Martinho Lutero e, mais modernamente, desde Joseph Smith e sua “Latter-Day Saints” e Charles Russell e sua Watch Tower Society, tudo vale e a interpretação da casa-mãe bíblica é livre, sem que o All-MIghty God apareça e defina os seus retos e inequívocos caminhos…

Até lá, teremos de aturar toda a religiofauna terráquea, mais as suas desvairadas e incongruentes ideias, de que a nossa mascote, o heteronimista metastático (h.m., para os inimigos…), é um extravagante e desconcertante “caso de estudo”…

São como canídeos errantes, à procura de tassalhos religiosos que possam rilhar e assimilar, ou procurando aconchego em casa mais acolhedora, mas onde possam rosnar sempre, com a sua insolência persistente e inamistosa, enquanto evocam, vaga e hipocritamente, o Lucas evangelista e o seu “amor aos inimigos”…

5- Valha-lhes S. Roque, que é o padroeiro dos cachorros sem coleira…