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  • 29 de Janeiro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Seitas

OPUS DEI

Por

João Pedro Moura

“O Opus Dei deve sair da sombra e tornar-se menos opaco. Este foi o único ponto com o qual concordaram todos os oradores do debate sobre “O Papel do Opus Dei na Igreja e na Sociedade”, ontem realizado na sede do Diário de Notícias e que encerrou a Grande Investigação DN sobre a obra.”

1- Discordo. Eu acho que a Opus Dei deve continuar na “sombra” e tornar-se ainda mais “opaca”.
Enfim, são as posições naturais e originais da coisa, que devem ser respeitadas…

2- Aliás, o que é que os ateus, representados no debate, têm a ver com tal organização???!!! Nada!!!
O que se passa com ou o que é tal organização apenas concerne à mesma ou à ICAR!

3- Os ateus tratam de ateísmo e de religião e não de organizações particulares e autónomas dentro da instituição geral, que é a ICAR, e muito menos dando sugestões para a “melhoria” da “opacidade” ou da “luminosidade” de prestação de serviços dum grupo de religionários…

4- Os ateus combatem e devem combater a ICAR, enquanto organização religiosa, privilegiada pela concordata e por todo um manancial de prebendas e subsídios dimanados do Estado, que, a seu tempo, eu denunciarei, minuciosamente, num Grande Programa de Laicidade.

5- Os ateus devem denunciar a concordata, como instrumento de outorga de privilégio à ICAR, de que faz parte a Opus Dei.
Ao combater o geral, a ICAR, estaremos a combater o particular, a Opus Dei.
Donde, não se percebe por que é que haveríamos de combater o particular para chegar ao geral…

6- A Igreja Católica Apostólica Romana é que é o inimigo principal.
A Opus Dei não tem importância nenhuma, ao contrário do que alguns arautos, incluindo jornalistas em busca de tema, pretendem fazer crer…

7- A Opus Dei é uma organização de “fanáticos tranquilos”, como eu lhes chamo, possuidora de alguns bens materiais, nomeadamente algumas instituições de ensino, universitário e secundário, para só referir estas, onde, teórica e aparentemente, poderão exercer alguma influência, mas nunca a nível de massas, pois que, desfasada das mesmas…

8- Nos tempos que correm e no mundo ocidental e liberal, a mentalidade dominante e consensual não está para fanatismos e apuramentos de “raça religiosa”, pelo que, instituições como a Opus Dei, tendem a decair mais depressa do que decai a ICAR, tal-qualmente como a fanática “extrema-esquerda” comunista foi a primeira a baquear com o desmoronamento do império soviético, mesmo que essa “extrema” estivesse mais voltada para a China ou Albânia…
… Até porque, também a China e a Albânia claudicaram no seu comunismo…

9- Aparentemente, seriam os mais extremistas que resistiriam melhor à decadência duma doutrina religiosa ou política, porque, supostamente, seriam os mais “puros e duros” na defesa da causa…
… Mas não é assim, em tempo de paz e em países dotados de progressismo.
Os mais fanáticos é que claudicam mais depressa. Os menos é que resistem mais…
Porque os menos fanáticos têm outra plasticidade e espírito de compromisso, que lhes flexibilizam a empresa, mesmo enveredando, voluntária ou involuntariamente, pelo ecletismo ideológico e amolecimento geral da sua determinação.
Os mais fanáticos, mormente no campo religioso, só conseguem aguentar a empresa até ao ponto de equilíbrio, que é um ponto melindroso e instável, entre a mentalidade liberal e democrática, própria dos tempos hodiernos, e o passadismo cristalizado de liturgias e apuramentos “rácicos”, típico de antanho, portanto, de tempos que já não voltam mais…

10- Ora, sendo a tendência para a liberdade e para a mentalidade crítica, bem própria do estilo de vida ocidental, fanatismos como a Opus Dei, já congenitamente bastante limitados, não têm qualquer hipótese de medrar, recluindo-se para pequenos resquícios de espaço/tempo, em cultivo serôdio de certas escolas, voltadas para o apuramento racial católico, mas esvaídas de massa crítica, que dê consistência suficiente à coisa…
… Ou voltadas para mortificações espirituais, de religionários merdícolas, com ou sem amarrações de cilícios nas pernas, à laia de relíquias grotescas do passado de glorificação do sofrimento, nos tempos áureos da Igreja…

11- Pelo que, a importância e influência da Opus Dei é quase nula, à semelhança da sua congénere simétrica, Maçonaria, entidades que mais se destacam por terem este ou aquele figurão, nessas extravagantes organizações, do que por real mérito ideológico e concreto nesta ou naquela atitude, nesta ou naquela ideia, nesta ou naquela política ou pendor…