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  • 9 de Outubro, 2011
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Onde pára a laicidade do Estado?

Mais de 50 dos 401 jovens e adultos que estão a realizar o curso de formação para a Guarda Nacional Republicana (GNR), em Portalegre, inscreveram-se para receber os sacramentos de iniciação cristã: baptismo, confirmação e eucaristia.

Claro que onde está escrito «cristã» se deve ler «católica. Surpreende esta onda de fé que percorreu os recrutas da GNR, este chamamento divino de quem os esqueceu até esta idade, mas também conhecemos as artimanhas pias.

Se não estivessem a ser pagos pelo erário público os capelães e o bispo, com a patente de major-general, e não temesse pelos empregos quem recusasse o incenso e a água benta , a onda de fé não teria ultrapassado a meia centena de futuros guardas.

É lamentável que o comandante-geral da GNR tenha considerado a cerimónia litúrgica uma forma de «continuidade» à aprendizagem dos candidatos. Ficamos sem saber se a Sé de Portalegre se tornou numa caserna da GNR ou se o quartel da GNR se transformou numa sacristia da Sé.

A propaganda religiosa e, quiçá, a coacção psicológica sobre quem está a ser avaliado para o primeiro emprego, é um acção inaceitável que viola a ética, a independência e a dignidade de um estado laico.

Que dirá o M.A.I a esta violação grosseira da ética e da liberdade religiosa?