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  • 17 de Junho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Islamismo

A burqa, o niqab e a laicidade

É surpreendente que cidade a cidade, país a país, a tolerante Europa comece a proibir os símbolos identitários que atingem sobretudo as comunidades muçulmanas. Várias vezes discuti o assunto, quando ainda não tinha o actual grau de premência, com o meu velho amigo e condiscípulo no liceu, Vital Moreira.

Os seus argumentos contra a proibição tinham o brilho da inteligência e da convicção e nunca me persuadiu, apesar de ambos defendermos a laicidade como uma exigência da democracia.

É difícil convencer alguém de que os crentes podem ser tolerantes mas as crenças não o são e de que há uma evidente afinidade entre crenças e acção. Os islamitas podem ser pacíficos, e geralmente são, mas não o são o livro que os intoxica nem os pregadores que os fanatizam.

Os cristãos já não queimam judeus mas quando eu frequentei a catequese gostava que eles morressem. Muitas décadas depois de pensar que deus foi uma perigosa invenção dos homens e um instrumento do poder ao serviço das classes dominantes, aprendi que os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Actos dos Apóstolos têm cerca de 450 versículos abertamente anti-semitas.

O sionismo não seria o que é se não fosse a crença no Armagedão e a demência da fé que devora aqueles crentes com trancinhas que se julgam o povo eleito com uma escritura no notariado celeste que lhes outorga a Palestina.

Quanto ao Corão e aos horrores que Alá reserva aos infiéis basta uma leitura na diagonal para nos apercebermos do fascismo islâmico contido nos versículos que são debitados nas pregações das mesquitas e recitados nas madraças. Não vale a pena esconder que mais de cento e cinquenta versículos do Corão são dedicados à jihad.

As Cruzadas, a Inquisição, a Evangelização, o imperialismo sionista e o terrorismo islâmico não seriam possíveis sem o livro horroroso que Saramago chamou, e bem, manual dos maus costumes.

O facto de hoje os cristãos se comportarem de forma humanista deve-se mais à repressão política sobre as Igrejas, desde o Iluminismo, do que à bondade dos textos sagrados. O Papa actual, tal como o anterior, sente a nostalgia do Concílio de Trento.

Em nome da liberdade defendo a interdição da burka e do niqab, sinais de submissão da mulher e instrumentos de provocação contra a sociedade laica. Por cada mulher que quer usar livremente tais adereços há milhares que são obrigadas.

Provem-me que a Tora, a Bíblia e o Corão só defendem o bem, apesar dos intérpretes encartados que querem convencer-nos, quando lhes convém, que tais livros não afirmam o que lá vem.

Qualquer religião, filosofia ou ideologia política que não respeite a igualdade entre homens e mulheres, não merece a menor consideração. E nenhuma religião respeita.