Loading
  • 21 de Janeiro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A indústria dos milagres e Pio XII

Diálogo de reaccionários

Diálogo de reaccionários

O Papa não é obrigado a ser crente, mas tem o dever de preservar a fé e de a promover. Não admira, pois, que, apesar do descrédito dos milagres e da santidade, ainda insista no negócio das beatificações e canonizações para contentar os crentes e competir com a concorrência.

Que um torcionário tivesse sido beatificado entre centenas de bem-aventurados cuja santidade se manifestou sobretudo no ódio à República espanhola, é um detalhe que não embaraça um papa que trocou os milagres avulsos pela produção industrial.

Bento XVI foi o ideólogo de João Paulo II, supersticioso, muito provavelmente crente, que canonizou monsenhor Escrivà de Balaguer, admirador de Hitler e indefectível de Franco, depois de lhe ter adjudicado três milagres, um acto de gratidão pela solução encontrada em vida para o escândalo do Banco Ambrosiano.

As canonizações são pias condecorações póstumas, de que a teocracia do Vaticano tem o alvará, iguais às veneras que nos países laicos fazem comendadores e cavaleiros, para gáudio dos agraciados, pagamento de favores ou distinção de méritos públicos.

Não se percebe, à primeira vista, a batalha que o actual pontífice trava para elevar aos altares o Papa de Hitler, Pio XII, quando o Vaticano é uma criação de Benito Mussolini e este foi considerado, pelo infalível Papa de serviço, como enviado da Providência.

O nazismo, sendo um fenómeno de natureza secular, contou com a solícita colaboração de padres católicos e de pastores protestantes que forneceram as certidões de baptismo, permitindo, por exclusão, mais facilmente diagnosticar os judeus. E quem se admira do ódio aos «pérfidos judeus» que nasceu com um dissidente, Paulo de Tarso, e alimentou o cristianismo até ao concílio Vaticano II? O anti-semitismo é a tara dos monoteísmos prosélitos que provieram do judaísmo.

A insistência de Bento XVI na canonização de Pio XII, além da simpatia ideológica pelo antecessor, é uma tentativa de branquear o passado anti-semita da sua Igreja, como se não tivesse havido Cruzadas, a Inquisição não tivesse perseguido judeus, os papas não os tivessem odiado e não os execrasse o Novo Testamento.

Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Actos dos Apóstolos têm, segundo Daniel Jonah Goldhagen (in A Igreja católica e o Holocausto) cerca de 450 versículos explicitamente anti-semitas, uma média de «mais de dois por cada página da edição oficial católica da Bíblia».

Perfil de Autor

Website | + posts

- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida

- Blogger:

- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/

- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/

- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/

- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#

- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

http://www.blogger.com/profile/17078847174833183365

http://avenidadaliberdade.org/index.php?content=165