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  • 9 de Janeiro, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Laicidade

Casamento gay

Um espinho na garganta da ICAR

Um espinho na garganta da ICAR

A aprovação da proposta de lei do Governo que torna legal o casamento entre homossexuais não teve destaque apenas em Portugal, fez manchetes em jornais de vários países e foi notícia em todo o mundo.

O respeito pela orientação sexual das minorias e o fim da discriminação de uma minoria tradicionalmente perseguida e humilhada é um salto civilizacional que honra Portugal e dignifica a Assembleia da República.

O que não tem sido referido é a humilhação da ICAR. Esta empenhou o seu clero e os crentes numa cruzada homofóbica que começou nas homilias durante a campanha das legislativas, aconselhando a que não votassem nos partidos que eram contra a família – eufemismo com que designam as concepções diferentes – e que acabou num irritado abaixo-assinado a pedir um referendo.

O Antigo Testamento e os três monoteísmos, que dele se reclamam, consideram a homossexualidade uma abominação punível com a morte. Vários estados criminalizam  ainda a sodomia praticada entre adultos e não podemos esquecer o que sofreram gerações de homossexuais com a homofobia pia e com a repressão social dominada pelos valores da Igreja.

Os tempos mudam e os que se julgam intérpretes da vontade de um deus que os homens criaram para seu benefício, mantêm-se inflexíveis na luta contra os direitos individuais, no horror ao prazer e no desprezo pela liberdade.

Por isso, para além da vitória histórica pelos direitos individuais, é consolador verificar a humilhante derrota da Igreja e da legião de beatos que não poupou ave-marias e salve-rainhas com a utilidade que se viu.