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  • 12 de Agosto, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Política

Câmara de Lisboa – A guerra das bandeiras

A sofreguidão mediática, com a pátria a banhos, entrou em euforia com o acto anódino do roubo da bandeira da Câmara Municipal de Lisboa e a permuta pela que simboliza a monarquia, que se esgotou antes de se ter extinguido a família real.

É interessante apreciar o alarido que a delinquência de diminuta gravidade provocou nas comunicação social, fazendo do pequeno delito notícia e, dos marginais, heróis.

Até o Sr. Duarte Pio, alegado descendente do Sr. D. João VI, como se o matrimónio de D. Carlota Joaquina provasse qualquer paternidade, ficou feliz, julgando-se rei por uma noite. Vale mais ser rei uma só noite do que parvo toda a vida, como diz o adágio ou, se não é bem assim, deve ser parecido ou merecia ser.

O senhor Duarte Pio é entendido em solípedes e já escreveu um opúsculo sobre cavalos que se ajoelhavam, no caso os de D. Nuno Álvares Pereira que acharam Fátima antes da Virgem e mostraram aí os cascos em genuflexões pias antes de os peregrinos mostrarem os sapatos rotos a viajarem de joelhos à volta da capela das alegadas aparições. Ganhou, com esse opúsculo, a estima de alguns beatos e o gozo de muitos cidadãos escorreitos.

Vem nas gazetas que o Sr. Duarte Pio elogiou a bandeira que «restaurou» a monarquia e exultou com a façanha dos seus dedicados vassalos, provando que acredita tomar Lisboa à frente de um exército de três delinquentes juvenis, libertando-a da vil República.

Com um plano tão elaborado, é mais fácil esbarrar com um hospício do que encontrar o caminho do paço e, com vassalos deste calibre, arrisca-se a acabar na esquadra do bairro sem tempo de regressar à Áustria. E sempre é uma vergonha, para quem espera ter uma coroa, acabar com as algibeiras revistadas e sem os atacadores dos sapatos.