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  • 25 de Novembro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

Espanha – Apelo ao esquecimento

Antonio María Rouco Varela, cardeal de Madrid, presidente da Conferência Episcopal Espanhola, chefe da ala mais reaccionária da Igreja católica e pirómano político que açulou manifestações contra o Governo democrático, apela agora à reconciliação.

De que reconciliação fala o raivoso agitador que desceu à rua a abanar a mitra e brandir o báculo quando a lei consagrou o direito ao casamento de pessoas do mesmo sexo? O que pretende o velho franquista, que nunca teve um gesto de arrependimento perante os assassinatos de Franco, que continua a venerar, e que só por pejo se abstém de propor a elevação aos altares com as centenas de beatos e santos com que quis provocar o confronto entre espanhóis, com a ajuda do Vaticano?

O frio e inflexível cardeal, devoto do Opus Dei, apenas deseja evitar a «recuperação da memória histórica», isto é, a averiguação sobre centenas de mortos que jazem em valas comuns, tombados pela fúria assassina do franquismo com a conivência da ICAR «y de la gracia de Dios».

Quem agora fala de «perdão e amor fraterno» é o bispo medieval com ódio à laicidade e alma de inquisidor. É o lobo, após o banquete, a apelar à reconciliação entre a alcateia e os cordeiros.

Rouco Varela é o exemplo vivo da intolerância, um avatar dos inquisidores que assaram hereges em nome da Contra-Reforma num país onde o espírito aberto da Reforma nunca entrou.