Loading
  • 12 de Novembro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

ICAR e o divórcio

Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), bispo católico e chefe da ala mais radical do clericalismo nacional, entrou em rota de colisão com as leis do Estado português.

O piedoso bispo, adversário da interrupção voluntária do celibato para o clero, é o mais acérrimo adversário da interrupção do matrimónio. Tem pelo divórcio o ódio irracional que Maomé votou ao toucinho. E julga-se, como inveterado celibatário, na legitimidade de impor o Código canónico, com cheiro a mofo e a incenso, aos casais portugueses.

Na assembleia plenária dos bispos portugueses, uma reunião de celibatários de báculo, mitra e anelão, a que preside, atacou com severidade o modelo jurídico que em Portugal e, valha a verdade, na generalidade dos países europeus, regula as leis da família.

Se o Estado português tivesse a veleidade de impor o divórcio aos casais católicos, os ateus estariam, na defesa dos direitos individuais, na primeira linha do combate, mas o que acontece é que o bispo de Braga, nas suas habituais reuniões de solteiros mitrados, pretende impor os seus preconceitos aos casais que desprezam a ICAR e os seus rituais cabalísticos a que chamam sacramentos.

Esqueceu-se o governador clerical dos católicos de Braga de que na ditadura salazarista era proibido o divórcio aos casais com núpcias católicas, iniquidade que só acabou no tempo do saudoso ministro da Justiça Salgado Zenha, um católico moderado e urbano, com ameaças e azedume do clero mais reaccionário.

Os bispos têm o direito de obedecer ao Vaticano, Estado que quer escrever as leis da família sem ter uma única maternidade, bairro de 44 hectares onde legalmente não há nascimentos, mas não têm o direito de impor leis aos que não se submetem aos ditames da Igreja católica.

A vocação totalitária da última teocracia europeia deve ser contrariada.