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Bento 16 e a virgindade

«O Vaticano deu o primeiro passo para a beatificação da jovem espanhola de 22 anos assassinada em 1992 por Pedro Luis Gallego, que queria violá-la. Se a elevação aos altares acontecer, será a primeira mártir da era moderna, pela defesa da virgindade em nome da fé cristã».

 

Longe de mim acreditar que o actual Papa é um crente. É demasiado culto e inteligente para acreditar na virgindade de Maria, na infalibilidade papal e na transubstanciação da hóstia por acção dos sinais cabalísticos da praxe.

Este Papa é um gestor, um homem de negócios que conhece a clientela e que desistiu da mais sofisticada, para manter a mais primária e rudimentar. Em marketing escolhem-se os segmentos de mercado. Não se discute com um biólogo a capacidade reprodutiva do Espírito Santo nem com um obstetra a virgindade depois de um parto por via baixa.

Os milagres, cada vez mais frequentes e fúteis, não são o número para que se convidem cadáveres ou se aliciem crentes alfabetizados. B16 sabe que as canonizações rendem grossos cabedais ao Vaticano e atraem ouro, jóias e euros para as caixas de esmolas dos taumaturgos quer se trate de um torturador franquista, canonizado por lapso ou de uma descrente como Madre Teresa de Calcutá, desde que fosse cúmplice com o papa no ódio ao preservativo.

A virgindade é uma virtude que a ICAR resolveu estimular no seu santo ódio e nojo ao orgasmo e à sexualidade em geral. Esgotada a lista de franquistas destinados ao altar, é agora a vez de procurar novas minas de santos para manter o entusiasmo dos fiéis.

Marta Obregón foi assassinada numa tentativa de violação. Como a jovem era dada à oração, a violação e o assassínio não mereceram a atenção do Papa. Para ele só contou a heróica renúncia à alegada perda da virgindade. Mais uma santa. O deus do Papa serviu-se de um canalha para fazer uma santa. Com a ajuda de um embusteiro.