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Bin Laden contra Ratzinger?

O mais influente líder religioso do mundo, Ossama Bin Laden, divulgou ontem uma mensagem em que implica o seu competidor Joseph Ratzinger numa alegada «cruzada» contra o Islão que utilizaria essa temível arma que são os desenhos de Maomé.

Não me custa sair em defesa (apenas desta vez, garanto-vos), do Papa dos católicos. Efectivamente, em boa verdade vos digo, o Vaticano não pode ser acusado de cumplicidade na publicação de caricaturas de Maomé, pela simples razão de que sempre foi contra a dita publicação. Recordemos:

  1. O Vaticano afirmou oficialmente que «a liberdade de expressão não pode implicar o direito de ofender os sentimentos religiosos dos crentes»;
  2. Os porta-vozes locais da ICAR pelo mundo fora repetiram essa mesma ideia (incluindo o portuga José Policarpo).

Portanto, Bin Laden e Ratzinger deveriam dar-se as mãos e unir-se nos valores que partilham: o repúdio pela liberdade de expressão, o desprezo pelas mulheres emancipadas, o ódio à democracia e à laicidade, a promoção da autoridade clerical, e a opressão da humanidade por preceitos anacrónicos.

Como afirma Bin Laden, com uma clareza pouco usual, «as publicações desses desenhos» foram mais graves do que «o bombardeio de modestas aldeias que desabaram sobre as  nossas meninas». Policarpo já dissera algo semelhante, quando afirmou que «todas as expressões de ateísmo (…) continuam a ser o maior drama da humanidade». Para o clero islâmico e católico, são as ideias das pessoas e os desenhos que fazem que são graves ou dramáticos.

Farinha do mesmo saco. Abraâmico.