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Ateísmo na Blogosfera

  1. «E o amor é involuntário. Não amamos quando, como, ou quem escolhemos. É mais um mecanismo que nos compele a agir, muitas vezes contra a vontade consciente. É absurdo que um ser omnipotente seja compelido, mas sem compulsão não é amor. Se Deus tem completa liberdade de escolher quando e como ama nunca saberá o que é amar. E se não tem essa liberdade não é Deus.

    É claro que os crentes dirão que o amor de Deus é completamente diferente do nosso. Vão usar letras maiúsculas, chamar-lhe Amor Divino, e dizer que está para além do que podemos compreender. Mas então sejam honestos. Digam que Deus é X e que não fazem a mínima ideia do que estão a falar. O amor sabemos como é. E é coisa de humanos, não de deuses.[…]

    A Terra não se importa se sofremos ou prosperamos. A chuva não cai onde precisamos. Este universo é cem mil vezes mais velho que a humanidade. Nenhum planeta notou quando aparecemos. Nenhuma galáxia se importa com o que nos acontece. E nenhuma estrela vai dar pela nossa falta quando fundir o carbono e azoto de que somos feitos em elementos mais pesados.

    Este universo não se importa. Não se preocupa. Não ama, não odeia, não perdoa nem vinga. Nem sente. Simplesmente é. Se existe deus, não é amor. É uma infinita indiferença.»Mente e fisiologia, parte 5: Deus é Amor?», no Que Treta!)

  2. «Quem se entrega à procura racional de verdades parece retirar imensa satisfação do próprio acto de investigar: levantar hipóteses, explorar possibilidades, descobrir objecções, refinar teorias, fazer observações cuidadosas, deter-se em pormenores fundamentais. Pelo contrário, quem sente maior atracção por uma ou outra forma de tradições sapienciais — seja a New Age, a astrologia, a religião ou o ocultismo — parece não ter qualquer gosto nas actividades referidas, retirando antes a sua satisfação da posse da certeza inabalável, da sensação de que se alcançou uma Verdade fundamental que agora resta aplicar e reinterpretar, para se poder ir à vida, entretanto vivencialmente transformada pela Verdade.» («A emoção da omnisciência», no De Rerum Natura)
  3. «Apesar da hierarquia da Igreja Católica de Roma não se perder de amores pela Revolução de Abril, – nem ser de uso, comemorar a Revolução dos Cravos nas igrejas — o seu mais alto representante em Portugal, Cardeal Patriarca, foi convidado a assistir à cerimónia oficial que teve lugar na Assembleia da República.

    Ora acontece que, ao longo do século XX, a Hierarquia Católica, com raríssimas excepções, apenas mostrou simpatia e apoiou o golpe militar de 28 de Maio de 1926, tendo aderido às soluções orgânicas que o Estado Novo encontrou para lhe devolver a influência que perdera com a Revolução Republicana.

    Ao enviar uma carta, pedindo o esclarecimento sobre o critério que levou ao convite deste chefe religioso, a Associação República & Laicidade, fez o que muitos de nós gostaríamos de ter feito.»(«Milagres (3)», no PUXAPALAVRA)