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Mês: Fevereiro 2007

2 de Fevereiro, 2007 lrodrigues

Os Amigos de Deus

Gostava de um dia perceber se entre os delírios religiosos e a imbecilidade há uma conexão necessária e natural, ou se isso é apenas uma simples e mera coincidência.

Como gostava de saber se não haverá algures um limite para além do qual a propagação dessa imbecilidade a crianças não deveria ser considerada um crime de pedofilia como qualquer outro.

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)
2 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

Símbolos religiosos em secções de voto

Nos EUA também há secções de voto com símbolos religiosos: pior ainda, há locais de voto que são igrejas. Felizmente, também há quem proteste. E com razão: segundo um estudo académico que efectuou simulações de voto, cerca de 75% das pessoas a quem foram mostradas imagens de locais de voto neutros (escolas, quartéis de bombeiros…) votaram favoravelmente a investigação científica em células estaminais, mas essa percentagem desce para aproximadamente 50% nas pessoas a quem foram mostradas imagens de locais de voto em igrejas.

Em Portugal, a Associação República e Laicidade levantou esta questão junto da Comissão Nacional de Eleições, que recomendou às câmaras municipais e juntas de freguesia que, no referendo sobre a despenalização da IVG, não coloquem mesas de voto em locais onde existam «outros símbolos» para além daqueles ligados à República.

É necessário que não sejam escolhidas como locais de voto nem igrejas nem escolas com símbolos religiosos, ou pelo menos com estes símbolos visíveis. Só assim será assegurada a plena neutralidade das secções de voto, indispensável a que os cidadãos votem em perfeita liberdade de consciência.

1 de Fevereiro, 2007 ricardo s carvalho

Sobre a Irracionalidade do "Não" e a sua Desconstrução (2/5)

[continuação]

O mais discutido argumento do “Não”, a bandeira de todo esse movimento, tem a ver com a definição de “vida”. Em particular, de “vida humana”. Ao que nos querem fazer crer, esse é o ponto fulcral para não descriminalizar a IVG até às 10 semanas: o feto está “vivo”, logo não é eticamente correcto “matá-lo”. Bom, este argumento é de uma fragilidade incrível por duas razões principais, e gostaria de as abordar em separado:

(1) Como já foi discutido anteriormente, a “vida” não surge espontaneamente a partir do nada. A vida transmite-se, transmuta-se. Qualquer célula do meu corpo é “vida humana”. O meu cabelo é vida humana. Os meus espermatozóides são vida humana. Um óvulo é vida humana; um ovo é vida humana; um feto é vida humana. Um corpo, ligado a uma máquina de suporte artificial de vida, ao qual foi declarada a morte cerebral, é vida humana. E, no entanto, ninguém arrisca ida a tribunal ou pena de prisão por ir ao barbeiro. Ou por se masturbar. Nem a menstruação é criminalizada. Nem a chamada “pílula do dia seguinte”. E, acima de tudo, com particular relevância para a presente discussão, a família que decide que se pode desligar a máquina de suporte artificial de vida, do tal corpo a quem foi diagonosticada morte cerebral, e o médico ou a médica que realmente desligam a máquina, conduzindo à morte de todas as células—ainda vivas—desse corpo humano; nenhuma destas pessoas arrisca ida a tribunal nem pena de prisão pois nenhum destes actos é criminalizado. E nenhum destes actos é criminalizado pois para todos eles é reconhecido que o valor de “vida humana” é um valor relativo e não um valor absoluto, tal como os movimentos do “Não” querem fazer acreditar. Em abono do rigor, nenhum destes factos é razão para ir votar “Sim”. Mas, sem dúvida alguma, todos são parte da razão para não se poder, racionalmente, votar “Não”. Digo “parte” pois decerto já algum(a) leitor(a) se lembrou de um outro argumento-tipo do “Não”, que típicamente sucede ao desconstruído argumento da “vida humana”, e que é o do “potencial para um dia vir a ser uma pessoa de carne e osso”. Esse argumento também não tem base racional, mas sendo separado do relativo à definição de “vida humana” vou abordá-lo apenas umas linhas mais em baixo. Em resumo, o argumento relativo ao valor absoluto da “vida humana” não tem base racional para suportar o voto no “Não”, com o risco de se abrir a porta a criminalizar tantos outros aspectos da vida normal de uma sociedade moderna, como aquela que queremos que seja a nossa.

(2) Mas o argumento do valor absoluto da “vida humana” não só não tem base racional (como vimos em cima), como também leva a profundas contradições dentro dos próprios argumentos do “Não”. Para as compreendermos, temos que colocar momentaneamente de parte a argumentação do ponto (1) em cima, por forma a nos colocarmos únicamente na posição do “Não”, que quer proteger a “vida humana” acima de tudo. Neste caso, é impossível a um defensor do “Não” aceitar a IVG em qualquer condição (ou sequer aceitar o uso da “pílula do dia seguinte”), e tem necessáriamente que apoiar uma pena clara para quem a praticar. Certamente, quando se trata de defender os membros de uma dada sociedade relativamente ao crime de homicídio—mesmo que involuntário—todos nos mobilizamos em defesa da vida humana. Mas a contradição de grande parte dos movimentos pelo “Não” reside exactamente aqui: na realidade, não defendem abertamente que as mulheres que praticam IVG até às 10 semanas sejam presas, com penas correlacionadas com as de verdadeiros crimes contra a vida humana, como o de homicídio. Também não defendem abertamente a criminalização de IVG por opção médica em caso de mal-formação do feto, apesar de ao mesmo tempo não defenderem a execução sumária de deficientes profundos. Chegam a dizer, como disse um médico defensor do “Não”, que a “vida humana” deve ser defendida a qualquer custo desde a fecundação! Apetece perguntar a esse médico se, deparado com um caso de risco iminente para a vida da mulher, iria realmente salvar uma plena vida humana —a da mulher—ou iria ficar de braços cruzados… Todos queremos acreditar que esse médico iria precisamente salvar a plena vida humana, a vida da mulher grávida, pois sabemos que a distinção que todos fazemos entre feto e mulher grávida é enorme, a muitos e diversos níveis, sendo inclusive muito redutora, e de forma ofensiva para qualquer mulher, a sua comparação como equivalente (por exemplo, comparar a existência de uma mente plena, com uma entidade orgânica desprovida de actividade cerebral). Mas então qual é a razão por detrás desta enorme contradição? Bom, apenas temos duas hipóteses: A primeira hipótese é que de facto os defensores do “Não” não fazem equivaler a vida humana associada a um feto (mesmo que em elevado nível de desenvolvimento, como nos casos de opção médica) à vida de um ser humano “de carne e osso”. Nesse caso, estão a um pequeno passo de compreender o ponto (1) em cima. Também estão numa posição difícil para, racionalmente, poderem realmente votar “Não”. A segunda hipótese é que na realidade não existe contradição. Antes, os defensores do “Não” acreditam mesmo que, por exemplo, nem em caso de violação ou de risco para a vida da mulher grávida, se possa efectuar uma IVG. Acreditam mesmo nisso e não o dizem abertamente. E não o fazem pois sabem que numa sociedade moderna e livre, como aquela que queremos que seja a nossa, essa posição seria vista como simplesmente inaceitável (além de não conseguir angariar muitos votos). Mais uma vez, em abono absoluto do rigor, uma posição ser completamente contraditória não nos leva a assumir imediatamente a posição contrária. Mas sem dúvida não nos pode levar a apoiá-la, pelo menos não de forma racional.

Vemos assim que o argumento relativo à suposta protecção da vida humana na realidade não possui qualquer base racional. A vida humana tem muitas e vastas expressões, e a sua defesa como valor absoluto não faz qualquer sentido. A distinção, como veremos no seguimento, está precisamente ligada à existência de actividade cerebral superior, ou não. Que esta é a distinção fundamental a ter em conta, já nos é indicado pelo caso da declaração de morte cerebral ser a declaração importante para decretar a morte, e não, por exemplo, a morte das células cardíacas (pois nem sempre a morte destas últimas células conduz à morte cerebral). Mais ainda, uma posição de defesa absoluta da vida humana, em todas as suas muitas e vastas expressões, leva-nos a profundas contradições e a todo um alterar do nosso modo de vida.

[continua]

1 de Fevereiro, 2007 Carlos Esperança

Bíblia para Crianças é um sucesso

A Bíblia para Crianças – Deus Fala aos Seus Filhos é uma recolha essencial dos Textos Bíblicos, realizada pela teóloga alemã Eleonore Beck, que recebeu em 2004 uma condecoração da Santa Sé por este trabalho.

O problema não é Deus falar aos seus filhos (que os não tem), é evangelizar os filhos dos outros. As crianças são susceptíveis e facilmente influenciáveis. Podem fanatizar-se e ser levadas a cometer crimes. Os mártires do Islão e os da Igreja católica são inocentes vítimas de algozes semelhantes.

Não consta que Deus tenha filhos. Não há certidão de casamento nem vizinhos que atestem uma união de facto. Só se conhecem padres que semeiam na inocência das crianças a erva daninha da fé e o delírio místico.

A Bíblia para crianças, sendo a recolha de textos bíblicos, não é leitura recomendável para adultos e, muito menos, para crianças. Serve para atormentar as noites infantis e povoá-las de terrores do Inferno e castigos divinos.

Deus é o único ser filho de pais comprovadamente incógnitos e a síntese do que de pior os homens foram capazes nos piores tempos da humanidade.

O sucesso da Bíblia para crianças é uma ameaça ao desenvolvimento são e equilibrado da infância. Aliás, a condecoração da Santa Sé, pelo trabalho, é motivo de desconfiança.
O proselitismo em crianças é uma degeneração da pedofilia. Não é violência sexual mas é violência ideológica, doutrinação e constrangimento social sobre crianças.

1 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

Debate no Sábado, dia 3 de Fevereiro

Estarei presente no dia 3 de Fevereiro, às 16 horas, num debate sobre a despenalização da IVG, em representação do movimento «Eu Voto Sim!».

Local: Igreja do Nazareno, Avenida Óscar MonteiroTorres, 44-A/B (Lisboa, junto ao Campo Pequeno).

1 de Fevereiro, 2007 Palmira Silva

Os talibans do NÃO

Os Frente a Frente na TSF de hoje e ontem, entre Fernanda Câncio e Laurinda Alves e o cavaleiro da pérola redonda JC das Neves e Daniel Oliveira. Arrasadores!

Espero que finalmente alguns indecisos percebam o que está em causa neste referendo! A talibanização de Portugal. Uma regressão civilizacional para uma situação semelhante à do Chile, Malta, El Salvador ou Nicarágua. Basta ouvir o porta-voz dos pró-prisão para perceber que de facto se porventura o NÃO ganhar não se contentarão com tão pouco.

Uma amostra:

«Nós somos contra a lei de 84.»
«Uma mulher violada não deve ser obrigada a educar aquele filho. Mas matar aquela criança só porque a sua origem não é a desejada não é uma coisa aceitável. A adopção é a solução razoável.»
«Eu nunca ouvi ninguém dizer ‘nós somos a favor desta lei’»
«Esta atitude laxista relativamente ao aborto vai dar uma volta. Nós daqui a uns tempos vamos discutir de novo a lei de 84».

João César das Neves, mandatário do Movimento Diz que Não, TSF, 31 de Janeiro

1 de Fevereiro, 2007 Palmira Silva

Campanha Terrorista da Igreja Católica

«Mãe, como foste capaz de me matar?» e «Como consentiste que me cortassem aos bocados, me atirassem para um balde? (…) Por acaso pensavas comprar uma máquina de lavar ou um aspirador, com os gastos que talvez eu te iria causar?», são algumas das frases que se podem ler neste texto intitulado «Carta à minha Mãe».

Questionado pelo PortugalDiário, o responsável pelo colégio Aquário, o padre Manuel Vieira do Centro Paroquial Nossa Senhora da Anunciada, afirmou que «as circulares chegaram até à paróquia» e foram «distribuídas pelos colégios e pelas crianças». Para o padre Vieira, não há dúvidas que «a obrigação da Igreja é informar» e é esse o único intuito dos folhetos, garante.

Todos os detalhes da história tenebrosa dos folhetos distribuídos a crianças em infantários a cargo da Igreja Católica em Setúbal no Portugal Diário!