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Blasfémia: a cara de Maomé

A divulgação de caricaturas de Maomé por dois jornais escandinavos está a causar uma polémica internacional considerável. Tudo começou no dia 30 de Setembro, quando o jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou doze cartunes figurando Maomé em diversas situações. A justificação apresentada foi que alguns artistas dinamarqueses dizem sentir cada vez mais pressões para não ofender o Islão. Efectivamente, nessa religião qualquer representação pictográfica de Maomé é considerada uma blasfémia.

No início da polémica, em Outubro, o Primeiro Ministro dinamarquês recusou receber os embaixadores de onze países muçulmanos que exigiam um pedido de desculpas. Seguiram-se protestos dos muçulmanos residentes na Dinamarca, que tentaram nos tribunais que o jornal dinamarquês fosse condenado. Após a decisão negativa (a 7 de Janeiro) de um tribunal local, que reconheceu não haver legislação aplicável, os muçulmanos dinamarqueses anunciaram que apelariam para o comissário europeu dos Direitos Humanos. Entretanto, a Universidade Al-Azhar do Cairo (a maior autoridade académica no mundo sunita) já anunciara que levaria a questão à ONU.

No dia 10 de Janeiro, o jornal cristão norueguês Magazinet republicou as caricaturas de Maomé. Perante a cada vez maior internacionalização da polémica, a Arábia Saudita chamou o seu embaixador na Dinamarca no dia 26 de Janeiro, a Líbia fechou a a sua embaixada em Copenhaga no dia 29 de Janeiro e o parlamento do Iémen votou uma resolução condenando a publicação dos cartunes. Evidentemente, há também diversos apelos ao boicote comercial de produtos dinamarqueses.

A minha opinião pessoal é que os cartunes não são ofensivos, particularmente se comparados com as caricaturas que circulam mostrando políticos mundiais, Papas ou o Jesus dos cristãos. Os leitores poderão ver e julgar por si próprios.

Como sabemos, muitos religiosos são puritanos e totalitários. Puritanos porque se horrorizam com o facto de alguém, algures, se divertir de uma forma com que eles não concordam. E totalitários porque querem impedir que toda a gente, seja quem for e esteja onde estiver, faça algo que lhes desagrade. Os muçulmanos, como os católicos ou outros, deveriam compreender que a verdadeira falta de respeito é impor os seus tabus e fobias a todos.