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Os mercenários de deus

Os tempos mudam mas há atitudes que permanecem congeladas no tempo. Se no passado a conversão se fazia pela espada, com o apoio dos exércitos coloniais e do poder central, hoje as sensibilidades modernas não permitem (em geral) um uso tão flagrante da força. Em resposta a estas mudanças os pregadores também mudaram de tácticas.

Hoje em dia não se mandam missionários acompanhados por um destacamento militar para ajudar “os selvagens”. Hoje constroem-se equipas de apoio “humanitário” e parte-se para uma qualquer zona problemática do globo. Não importa se é um tsunami ou um terramoto, o fundamental é que haja desespero. Uma vez aí chegados aproveita-se da fragilidade das pessoas que perderam bens materiais, família e amigos e prega-se a divindade de Jesus, a Santíssima trindade e tudo o resto que é essencial para alguém que só quer reconstruir a sua vida em paz. Como abutres que são estes missionários seguem o rasto de morte e miséria e espalham a glória de deus.

Alguns destes servos do senhor, são tão zelosos do seu dever que não contentes com a completa falta de ética descrita atrás recorrem a meios ainda mais directos: a chantagem. Sem conversão não há apoio para ninguém.

A falta de conduta ética de certas organizações religiosas, regra geral cristãs, é chocante. O seu uso da catástrofe para promover o avanço da sua fé no exterior é algo de grotesco (quase tão aberrante como o uso que fazem da miséria material e indigência intelectual para se promoverem nos seus países de origem). A coberto da ajuda internacional humanitária movem um sinistro movimento de evangelização. O serviço a deus por vezes fala mais alto que qualquer valor ético.