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Fanatismos e Religião

Etimologicamente, fanatismo vem do latim fanaticus, quer dizer o que pertence a um templo, fanum.O fanático é um servo perante o seu soberano, que pode ser um deus, um líder religioso, uma crença ou uma fé cega. O fanatismo tem na sua base um intrincado sistema de crenças absolutas e irracionais cujo objectivo é servir uma luta contra o Mal. Para o fanático religioso, não basta adorar um Deus: é necessário ser soldado dele na terra, lutar pela causa superior, pregar, exorcizar, forçar os infiéis ou divergentes à conversão absoluta. O fanático está sempre disposto a dar provas do quanto a sua causa suprema vale mais do que a vida. Ele mata por uma ideia e está disposto a morrer por ela.

Todas as religiões têm a sua quota de fanáticos. As Cruzadas e a Inquisição foram manifestações deste pensamento irracional e persecutório. Actualmente, a sociedade depara-se com o aparecimento de um sem número de seitas – Jin Jones (Templo do Povo), Asahara (Verdade suprema), David Koresh (Ramo davidiano), Jo Dimambro (Templo Solar) -, que, às vezes, fazem notícia com uma qualquer tragédia colectiva, e com o problema do radicalismo islâmico.

O problema daquela religião não está no crente minimamente educado e tolerante que relativiza os ensinamentos do seu livro sagrado ou orientador espiritual. O problema está, isso sim, no conjunto relativamente grande de indivíduos ignorantes, não necessariamente incultos, que pretendem impor os seus valores a toda a humanidade recorrendo, sem qualquer tipo de ética, a expedientes bélicos. Estes sujeitos matam-se e matam em nome da sua interpretação daquelas crenças, que pode ser ou não a geralmente aceite, mas isso torna a carnificina menos ligada à religião.

É por potenciar estes comportamentos que a religião deve ser sempre encarada de forma crítica por todos.