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5 de Agosto, 2018 Carlos Esperança

Traquinices sexuais do padre Humberto Gama

O padre católico Humberto Gama não tem uma pós-graduação em exorcismos, mas tem uma experiência que rivaliza com a do padre OD, Sousa Lara, que enjeitou um lugar no conselho de administração de uma empresa pública, que o pai lhe ofereceu (há pessoas que podem dar aos filhos um lugar de administrador), para se dedicar ao sacerdócio.

O p.e Humberto nasceu pobre em Trás-os-Montes, e fez o longo caminho do seminário para se habilitar a transubstanciar a sagrada partícula, a perdoar os pecados alheios, sem abdicar dos próprios, e purificar crentes infetados por demónios, tornando-se experiente profissional dessa atividade exotérica, cujo alvará era inerente ao sacramento da ordem.

De 1965 a 1972 exerceu funções designadas pelos bispos, mas os seus excessos lascivos levaram-no a que dos paços episcopais não tivesse mais solicitações e passou a atuar por conta própria, sobretudo no ramo dos exorcismos, com vestes talares e cabeção romano, em consultórios onde atendia a clientela, tendo feito exorcismos, em direto, na TVI.

No fim da década de 90 foi expulso pela Igreja católica, por dar mau nome à instituição, mas não perdeu o jeito e a competência para expulsar espíritos malignos, às vezes por reentrâncias que enfureceram maridos e motivaram queixas. Defendeu-se, alegando que os demónios muito grandes, têm de sair por algum lado, mas arriscou a sua integridade física e em 2011, ano em que a expulsão foi confirmada pelo Vaticano, o vigário-geral da diocese de Leiria/Fátima, Jorge Guarda, advertia os crentes que Humberto Gama não tinha legitimidade “para as atividades religiosas ou de exorcismo” e até lhe negava o direito a divulgar a foto com o papa João Paulo II, sendo tão verdadeira como as selfies do PR Marcelo.

No dia 1 deste mês, uma devota queixou-se à PJ de ter sido violada pelo padre, depois de ter receber tratamento hospitalar, o que, aos 79 anos, depois de reiteradas queixas ao longo dos anos, o levou a ser detido, encontrando-se em liberdade.

O padre, que foi candidato à câmara de Mirandela, pelo PS, contra o irmão, que ganhou pelo PSD, e concorreu a Murça pelo CDS, é o mais conhecido exorcista do País.

Estando a última averiguação em segredo de justiça, e ignorando o alegado crime, em concreto, não me pronuncio sobre as traquinices sexuais  de longa data. O que me surpreende é a acusação de burla pelos honorários que cobra.

Gostava de ver um acórdão a negar a validade dos exorcismos, inerentes à profissão de padre, tendo como instrumentos a cruz, hóstias, água benta e os Evangelhos, utensílios que o padre Humberto Gama maneja há 53 anos.

Quer-me parecer que ainda vão incomodar o padre Sousa Lara e negar dois milénios de terapêutica pia, quando a Ordem dos Médicos se mantém em silêncio sobre os milagres e não deixa passar sem reparo o exercício ilegal da medicina.

4 de Agosto, 2018 Luís Grave Rodrigues

Pena de morte

O Papa Francisco anunciou que vai alterar o Catecismo da Igreja Católica, de forma a que este deixe de permitir a pena de morte.

Ou seja, finalmente, os católicos vão ser, a partir de agora, contra a pena de morte.
Ou seja, até agora (e durante quase dois mil anos) os católicos sempre foram institucionalmente, isto é, de forma doutrinal e, também filosoficamente, favoráveis à pena de morte.
Pelo menos até agora, quando, pelos vistos, os mandaram ser outra coisa.
– É como quem diz: “estes são os meus princípios; mas se não gostarem destes, eu tenho outros”…

30 de Julho, 2018 Carlos Esperança

O fim dos partidos políticos

No dia de hoje, em 30 de julho de 1930, o comparsa do cardeal Cerejeira criou a União Nacional, partido único, e ilegalizou todos os restantes partidos e associações políticas.

A ditadura salazarista foi um regime clerical-fascista.

 

30 de Julho, 2018 Carlos Esperança

O criacionismo é uma crença perigosa

Há quem confunda convicções e crenças e ignore que quem possui convicções fortes se mantém aberto ao contraditório, e quem perfilha crenças enjeita o que as possa abalar.

As crenças não exigem reflexão, basta-lhes a tradição e o ritual. As convicções obrigam à ponderação e à firme vigilância da realidade, que muda com os avanços da ciência.

Não há convicções que resistam aos factos ou que não sejam abaladas pela ciência, e as crenças resistem às evidências e recusam mudanças. A crença é a certeza sem provas, a obstinação que, perante a realidade que a contraria, lamenta que a realidade se engane.

O criacionismo é uma dessas crenças perfilhadas por quem pensa que a Idade do Bronze produziu verdades imutáveis transmitidas por um deus criado pelas comunidades tribais, dessa época, à imagem e semelhança dos seus patriarcas.

As pessoas de convicções firmes propõem as opiniões pela persuasão, as que perfilham crenças impõem-nas pela força. As primeiras são didáticas, as segundas são fanáticas. Umas sugerem, e veem adversários em quem diverge; outras recitam, e veem inimigos em quem discorda; num caso, há divergências; no outro, heresias.

As crenças conduzem ao proselitismo e são veículos de verdades únicas e imutáveis. As convicções são sugestões a debater, e suscetíveis de reavaliação.

As convicções baseiam-se na ciência e exigem método e objeto; as crenças prescindem do contraditório e não o toleram, dispensam o método, e o objetivo é a perpetuação.

Hoje vivemos num mundo que se deve à ciência, e que arrisca a sobrevivência por causa das crenças.

Pensar é mais difícil do que acreditar.

28 de Julho, 2018 Vítor Julião

O argumento do Lego

 

Tu podes fazer milhares de coisas diferentes com peças de Lego. Por exemplo, podes pegar em 300 peças de Lego e montá-las cuidadosamente de modo a construires um brinquedo no formato dum veículo pesado de bombeiros. Quando estiver pronto, terás um veículo de bombeiros na forma de brinquedo.

Pegas nesse carrinho de bombeiros e desmontas todas as peças. O que tens agora? Tens uma pilha de peças de Lego espalhadas, mas não tens um carrinho de bombeiros de brincadeira..

Tu podes fazer milhares de coisas diferentes a partir de moléculas orgânicas. Por exemplo, pegas em 300 triliões ou mais de moléculas orgânicas e cuidadosamente (com muito cuidado) monta-as como um rato, uma árvore ou um ser humano. Quando terminares, terás um rato, uma árvore ou um ser humano.

Pega nesse ser humano e retira todas as moléculas. O que tens agora? Tens uma lama confusa de moléculas orgânicas, mas não tens um ser humano. Tudo isto parece bastante óbvio, mas milhares de milhões de pessoas discordam totalmente.

Eles afirmam com segurança que, quando a desmontagem estiver totalmente concluída, alguma parte do ser humano permanecerá intacta e funcionando. Mas não pode ser visto. E não tem massa, não é feito de moléculas ou fótons ou de quaisquer outras forças conhecidas. De fato, não pode ser detectado de nenhuma maneira. Nós temos uma definição quotidiana para tal coisa – nós a chamamos de “absolutamente nada”.

Ainda mais extraordinário, eles insistem que estes exemplos de “absolutamente nada” podem sentir o mundo, têm a memórias, emoções e a personalidade do tal ser humano desmontado e ser capaz de desfrutar de relacionamentos com outros exemplos de “absolutamente nada”. E eles têm a certeza de que essas entidades quiméricas existirão para sempre – até mesmo para além da morte do calor do universo!

É uma afirmação e tanto. Não pode ser testada e não temos como mostrar que é verdade (ou sequer como possivelmente verdadeira). As pessoas que acreditam nisso, fazem-no porque é uma tradição, ou porque eles têm um livro antigo que afirma que é verdade, ou talvez eles acreditem porque gostam dessa ideia. Mas nenhuma dessas coisas são razões para concluir que a ideia é verdadeira.

É provavelmente justo dizer que esta é a ilusão mais duradoura e mais difundida da humanidade, mas felizmente, nem todos acreditam nisso. Para começar, eu não acredito. E tu também não deverias acreditar.

Traduzido e adaptado de Bill Flavell

28 de Julho, 2018 Carlos Esperança

Milagres

O Canard Enchainé desta semana conta a história de um libanês emigrado na Roménia que não conseguia ter filhos e que depois de ter feito uma peregrinação ao tumulo de S. Charbel (um eremita e asceta maronita que o Vaticano santificou em 1977 e erigiu em patrono do Libano), encontrou a mulher grávida quando regressou a casa.

Pois vejam que uns incréus se atreveram a publicar no Facebook o seu cepticismo sobre a intervenção do santo, perguntando um ao crédulo progenitor se a criança se parecia com ele e atrevendo-se outra a comentar que talvez se parecesse mais com S. Charbel.

O jornal, que refere como fonte uma notícia do Le Monde do dia 24, dá igualmente conta da campanha de ódio que foi desencadeada contra os dois sacrílegos, que foram alvo de ameaças fisicas e foram mesmo detidos pela polícia que exigiu que retirassem os comentários do Facebook como condição da sua libertação.

Estes infiéis ateus não têm respeito por nada, conclui ironicamente o Canard.

a) CAASF