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3 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

A «Canção Nova» vai ser codificada

Fui informado de que o piedoso canal «Canção Nova», uma estação de devoção católica com sotaque brasileiro, vai ser alvo de codificação a partir de Outubro próximo. É uma injustiça para as pessoas que exultam com a missa, se comovem com a palavra de Jesus e se divertem com as orações. Após as férias, quem quiser uma dose suplementar de religião ao domicílio, paga-a.

Já tinha acontecido o mesmo ao célebre canal 18, de nada valendo as reclamações dos telespectadores. Esperemos que, desta vez, não haja protestos, para evitar decepções.

Apostila – Estou certo de que os ateus, pelo seu espírito de tolerância, nunca se queixaram dos conteúdos fraudulentos da «Canção Nova» nem da influência eventualmente deletéria nas crianças.

3 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

A ICAR e o aborto

O secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da ICAR ameaça promover no próximo mês de Setembro uma Jornadas de reflexão sobre o tema «Dignidade da Vida Humana: Uma visão Global», eufemismo com que disfarça a campanha contra a despenalização do aborto.

Esta ofensiva vem na sequência da Nota Pastoral publicada em Março pela Conferência Episcopal Portuguesa e insere-se na luta ressabiada contra a lei civil que descriminalize o aborto, um tema recorrente dos celibatários que gerem os negócios da ICAR.

A lei vigente persegue as mulheres, devassa-lhes a intimidade, põe-lhes em risco a vida e a liberdade, mas a ICAR desenvolve uma agressiva operação de intimidação e chantagem para manter a iniquidade. Nem os casos vergonhosos dos julgamentos da Maia, Aveiro e Setúbal aquietaram o exército de sotainas, que não desiste de impor os seus preconceitos a toda a clientela e à sociedade em geral.

«Promover a vida é, para a Igreja, uma missão», esclarece a Nota Pastoral, sem explicar a contradição com a promoção da castidade.

Quanto à procuração divina, de que a ICAR se reclama, nunca exibiu o documento comprovativo.

2 de Agosto, 2004 André Esteves

Problemas genéticos no dogma mormon

Um dos dogmas base do livro dos Mormons, é de que as tribos que ocupavam a América do Norte eram descendentes das tribos hebraicas. Deus ter-lhes-ia dado aquela terra. Mais tarde até Cristo ressuscitado os teria visitado.

Claro que a análise textual demonstra que Joseph Smith teria simplesmente utilizado a versão inglesa da King James Bible, e não obtido qualquer inspiração divina para «traduzir» as tábuas de ouro com o texto original. Uma análise textual é sempre uma análise subjectiva e claro que os obrigatórios comentários das maravilhas da fé e do poder do espírito santo, contrariamente aos espíritos malignos e conspiradores dos académicos envolvidos foram reclamados pelos anciões de Salt Lake City.

O problema é que o livro dos mormons faz afirmações objectivas. E a suposta ascendência hebraica das tribos índias da América do Norte é taxativa no livro dos mormons.

Ora, se a fé dos santos dos últimos dias fosse verdadeira, os genes dos índios deveriam indicar a sua clara ligação à tribo de Israel.

Utilizando certas partes do genoma humano, ligadas às características étnicas podemos seguir as ligações de indivíduos a um grupo e das relações entre os grupos de populações. Por exemplo, os tipos de sangue predominantes, os elementos identificativos na superfície das células do nosso corpo perante o sistema imunitário, etc. Analisando a taxa de mutações nessas áreas do genoma podemos reconstruir o passado genético das populações.

Ora pelo estudo genómico, os índios americanos descendem da população asiática original. Algures no seu passado genético, tiveram antepassados que resolveram atravessar o estreito de Bering, a seu custo, em vez de judeus perdidos depositados numa terra prometida, pelas mãos do deus de Israel.

Claro que o Mormonismo não desaparecerá. Qualquer grupo têm a sua inércia reprodutiva e social interna. Os livros de Mormon serão reinterpretados. A interpretação literal desaparecerá.

Onde é que já vimos isto?

Será que os seres humanos não aprendem nunca?

2 de Agosto, 2004 André Esteves

Um Santo Truca-Truca

Um cena bizarra brindou os transeuntes do aeroporto internacional do Malawi.

Uma carrinha, com estores baixados, estacionada no parque de estacionamento do aeroporto parecia ter vida própria, abanando e oscilando como que possuída por um espírito maligno.

Chamada a polícia, esta procedeu à averiguação da situação.

Tossindo e batendo na carrinha, o agente da autoridade pediu aos ocupantes da viatura que se identificassem. Obedientes, os ocupantes identificaram-se enquanto vestiam os seus hábitos…

Um padre e uma freira no santo truca-truca.

O caso foi a tribunal por indecência na via pública. Os arguidos foram condenados a 6 meses de prisão com trabalhos forçados, mas com a sentença comutada por terem mostrado arrependimento…

A freira afirmou, publicamente, que tinha tido um lapso de mau julgamento. O padre afirmou que reconhecia ter caído na tentação do demónio.

Porque é que os machos atiram sempre as culpas para os outros?

A notícia do fait divers [Em inglês]

2 de Agosto, 2004 Mariana de Oliveira

Meia década a servir ateus

Em comemoração de meia década de funcionamento, o Ateísmo.net, aderiu às tendências e fez uma plástica. Para além do novo visual, os leitores poderão contibuir com as suas notícias e críticas literárias.

Espero que gostem!

1 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

Violência religiosa no Iraque

Pela primeira vez, após a invasão dos EUA, verificou-se neste primeiro domingo de Agosto uma onda de ataques a templos cristãos.

Carros armadilhados explodiram junto de igrejas católicas de Bagdade e Mossul, durante os actos de culto, produzindo pelo menos 14 mortos e vários feridos.

Os crimes perpetrados por bandos de fanáticos muçulmanos merecem o maior repúdio e a mais firme das condenações.

Os ateus, ao manifestarem a sua indignação pelos assassínios, solidarizam-se com as vítimas indefesas que praticavam a sua religião, um direito que as tropas ocupantes tinham obrigação de garantir.

O ateísmo não compreende o ódio que os fanáticos de um deus desenvolvem pelos crentes de um deus concorrente e exigem que o direito de praticar qualquer culto e o de não praticar, sejam defendidas pelo Estado na mais absoluta neutralidade perante a concorrência religiosa.

A ICAR, apesar da benevolência com que tradicionalmente encara as atrocidades perpetradas por católicos contra crentes de outras religiões reagiu com a firmeza que a caracteriza quando as vítimas são católicas.

“É terrível e preocupante porque é a primeira vez que igrejas católicas estão a ser atingidas no Iraque (…) parece estar a haver uma tentativa de intensificar as tensões procurando afectar todos os grupos sociais, incluindo igrejas” – declarou o porta-voz do Vaticano, segundo a SIC online.

A religião é uma epidemia que produz numerosas mortes e profundo sofrimento.

1 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

Mais um milagre nacional

Com grande celeridade, capaz de fazer inveja ao sistema judicial português, seguiu para o Tribunal eclesiástico o milagre que a diocese de Leiria e o Vaticano tinham combinado para elevar a santos os pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta.

O milagre com que se iniciaram no ramo, e que lhes valeu a beatificação, foi obrado na pessoa da D. Emília dos Santos, uma entrevada que começou a andar depois de lhes meter uma cunha com uma oração. Que isto foi verdade confirmaram-no três médicos de Leiria – o Dr. Felizardo Prezado dos Santos, a esposa e a filha de ambos. Como é que o Vaticano podia duvidar de três médicos tão devotos? A D. Emília morreu pouco depois, completamente curada.

Agora os pastorinhos mudaram de ramo. Viraram-se para a área da endocrinologia e curaram um rapaz de quatro anos, filho de pais portugueses emigrados na Suíça, o que torna o milagre ainda mais difícil por ser feito para o estrangeiro, com a dificuldade suplementar de a Suíça não pertencer à comunidade europeia. A criança curou-se de uma doença incurável – diabetes mellitus I.

O padre Kondor, um húngaro naturalizado português, entusiasta de Fátima e promotor dos milagres, explicou que os pais já tinham tentado o milagre junto à campa dos pastorinhos, mas que essa tentativa falhou. Finalmente, quando o Papa beatificou os videntes, «a mãe estava em casa, na Suiça, com a criança em frente da televisão que transmitia em directo a cerimónia de Fátima e pediu de novo».

D. Serafim, responsável pelo bazar dos milagres de Fátima, afirma-se disponível para constituir o tribunal eclesiástico para julgar o processo. O povo português reza para que o bispo da diocese onde reside o menino miraculado não estrague o milagre. O padre Kondor diz que ignora a posição desse bispo, para estimular a ansiedade entre os crentes.

Apostila – A Irmã Lúcia está impedida de patrocinar o milagre por se encontrar viva.

1 de Agosto, 2004 Mariana de Oliveira

JP2, o anti-feminista e anti-homossexual

O papa criticou, ontem, numa carta enviada aos bispos da ICAR, intitulada Carta aos bispos da Igreja Católica sobre a colaboração de homens e mulheres na Igreja e no mundo, o feminismo radical, a luta entre os sexos e a defesa da homossexualidade.

João Paulo II (JP2)começa por criticar «a tendência para sublinhar fortemente a condição de subordinação da mulher, com vista a suscitar uma atitude de contestação», manifestada por alguns grupos norte-americanos que pretendem justificar novas formas de sexualidade. A consequência disto é a seguinte: «a mulher, para ser ela própria, porta-se como rival do homem. Aos abusos do poder, responde com uma estratégia de busca do poder e esse processo conduz a uma rivalidade entre os sexos».

O papa também censura uma outra consequência do feminismo exacerbado: «a ideia de que a libertação da mulher implica uma crítica às Sagradas Escrituras, que veiculariam uma concepção patriarcal de Deus, vista como uma cultura essencialmente machista».

Mantendo a tendência da ICAR dos últimos tempos, JP2 afirma que «isso tem inspirado ideologias que promovem o questionamento da família, por natureza biparental e composta de uma mãe e um pai, colocando num mesmo plano a homossexualidade e heterossexualidade».

No entanto, este documento centra o seu ataque no movimento feminista radical americano liderado por Judith Butler. A carta foi elaborada pela Congregação para a Doutrina da Fé, sucessora do Tribunal do Santo Ofício e chefiada pelo cardeal Joseph Ratzinger, cuja actividade principal é condenar e bloquear qualquer ideia ou teoria que contradiga o Vaticano.

Para lutar contra os movimentos que promovem a luta dos sexos, o papa reitera a necessidade da «presença das mulheres no mundo do trabalho e nas instância da sociedade».

«É necessário que as mulheres tenham acesso a postos de responsabilidade que lhes dêem a possibilidade de inspirarem os políticos e de promoverem soluções novas para os problemas económicos e sociais», refere ainda JP2 no texto.

1 de Agosto, 2004 jvasco

Entrevista recente a Dawkins

Num inquérito de uma revista britânica sobre os “100 maiores intelectuais”, Dawkins, biolólogo de referência e ateu incontornável, atingiu recentemente o topo. Em si a notícia não tem grande interesse: estas classificações de “100 maiores intelectuais” (tal como outras do género) estão mais relacionadas com a projecção mediática do que com o trabalho desenvolvido.

O que há de interessante nesta notícia, é que a BBC aproveitou para fazer, a propósito, mais uma entrevista a Dawkins. Tal como os restantes textos dele, vale a pena ler esta entrevista.