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30 de Agosto, 2004 André Esteves

O bem mais precioso de um homem livre

Para um crente fechado no seu mundo de Deuses e Demónios, os pecados, as proibições, as obrigações (até o amor se transforma numa obrigação!), as necessidades que lhe foram impostas ou induzidas, são as fronteiras de um mundo que o prendem à sua crença.

Sabem qual é o bem mais precioso de um homem livre?

Os seus erros.

Porque ele é livre para aprender com eles.

30 de Agosto, 2004 Palmira Silva

Ética, livre arbítrio e pecado original

Tenho eu a inconsciência profunda de todas as coisas naturais,

Pois, por mais consciência que tenha, tudo é inconsciência,

Salvo o ter criado tudo, e o ter criado tudo ainda é inconsciência,

Porque é preciso existir para se criar tudo,

E existir é ser inconsciente, porque existir é ser possível haver ser,

E ser possível haver ser é maior que todos os deuses


Fernando Pessoa

Deve-se a Dario Hystapis, um dos grandes reis aqueménidas (538-330 a.C.), um fenómeno que perdura até ao século XXI, a atribuição ao governante da defesa do Bem e da Verdade, projectando sobre seus adversários, quaisquer que sejam, a pecha de serem os defensores da mentira e do mal. Integrado na civilização ocidental, constitui, de facto, a essência da Ideologia, essa «religião civil» da nossa época ou meme comum aos vários memeplexos políticos actuais.

O origem dessa dicotomia ética aplicada à política encontra-se no dualismo original da religião persa, codificada por Zarathushtra ou Zoroastro, em que Ormudz ou Ahura Mazda é o detentor da bondade e veracidade, em oposição a Arihman, o «grande satã», deus do mal e da mentira.

Continuada por Mani ou Manes (séc. III), que criou uma religião que pretendia ser ecuménica, o maniqueísmo, em que são integrados elementos do hinduismo, zoroastrismo e cristianismo. O maniqueísmo é fundamentalmente uma versão de gnosticismo, para o qual a salvação depende do conhecimento (gnose) da verdade espiritual. Como todas as formas de gnosticismo, prega que a vida terrena é dolorosa e inevitavelmente perversa. Essencialmente para o maniqueísmo há uma eterna guerra entre dois princípios primários que seriam o Bem e o Mal. E, como o artigo da Mariana demonstra, bases maniqueístas permeiam ainda hoje a ética da ICAR.

Na realidade, a maior parte dos sistemas éticos absolutos associados às religiões do livro está baseada numa dualidade simplística de recompensa e castigo, céu e inferno, em que as religiões reveladas e seus legítimos representantes são os árbitros finais da verdade. Decidindo quem são os bons e quem são os maus. Mas que levanta a questão: se Deus é omnipotente e todos os restantes omni, qual a origem do mal? Para ver como a ICAR resolveu a aparente contradição dogmática nada melhor que as palavras do grande teólogo do cristianismo, Agostinho de Hipona.

«Peço que me digas se Deus não é o autor do Mal.»

Assim é aberto por Evódio o diálogo «O Livre Arbítrio», evidenciando que a suspeita de que o Mal possa ser atribuído a Deus era algo comum à época, e especialmente desafiador para alguém, como Agostinho, que fora um maniqueísta. Se, para o Cristianismo, existe apenas uma entidade suprema e eterna, Deus, e se dele tudo provem, também seria ele a fonte do Mal. Para responder a essas interrogações Agostinho elabora este diálogo.

Sugere ser o livre arbítrio a origem do Mal, uma fardo incómodo que só pode ser alijado por sujeição à vontade divina, expressa nas regras reveladas e respectiva interpretação por quem representa o Bem na Terra . Pode-se notar também uma correlação com a doutrina socrática de que a ignorância é a raiz do Mal, uma vez que o mal decorreria da falta de instrução. Para Agostinho a ignorância de Deus e da vontade divina resultam necessariamente no Mal devido ao pecado original (de notar a obsessão de Agostinho, pelas razões que apontei num post anterior, pela lascívia, um pecado especialmente abominável).

«Homens maldizentes rosnam entre si, pecando e acusando a todos menos a si mesmos, a seguinte questão: Se foram Adão e Eva que pecaram, porquê nós, que nada fizemos, nascemos com a cegueira da Ignorância e os tormentos da Penosidade?

– Basta responder que existem aqueles que vencem a lascívia. Uma vez que Deus está em toda a parte, a ninguém foi tirada a capacidade de saber e indagar vantajosamente o que desvantajosamente se ignora.

– Aquilo que se pratica por ignorância ou por fraqueza, denominam-se pecados porque retiram sua origem do Pecado Original.
» [Capítulo XIX -A Negligência é culpável]

Assim, uma característica da doutrina cristã é negar a capacidade intrínseca humana para agir bem sem intervenção da divindade. Ou como afirma Feuerbach, em «A Origem do Cristianismo», é uma projecção de todas as boas qualidades humanas no exterior, no Deus do Cristianismo, deixando ao homem apenas o reprovável. Tema que será retomado num próximo post já que a negação do comportamente ético, da existência de uma moral fora da religião, é frequentemente utilizado como arma de arremesso contra os ateus. Porque temos quasi dois milénios de condicionamento social e alguns dogmas religiosos foram secularizados, este quiçá o mais pernicioso, urge efectivar a separação Moral-Religião!

30 de Agosto, 2004 André Esteves

Ataque na maratona de Atenas

Ontem, durante a maratona masculina um individuo, com uma farda estranha, atacou o líder da corrida, o brasileiro Vanderlei de Lima. O indivíduo em questão é um ex-padre católico que procurou desta forma, obter publicidade para o fim do mundo, como se pode ler no cartaz que ele mostra na imagem. O atleta brasileiro acabou em terceiro. Já depois de passada a meta, acabou por se benzer e agradecer a Deus por ter terminado a corrida.

Continua toda a gente a correr em modo automático…

Ninguém pára para pensar um bocadinho que seja?

A notícia [Inglês]

Mais pormenores sobre o maluco [Inglês]

29 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

A crença pode tratar-se

Deus quimicamente é um placebo, mas a fé pode transformá-lo em droga dura. Provoca ansiedade, tremores, suores, transe e alucinações. Produz habituação e dependência. Em doses exageradas até exala cheiro – o cheiro a santidade, que se nota em quem descura o banho e exagera nas orações.

Como acontece com as outras drogas, não se combate com a repressão às vítimas, exige uma terapêutica de substituição: raciocínio fáceis, para começar, instrução, algumas dúvidas e erradicação do sentimento de culpa. A pouco e pouco o medo vai minguando, o sentimento de pecado esfuma-se e a cura surge.

A fé tem cura.

29 de Agosto, 2004 André Esteves

Björk, uma ateia até à medula.

No suplemento «Y» de música do Público da passada sexta-feira encontra-se uma entrevista com a artista islandesa Björk Gudmundsdottir, sobre o seu ultimo trabalho publicado, o album Medúlla. Na entrevista encontramos a seguinte passagem:

«O próprio princípio da convicção religiosa é para mim nefasto. Reenvia necessariamente à obrigação, à obediência. Prefiro acreditar na autodeterminação, no sentido em que todo o culto tende a privar o indivíduo das suas faculdades intuitivas mais elementares. A ideia de que um livro escrito há dois mil anos possa servir, ainda hoje, de modo de emprego existencial parece-me estranha, até despropositada. É mais gratificante descobrir as coisas por nós próprios.»

Confesso que passei a gostar ainda mais desta grande senhora.

Que a sua criatividade nos ilumine durante muitos e muitos anos.

Vale a pena ler a entrevista, chama-se: «Morrer por uma canção»

Dá-nos uma pequena imagem de uma artista que não perdeu o humano em si.

Outra entrevista de Björk, no seu site, tem ainda mais reflexões interessantes:

«Acenando com uma bandeira pirata» [Inglês]

28 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

A festa do S. Roque. Crónica piedosa

Ficou-me de criança a impressão de que a ermida do S. Roque, na margem esquerda do Côa, estava alcandorada num monte enorme e que ao sacrifício da subida se deveria a recompensa dos milagres.

Hoje, ao passar no IP 5, sobre a ponte rodoviária, surpreende-me lá em baixo uma capela exígua abandonada num pequeno cabeço, com a vegetação a apropriar-se da área da devoção e dos negócios. Onde está um chaparro negociava burros um cigano, onde a Lurdes começava às dez a aviar copos de meio quartilho, para terminar às 3 da tarde com o pipo e a paciência devastados, medram giestas e tojos e o abandono tomou conta do espaço onde estava sediada a feira e se realizava a festa.

Onde os solípedes e as pessoas alcançavam não sobem ainda os automóveis.

Eu gostei, ainda gosto, de romarias. Mesmo com milagres cada vez mais raros, a acontecerem na razão inversa dos louvores, encontramos sempre caras que atraem afectos e nos devolvem memórias. Às vezes não são quem pensámos, os anos passam, são filhos, mas vale a pena, falam-nos do que nós sabíamos, são da terra que julgámos.

Há mais de cinquenta anos o Rasga foi ao S. Roque com a mulher, ela cheia de fé, ele com muita sede, como sempre, até a cirrose o consumir. A feira e a romaria partilhavam a data e o espaço. Não sei das promessas dela, as mulheres lá tinham contratos com os santos, não era costume explicitá-los, ele tinha as mãos cheias de cravos, coisa de rapaz, julgava que era feitio. A mulher dissera-lhe que havia de ir ao S. Roque, o Maravilhas curou-se, o Ti Velho também, pelas outras aldeias ia a mesma devoção, os resultados eram de monta. O Rasga até tinha pensado no ferrador, não para ferrar o macho, ele queimava os cravos, mas eram grandes as dores, ficavam as mãos com marcas piores que a cara do Medo com as bexigas, e a febre, às vezes, levava a gente. Já se acostumara, não valia a pena ralar-se, o pior era a mulher a azucrinar-lhe os ouvidos, tens de ir ao S. Roque, se trabalhasses em vez de beberes havias de ver o incómodo, eu faço-te companhia, és um herege, uma oração, uma pequena esmola, dois cruzados, um quartinho no máximo, o S. Roque não é interesseiro, vens de lá bom, levas a burra que já mal pega em erva, enjeita os nabos, não temos feno, há-de morrer-nos em casa, além do prejuízo vais ser tu a enterrá-la, podias vendê-la.

E lá foram os três, que a burra também contava, partiram quando a Lurdes e a Purificação já levavam uma légua de avanço, tinham bestas lestas e levantavam-se cedo, era mister que se antecipassem aos homens que quando chegavam logo queriam matar o bicho e os negócios não podiam fazer-se sem haver onde pagar o alboroque. O Rasga, mal chegou, pediu três notas pela burra a um da Parada que lhe ofereceu duas, a mulher do da Parada ainda o puxou, homem para que queres a burra, o rachador do Monte meteu-se logo, isto não é assunto de mulheres, tinham que fazer negócio, tem que tirar alguma coisa, não tiro, dou-lhe mais uma nota de vinte, tiro-lhe essa nota, nem mais um tostão, e o do Monte a dizer racha-se, vários a apoiar, fica por duas notas e meia, o rachador a agarrar-lhes as mãos, estranha união, e a fazer com a sua um corte simbólico, deram as mãos estava feito o negócio, um tirou cinquenta o outro deu mais cinquenta, consumada a liturgia logo assomou meia nota de sinal, faltavam duas que apareceriam quando lhe entregasse o rabeiro, vai uma rodada, paga o vendedor que recebeu o dinheiro, primeiro um copo para o comprador, o rachador a seguir, depois para todas as testemunhas, outra rodada paga o comprador, outra ainda, esta pago eu, diz um da Cerdeira, não quero mais diz o de Pailobo, morra quem se negue, praguejou um da Mesquitela, olha vem ali o Proença da Malta, grande negociante, como está, disseram todos, uma rodada, pago eu, diz o Proença, mas a minha primeiro, exigiu o da Cerdeira com agrado geral, e ali ficaram a seguir os negócios, os foguetes e a festa, e a tirar o chapéu e a agradecer ao Proença quando este foi dar a volta pelo sítio do gado onde já se encontrava o Serafim dos Gagos a disputar-lhe o vivo e a pôr a fasquia aos preços.

Findas a feira e a festa, esta terminou primeiro, um dos padres ainda tinha de levar o viático a um moribundo de Pínzio, o Rasga e a mulher vinham consolados, ela com a missa e a procissão, ele com duas notas e meia no bolso e o buxo cheio de vinho, ela a pensar na vida e ele a cambalear.

Algum tempo depois perguntei ao Rasga o que era feito dos cravos. Ficaram no S. Roque, menino, ficaram no S. Roque.

Publicada em 13-06-2003 – J.F.

28 de Agosto, 2004 Carlos Esperança

Mártires católicos arriscam a vida

Portugal esteve prestes a ser invadido por uma poderosa esquadra pecadora, fortemente armada com mísseis RU-486, que atingem rapidamente o útero grávido de poucas semanas de qualquer mulher que despreze o papa e enjeite a salvação da alma.

Perante o perigo iminente, valeu-nos o pio ministro de Estado, da Defesa e do Mar, fortalecido por muitas hóstias e numerosas missas, que, além do apoio nunca regateado da senhora de Fátima, mandou aprontar uma fragata cuja tripulação se compromete a dar a vida em defesa da moral e dos bons costumes, impedindo a profanação das águas territoriais pelo «Barco do Aborto».

Paulo Portas e Santana Lopes estão de prevenção para enfrentar a invasão. Traquejados em guerras preventivas (táctica experimentada no Iraque, com o êxito que se conhece), puseram a Marinha a perseguir a esquadra invasora, certos da vitória final. Em caso de fracasso, preparam-se para morrer como mártires de Deus, rezando o terço e gritando: «Nossa Senhora de Fátima rogai por nós».

28 de Agosto, 2004 André Esteves

Será o Presidente da República um tarado sexual?

Segundo esta notícia veiculada pelo Expresso e Portugal Diário, o nosso Presidente da República foi impedido de entrar numa piscina pública de uma Vila de Apartamentos no Algarve por um segurança de um sheik árabe.

Segundo o motivo apresentado pelo segurança, o nosso Presidente não podia entrar na zona, porque as princesas sauditas estavam a tomar banho.

Podemos tirar duas conclusões deste acontecimento:

1 – O Presidente da República, é para os Sauditas, no mínimo, um tarado sexual. De outra maneira, não fará sentido que o homem que os portugueses escrutinaram duas vezes, como o mais capaz e honrado de exercer o cargo de Presidente da República, tenha sido impedido de entrar num lugar público. Ao julgarem o presidente Sampaio como um homem de desonra, estão também implicitamente a julgarem como «impuro» o julgamento e escolha de todos os portugueses, e logo a negar a validade dos métodos democráticos da nossa soberania.

2 – O sheik saudita e a sua corte são mais «portugueses» do que o Presidente da República. Segundo a constituição da República Portuguesa, existem certas proibições muito restritas à liberdade de movimento dos portugueses, como no caso de instalações militares e de certas instalações do Estado regulamentadas em lei específica. No entanto, a nossa constituição salienta, particularmente que todos os representantes eleitos da nossa nação, em especial o Presidente da República, como representante máximo do povo português e os deputados, como representantes directos dos eleitores têm a ABSOLUTA liberdade de movimentos para poderem inspeccionar e garantir a ordem e a normalidade das instituições democráticas e do país em geral. Ao facto do Presidente da República ter sido impedido de entrar numa zona pertencente ao território português, que por demais é pública, só podemos concluir que o sheik saudita e o seu séquito se acham mais portugueses do que o resto de Portugal.

Eu só posso pedir ao governo que tome as medidas apropriadas a esta afronta: Chamar o diplomata saudita a Belém e considerar persona non grata todo e qualquer elemento estrangeiro ligado a este acontecimento.

O que esperariam que acontecesse, se por exemplo, na Arábia Saudita uma portuguesa resolvesse tomar banho num lugar público? A polícia religiosa saudita aparecia e no mínimo era expulsa do país automaticamente.

Adenda:

É revelador do carácter deste governo, o modo diferenciado com que está a tratar este assunto e o do barco «Woman on Waves». Enquanto que o primeiro, é uma directa e grave afronta estrangeira à República, o segundo é de uma natureza mais dúbia. O sentido de prioridades e de relevância é revelador do respeito que o Estado português merece do Governo.

28 de Agosto, 2004 pfontela

O barco do pudor

Sabe-se hoje que o barco da organização «Women on Waves» não vai poder entrar em águas portuguesas. As desculpas são múltiplas, desde questões de saúde ao respeito pela ordem. Todos estamos cansados de saber que o que se passa: este governo, já conhecido pelas suas manobras dúbias (alguém se lembra de uns panfletos de Fátima? E da «declaração de voto» sobre o art.º 13?), está em pânico para impor as suas crenças religiosas a todas as mulheres. O tempo da ditadura acabou e estes senhores ainda não se aperceberam disso. Além dos impulsos descontrolados de puritanismo que ficam sempre bem a qualquer católico fanático (pelo menos aqueles que sabem aquilo que a sua fé defende) existe ainda a questão de isto ser uma violação dos tratados que temos vindo a assinar com União Europeia. Mas parece que este governo só sabe qual é a sua fé e não qual a sua posição quanto à UE.

Toda esta situação é um espectáculo deplorável que deveria encher de vergonha qualquer país dito laico e civilizado.

28 de Agosto, 2004 André Esteves

Depois do Corpo de Cristo… Uns chocolates?

Do Reino Unido chega-nos a notícia [em Inglês] que o bispo de Manchester, preocupado com os níveis cada vez mais pequenos de crentes ao Domingo, iniciou no seu grupo de paróquias uma campanha quase original para chamar os crentes de volta à igreja.

Convites escritos passarão a ser entregues aos crentes não-praticantes e depois do serviço dominical serão servidos chocolates aos convivas.

A iniciativa inspira-se nas estratégias de marketing das empresas e procura resolver o «grave» problema da drástica diminuição de crentes na igreja de Inglaterra, que nas palavras do bispo de Manchester: «poderá desaparecer no espaço de duas gerações».

Se conhecermos as propriedades do chocolate, não ficaremos admirados com esta sua utilização. O chocolate tem na sua constituição, o cacau, que é um análogo a certas substâncias que ocorrem no cérebro humano, durante a corte e paixão dos namorados, bem como durante a ocorrência do orgasmo.

Outro facto interessante, é que se tornou um acto de corte nas nossas sociedades, entre namorados ou consortes que estejam a iniciar o namoro ou que tenham estado bastante tempo afastados, oferecer chocolates. Quimicamente procuram aumentar ou fazer lembrar ao outro, as sensações e emoções que têm ou tinham em conjunto.

Hoje, chega-se ao ponto de existirem investigadores que procuram produzir variantes da molécula do cacau que aumentem a líbido e produzam super-orgasmos. Quem não tem «apetites» de chocolate, depois de situações stressantes?

Não é por nada que o cacau no seu lugar de origem era utilizado pelos sacerdotes Maias para entrar em «comunhão» com os deuses ou antes de escarificarem os seus órgãos sexuais ou se auto-castrarem para realizarem contratos de poder com as divindades.

Aliás, o cacau era um deus, como o milho, para os antigos Maias.

Considerando a falta de talentos de pregação dos sacerdotes da Igreja de Inglaterra (o que se poderá esperar de uma igreja ligada institucionalmente ao estado e à coroa…), um chocolate depois da missa é o melhor alívio que se pode ter. Com o tempo e com o condicionamento químico que a habituação faz, os crentes voltarão sempre, necessitados que estarão da sua «dose».

Deus será chocolate. Ou será o chocolate, o Deus?

O problema aparente, é que nem toda a gente tem o mesmo nível de fixação pelo chocolate. Mas o bispo de Manchester já contemplou essa possibilidade e encara a possibilidade de passar no meio da cerimónia, vídeos cómicos para fazer rir os crentes. Da minha parte sugiro às 330 paróquias que já adoptaram esta doce iniciativa que procurem passar filmes desse grande talento britânico que são os Monty Python, principalmente os filmes «O Sentido da Vida» e «A vida de Brian». Creio que poderiam elucidar os crentes sobre as circunstâncias, em que a Igreja de Inglaterra se encontra.

Deixo-vos com uma pequena sugestão musical. Se tiverem a oportunidade, ouçam a peça «Chocolate Jesus» [Letra da Canção, em Inglês] do Tom Waits. Escatológico, ateu e genial.