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27 de Setembro, 2006 Palmira Silva

História do preservativo

As doenças sexualmente transmissíveis (DST) e o aparecimento da SIDA influenciaram de maneira decisiva a forma como a sexualidade humana começou a ser discutida publicamente no final do século XX. Até então, essa era uma questão tratada com reservas e pudor pela saúde pública. O vírus HIV forçou uma mudança sem precedentes. Assim, falar sobre sexo (independentemente da escolha de cada um) e sobre os preservativos tornou-se uma obrigação dos profissionais da saúde, dos educadores e dos pais. Com excepção, claro, dos prosélitos de Deus, para os quais o assunto continua tabu e como tal se opoem a todos os programas de educação sexual, contrapondo como alternativa as respectivas homilias de desinformação e mentiras grosseiras, nomeadamente as mentiras que especialmente a Igreja Católica dissemina sobre a ineficácia do execrado preservativo. Nalgumas zonas de África essas mentiras atingem carácter criminoso já que os devotos «ensinam» que é o preservativo, contaminado com o HIV, o responsável pelo flagelo da SIDA!

No entanto, o preservativo está presente na vida do homem há milénios tendo os primeiros registos de artefactos muito semelhantes aos preservativos actuais cerca de 5000 anos, cuja representação pode ser encontrada em alguns túmulos de Karnak. Esses registos indicam igualmente que os egipcios recorriam a métodos contraceptivos desde 1850 a.E.C.

Foram os chineses que criaram algo que pode ser descrito como o primeiro preservativo: envoltórios de papel de seda untados com óleo.

De igual forma tudo indica que os gregos não eram ignorantes em matéria de contraceptivos, existindo indicações de que cerca de 1.600 a.E.C., durante o reinado de Minos de Knossos, em Creta, se utilizavam para esse fim bexigas natatórias de peixes. Aliás, foi a mitologia grega que apresentou o preservativo ao Ocidente. O rei Minos, supostamente filho de Zeus e Europa, era casado com Pasiphë. O monarca não era exactamente conhecido por ser um adepto da fidelidade conjugal de forma que por obra de Pasiphë Minos passou a ejacular serpentes, escorpiões e lacraus, que matavam todas as mulheres com que se relacionasse mais intimimamente – com excepção de Pasiphë, imune ao seu próprio feitiço. Minos entretanto apaixonou-se por Procris e para evitar que a consumação dessa paixão fosse fatal para Pocris apresentou ao mundo o primeiro preservativo feminino: uma bexiga de cabra.

De igual forma, foram os gregos, tão elogiados por Bento XVI na sua recente palestra em que pretendeu ser racionalismo inseparável da helenização, os primeiros a descobrir o primeiro contraceptivo oral há cerca de 2100 anos: uma planta selvagem, silphion, que descobriram quando colonizaram Celene no que hoje é a Líbia. Apesar de todas as tentativas envidadas pela civilização helénica em cultivar a planta, os seus esforços foram infrutíferos e a valiosa e mui procurada planta extinguiu-se após 700 anos de colheitas intensivas pelos racionais gregos!

Durante a Idade Média, o apogeu da cristandade, não havia qualquer proibição eclesiástica em relação ao uso de qualquer método contraceptivo, inclusive o actualmente tão execrado preservativo. Assim, a Europa medieval estava inundada de uma série de tratados médicos e leigos recomendando métodos para evitar filhos; o principal era o uso de envoltórios de linho, isto é preservativos, embebidos ou não em ervas medicinais para aumentar a eficácia. Abundavam ainda uma série de mezinhas assentes na superstição vigente na época: poções contraceptivas feitas de urina de cordeiro, pó de testículos de touro torrados e muitas receitas hoje apenas eméticas.

Mas a partir do século XV, com a disseminação de numerosas doenças venéreas (como referência às sacerdotisas dos templos de Vénus) como a sífilis, o homem medieval começou a tentar reduzir os perigos de contaminação pelas DSTs. Nomeadamente recorrendo à «bainha de tecido leve, sob medida, para protecção das doenças venéreas» inventada pelo anatomista e cirurgião italiano Gabrielle Fallopio. Fallopio, nascido em 1523 em Modena de uma família nobre mas sem dinheiro, viu-se na contingência de ingressar no clero para poder prosseguir os seus estudos, de forma que não deixa de ser irónico que o inventor do preservativo moderno seja um padre católico!

As observações de Fallopio sobre o uso perfeito para a sua invenção foram, no mínimo, curiosas: recorreeu a diversos sapos machos a que vestiu ceroulas de linho impermeável e pesquisou o acasalamento dos batráquios. Constatou que as ceroulas não impediam o coito, mas evitavam a fecundação já que retinham o sémen. Posteriormente, e depois de ter efectuado aquele que podemos considerar o primeiro teste clínico de preservativos, em que 1100 homens usaram o seu dispositivo e se verificou que nenhum contraiu sífilis, escreveu um tratado sobre a sífilis em que o tratamento recomendado era o uso do De Morbo Gallico, o preservativo por si inventado a que Shakespeare chamou «luva de Vénus».

Quando entre 1713 e 1715 a cidade de Utrecht foi sede da conferência internacional que conduziu à assinatura do tratado que pôs termo à guerra da sucessão espanhola, foi igualmente sede da difusão do preservativo. Na realidade, reuniram-se nesta cidade as personalidades europeias da época o que atraiu à cidade uma fauna menos nobre e diplomata que proporcionou, para além de formas de distracção das intensas conversações de paz, a disseminação na nata europeia das temíveis e incuráveis à época doenças venéreas, especialemente a sífilis, o equivalente da SIDA até à descoberta da penincilina.

Um artesão criativo resolveu airosamente o problema com preservativos habilmente costurados a partir do ceco (parte do intestino) de carneiros, parte anatómica dos ditos que fornecia películas finas e transparentes utilizadas na cicatrização de ferimentos e queimaduras.


A industrialização do preservativo estava garantida depois deste sucesso. Assim, uns anos depois, em 1780, podia ler-se nos anúncios publicitários de uma das mais famosas casas de prostituição de Paris: «Nesta casa fabricam-se preservativos de alta segurança. Distribuição discreta para França e outros países…». Esta publicidade, que introduziu o termo preservativo, foi posteriormente modificada e preservativo substituido por redingote anglaise, ou seja, «sobretudo – ou sobrecasaca – inglês».

O termo com que os preservativos são designados nos países anglo-saxónicos, condom, tem a sua etimologia associada a Xavier Swediaur, um profissional bastante prestigiado, especialista em doenças venéreas, que defendeu no século XIX ter sido o preservativo inventado por um médico inglês do século XVII, um tal Dr. Condom que se sabe hoje nunca ter existido.

A partir de 1839, data em que Charles Goodyear descobriu que tratar a borracha natural com enxofre, o processo de vulcanização, lhe alterava drasticamente as propriedades mecânicas, surgiram os primeiros preservativos de borracha, espessos, laváveis e reutilizáveis. O resto é história conhecida…

Esta breve e pouco exaustiva história do preservativo mostra que, tal como em relação ao aborto, a posição da Igreja em relação à contracepção tem-se alterado ao longo dos tempos. Na realidade, apenas a partir da altura em que deixou de dispôr de meios mais… enérgicos… – como a Inquisição – para determinar a vida dos cidadãos e se viu relegada do papel político que durante séculos manteve a Europa sob o jugo dos ditames de Roma – o que foi coincidente no tempo com a interrupção da gravidez mais segura para a mulher e com o desenvolvimento de métodos contraceptivos mais eficientes e acessíveis – a Igreja Católica passou a preocupar-se paranoicamente e quasi em exclusividade com a sexualidade humana, mais concretamente com o facto de a humanidade poder usufruir os prazeres do sexo sem a respectiva «punição».

Ou seja, a posição inflexível, anacrónica e criminosa da ICAR em relação ao preservativo e à IVG não tem rigorosamente nada a ver com a apregoada defesa inflexível da vida. Tem simplesmente a ver com manutenção de poder e com a misoginia e execração do sexo sem «castigo» indissociáveis da doutrina católica.

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27 de Setembro, 2006 jvasco

Jesus é o messias?

A Bíblia está cheia de profecias que se provaram falsas. Este vídeo mostra algumas delas.

26 de Setembro, 2006 pfontela

A verdade pode ser ofensiva

Foi o que aconteceu neste caso no Reino Unido em que a associação “Gay Police Association” que teve a “temeridade” de publicar estatísticas que demonstravam um aumento de 74% na violência Homofóbica cujo principal factor era a religião (o comunidado fazia referência ao cristianismo em particular). Por esta vil “manipulação” e ofensa os cristãos evangélicos resolveram mover um processo contra a dita associação.

Obviamente que a queixa foi recusada, a Coroa recusou-se a processar seja quem for – por motivos por demais óbvios: Ninguém pode ser processado por dizer algo que as estatísticas demonstram!

Os cristãos ficam muito ofendidos quando as suas crenças que estão permeadas de ódio ao “outro” saem à luz do dia como causa de violência – é péssimo para as relações públicas. Não deveria ser de estranhar que esta relação existisse já que os movimentos extremistas homofóbicos na Rússia e na Polónia são alimentados precisamente pelas Igrejas cristãs. Só quem se econtra num profundo estado de negação poderia negar a relação entre os dois factores.

26 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Bento XVI – Tolerância e pluralismo


«À luz da nossa experiência com o pluralismo cultural, diz-se frequentemente hoje que a síntese com o Helenismo conseguida na Igreja inicial era uma inculturação preliminar que não deveria ser obrigatória para as outras culturas. (…) Esta tese não é apenas falsa; é grosseira e imprecisa.» Bento XVI in aula magna de Regensburg

A reacção do mundo islâmico à palestra em Regensburg de Ratzinger, de que este excerto exemplifica o que pensa Ratzinger sobre pluralismo, uma abominação relativista, deixou em segundo plano outro assunto muito sensível que envolve o Vaticano – apenas mais um ponto que confirma a intolerância indissociável do catolicismo – e que é a imagem de marca deste Papa que declarou guerra à modernidade.

Mais uma vez recordo que tolerância é apenas atitude de admitir a outrem uma maneira de pensar ou agir diferente mas, tal como em relação ao pluralismo, Ratzinger, que se considera o dono e senhor da «verdade absoluta» e no direito de impor a todos essa «verdade», classifica a tolerância como uma «ditadura do relativismo» que se traduz na não adopção na letra da lei das suas anacrónicas «verdades reveladas».

Um documento debitado recentemente, intitulado «Família e Procriação Humana», uma revisão das posições oficiais da Igreja nas áreas da família e reprodução, dá conta dessa arrogância da ICAR, que considera ser seu direito determinar a lei nos países em que o catolicismo é maioritário. Isto é, o documento que enfatiza a condenação católica das uniões homossexuais, aborto, inseminação artificial, divórcio, uniões de facto e contracepção «artificial», pede «castigo» para o aborto e uma alteração nas leis vigentes na esmagadora maioria dos países europeus, que não reflectem os ditames do Vaticano e como tal não criminalizam tudo o que Vaticano considera «pecado». Basicamente pede que se implemente na Europa o equivalente católico da Sharia…

Em proeminência neste aspecto está o reconhecimento dos direitos dos homossexuais em Itália. Um tema que, como afirmam o director do banco de Nápoles Dario Re e o seu companheiro Giuseppe Archiletti «Em Itália, os direitos de homossexuais não constituem uma questão de direita – esquerda – trata-se de quanto poder tem o Vaticano na política italiana».

O reconhecimento de direitos às uniões de facto, incluindo uniões de facto homossexuais, assim como a fertilidade e o aborto, foram temas quentes nas eleições de Junho último. O paladino de óvulos e espermatozóides perdeu as eleições não obstante o Vaticano ter tentado influenciar o resultado apelando ao voto no grande defensor da família «tradicional» Berlusconi pela voz do Cardeal Camillo Ruini, o eclesiástico máximo da Conferência de Bispos Italianos, que verberou ser necessário aos eleitores italianos «ter em consideração» na decisão do voto assuntos como o aborto e o reconhecimento legal de uniões de facto.

Os italianos esperam agora que o governo de Romano Prodi cumpra as promessas eleitorais sacudindo no processo o jugo ditatorial do Vaticano na política italiana. Resta esperar para ver se este governo tem a coragem política necessária para tal.

O Vaticano já fez saber que o reconhecimento dos direitos legais de homossexuais, que exibem um «mal moral intrínseco», corresponde «à legalização do mal», algo muito diferente da «tolerância do mal», isto é, já que o Vaticano é impotente para criminalizar a homossexualidade e demais «pecados» como os seus congéneres muçulmanos, impotência a que Ratzinger chama «tolerância do mal», pelo menos tudo fará para que continue a discriminação dos pecadores, seres abjectos sem quaisquer direitos na mundivisão católica!

25 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Bento XVI e a racionalidade II

«O Mundo como o conhecemos foi criado por uma colisão fortuita de átomos»
Titus Lucretius Carus, De Rerum Natura (Da Natureza das Coisas), Livro V

A insistência de Ratzinger em afirmar que a racionalidade da religião é inseparável da sua helenização, sugerindo que apenas o «helenizado» catolicismo tradicional é racional, é deveras bizarra. Enfim, na sua palestra de Regensburg, Ratzinger ressalva que se trata de uma «herança Grega criticamente purificada», isto é, completamente deturpada ou cristianizada.

De facto, a filosofia grega representou uma mudança de atitude do homem perante o cosmos, o ínicio da emancipação em relação a mitologias sortidas do pensamento humano em que o primeiro filósofo da physis (natureza), Tales de Mileto (~640-546 E.C), marca essa ruptura procurando o princípio natural das coisas ou arqué, o elemento primordial da natureza, a matéria básica para a formação dos demais materiais, e na qual todos se reduziriam.

Ou seja, a filosofia grega desde os seus primórdios abandonou as explicações religiosas até então vigentes e procurou, através da razão e da observação, um novo sentido para o universo. Uma das escolas filosóficas mais antigas, o atomismo, nomeadamente como foi desenvolvido por Epicurus, assentava na existência exclusiva de causas materiais para todos os aspectos da natureza.

O que tornou o atomismo incompatível com o cristianismo que condenou primeiro e proibiu depois esta filosofia ateísta que, para além de refutar a transubstanciação do pão e do vinho – o canibalismo ritual no cerne da fé católica – negava a intervenção de qualquer força, inteligência ou entidade divina nos processos naturais. Não havia intenção no movimento (aleatório) dos átomos, o que não implica que tudo o que acontece é um acaso, pois tudo é regido pelas inalteráveis leis da natureza. Os atomistas acreditavam que todos os fenómenos têm uma causa natural, ou seja, negavam o argumento teleológico.

No entanto, para criticar não só as restantes religiões como principalmente para condenar a ciência «que pela sua própria natureza» «exclui a questão de Deus, fazendo-a aparecer como não científica ou como uma questão pré-científica» Ratzinger fabrica um helenismo «purificado» que na realidade corresponde a uma pré-helenização.

Isto é, a ciência – e não a religião versão catolicismo – é o resultado «natural» da nossa herança helénica, uma explicação natural dos fenómenos da natureza assente no empirismo em que a mitologia, isto é, a teologia, não é uma fonte de conhecimento. Assim como resulta da evolução do pensamento grego o facto de que «as ciências humanas, como a história, a psicologia, a sociologia e a filosofia, tentam conformar-se com este padrão de cientificidade», algo que muito aflige Ratzinger que afirma ser este «o perigoso estado de coisas da humanidade» resultado de «perturbadoras patologias da religião e da razão que irrompem necessariamente quando a razão é de tal modo reduzida que as questões de religião e ética já não lhe dizem respeito». Neste ponto Ratzinger pretende falaciosamente que religião e ética estão de tal forma intimamente relacionadas que rejeitar a religião como fonte de conhecimento ético é correspondente a rejeitar comportamento ético, o que é obviamente falso!

Assim, Ratzinger pretende que os males actuais só podem ser remediados se retornarmos aos «bons» velhos tempos em que a religião, versão catolicismo debitada pelo Vaticano, era a fonte principal de «conhecimento» ético e dominava todos os aspectos da polis, nomeadamente impondo via direito as suas aberrações anacrónicas que Ratzinger confunde com ética.

Pretendendo que «As tentativas de construir uma ética a partir das regras da evolução ou da psicologia e sociologia, acabam por se mostrar simplesmente desadequadas», carpindo neste ponto o facto de que a Europa simplesmente ignora as ululações constantes do Vaticano em questões sortidas – por exemplo no que respeita aos direitos de homossexuais e mulheres, à investigação em células estaminais, à fertilização medicamente assistida, ao divórcio, ao uso de preservativos como profilaxia da SIDA, ao uso de contraceptivos, etc..

Embora diga que a palestra «não tem nada a ver com recuar no tempo anterior ao Iluminismo ou rejeitar as conquistas da idade moderna» ao sustentar que a «revelação» divina é a fonte máxima da razão e conhecimento de facto Ratzinger está a atacar os princípios fundamentais do Iluminismo e do modernismo. Por outro lado, ao rejeitar os princípios básicos da ciência Ratzinger rejeita igualmente as conquistas da idade moderna, apenas possíveis devido a esses princípios. Ou, pelo menos, pretende usufruir dessas conquistas sem admitir que apenas foram possíveis devido ao facto de os cientistas excluiram qualquer sobrenaturalidade ou seres mágicos das suas hipóteses!

Isto é, ao afirmar que «Seremos bem sucedidos só se a razão e a fé se juntarem de uma forma nova» Ratzinger pretende realmente um retrocesso civilizacional ao pré-Iluminismo. Não há qualquer diálogo possível entre ciência e religião, nomeadamente o pseudo diálogo que Ratzinger quer impor, como o afirma na parte final da palestra, uma submissão à teologia de todas as áreas de conhecimento!

(continua)
24 de Setembro, 2006 ricardo s carvalho

dawkins ou a não existência de deus

richard dawkins é um zoologista com especialização em teoria evolucionária e um escritor de divulgação científica, professor na universidade de oxford. recebeu a medalha de prata da sociedade zoológica de londres em 1989, o prémio faraday em 1990, o prémio kistler em 2001 e a medalha kelvin em 2002. sai este mês o seu novo livro “the god delusion”, já disponível para encomenda na amazon. é lá que encontramos a sínopse,

«Richard Dawkins for recentemente votado um dos três maiores intelectuais do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista “Prospect”. Como autor de muito livros clássicos de Ciência e Filosofia, muitos dos quais agora famosos, Dawkins sempre acentuou a irracionalidade da crença em deus, bem como os grandes males que esta tem causado na sociedade. No presente livro, Dawkins foca o seu intelecto feroz exclusivamente neste assunto, denunciando a sua lógica falhada e o sofrimento que causa. Enquanto a Europa se vem tornando cada vez mais secularizada, o crescente fundamentalismo religioso, seja no Médio Oriente ou no meio da América, divide dramática e perigosamente a opinião pública pelo mundo fora. Na América, bem como em muitos outros lugares pelo mundo fora, uma disputa vigorosa entre o “desenho inteligente” e a teoria de Darwin está a sabotar sériamente e a restringir o ensino da Ciência aos jovens. Em muitos países, dogmas religiosos que vêm de tempos medievais, ainda são usados como pretexto para abusar de direitos humanos fundamentais, tais como direitos de mulheres ou de homosexuais. E tudo isto vindo de uma crença num deus cuja existência não tem qualquer tipo de suporte. Dawkins ataca deus em todas as suas formas, desde o tirano cruel, obcecado pelo sexo, do velho testamento, até ao mais benevolente, mais ainda assim ilógico, “relojeiro celestial” preferido de alguns pensadores da era do iluminismo. Dawkins destrói os principais argumentos para a existência da religião e demonstra a suprema improbabilidade da existência de um ser superior. Ele mostra como a religião serve de combustível para muitas guerras, como esta fomenta a carolice, e como promove o abuso de crianças e de menores. Em “The God Delusion” Dawkins apresenta o seu caso sólido e fervoroso contra a existência de qualquer forma de religião, e fá-lo utilizando a linguagem lúcida, graciosa e forte, pela qual é famoso. É uma polémica fascinante, e argumentada de forma brilhante, que é leitura obrigatória para quem se interesse por este assunto tão importante e que gera tantas reacções emocionais.»

podemos ainda encontrar algumas críticas ao livro,

«Um livro fabuloso – uma defesa vital e apaixonada que é, ao mesmo tempo, alegre, elegante, justa, motivadora, e muitas vezes divertida, e ainda sempre precisa e rigorosa através de um espectro incrívelmente largo de referências e de claridade de raciocínio.»
Michael Frayn

«Oh, é tão refrescante, depois de nos dizerem durante toda a vida que é virtuoso ser-se cheio de fé, de espírito e de superstição, poder finalmente ler uma tão sonora onda de choque a derrubar tudo isso e a defender precisamente a verdade. É uma autêntica lufada de ar fresco.»
Matt Ridley

«Eu vejo este livro como um livro para um novo milénio, um milénio em que finalmente nos possamos libertar de vidas dominadas pelo sobrenatural.»
Brian Eno

«A irracionalidade religiosa tem muitas vezes colocado sérios obstáculos para o melhoramento da humanidade. Para que nos possamos efectivamente opor a ela, o mundo necessita igualmente de racionalistas ardentes que não tenham medo de enfrentar e desafiar crenças aceites há muito tempo. Richard Dawkins destaca-se assim através da inteligência incisiva de “The God Delusion”.»
James Watson, vencedor do Prémio Nobel, partilha a descoberta do DNA

boas leituras!

24 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Message in a butt

Os Estados Unidos têm sido fertéis nos últimos tempos em manifestações iconográficas da mitologia cristã. Depois de tartarugas demoníacas e tostas de queijo ou chocolate com a imagem da «Virgem», estuque manchado com a imagem do mítico fundador da religião cristã e demais aparições iconográficas sortidas, chega agora a notícia de que Angus MacDougall, um terrier de três anos, exibe esta incrível aparição numa parte anatómica inesperada. O seu dono tem uma página dedicada a espalhar a boa nova que vale a pena visitar!

23 de Setembro, 2006 Palmira Silva

A ilusão de Deus

O novo livro de Richard Dawkins, «A ilusão de Deus», a ver a luz do prelo esta segunda feira, é o item mais vendido na Amazon britânica. A impossibilidade lógica -vulgo Deus – a religião, que ofende todos os ossos do corpo racional e ateísta de Dawkins, são o objecto do novo livro de um dos mais brilhantes intelectuais da actualidade, que denuncia igualmente o sofrimento que crenças absurdas causaram e causam à humanidade. Um livro absolutamente imprescíndivel numa altura em que hierarquias religiosas sortidas inflamam os crentes mais fanáticos para mais uma grande guerra de religiões!