27 de Janeiro, 2014 Carlos Esperança
Deus não conhece o Papa
Pombas lançadas pela paz na Ucrânia atacadas por gaivota e corvo no Vaticano
Dezenas de milhares de pessoas viram a cena na Praça de São Pedro.
PÚBLICO
Dezenas de milhares de pessoas viram a cena na Praça de São Pedro.
Em 2002, João Paulo II, emigrante polaco residente no Vaticano, solteiro, de 82 anos de idade, papa de profissão e estado civil, cumpria a tarefa de criar bispos e cardeais e tinha a obsessão de fabricar beatos e santos. Pelava-se por milagres e honrava os autores com a elevação à santidade, sem prejuízo da fixação em Maria e a adoração por virgens que a idade e o múnus avivaram.
Mas os santos da igreja católica sugerem empregados acomodados. Fazem um milagre para chegarem a beatos, outro para serem promovidos ao posto seguinte e abandonam o ramo.
Quando são candidatos, praticam a intercessão que lhes rogam mas desistem da vocação milagreira logo que alcançam a santidade. Quando se julgavam esgotadas as vagas, João Paulo II rubricou alvarás de santo a largas centenas, criados em nítida concorrência com os anteriores. Alguns destes fecharam a porta, que é como quem diz, foram apeados das peanhas onde enegreciam com o fumo das velas, se enchiam de fungos com a humidade ou se deixavam corroer pelo caruncho.
Com séculos de pequenos e honestos milagres, habituados à pedinchice autóctone e às lamúrias, quase sempre ao serviço de modestas comunidades que atendiam nos limites do razoável, perderam a aura e a devoção, submersos no tropel de novos e afidalgados ícones com vocação mediática. Migraram para as sacristias, acumulando pó a um canto, a delir a pintura e o préstimo, a desgastar as vestes e o respeito, em santa resignação.
Na religião há uma tendência para o sector terciário. Arrotear a fé e pescar almas, são tarefas pouco gratificantes. Transacionar bulas para engolir carne à sexta-feira, vender indulgências, trocar santinhos, comercializar bênçãos, era negócio do passado. Então o que passou a dar foi o lucrativo setor milagreiro em franca ascensão. João Paulo II promoveu também jubileus, um sucesso garantido para escoar imagens do promotor e providenciar a divulgação dos promovidos.
Quanto custará hoje um dente de S. Josemaria, com certificado de origem? Há de valer uma fortuna, a avaliar pelo êxtase que o primeiro a ser exibido provocou aos peregrinos durante as exéquias de canonização. O mercado já devia estar sortido de relíquias, nada restando do novel taumaturgo para exumar.
Pudessem os piedosos colecionadores ter adivinhado o destino promissor post mortem desse servo de Deus e ter-lhe-iam recolhido em vida duas dezenas de unhas e trinta e dois dentes. E a perda irreparável da primeira dentição?! Quem sabe se a premonição materna não terá acautelado o primeiro incisivo transformando um desvelo num tesouro, através deste estranho processo alquímico – a canonização –, segredo transmitido aos sucessores de Pedro e usado em doses industriais pelos últimos pontífices?!.
Pudesse Teodorico Raposo ter deposto no regaço de D. Patrocínio uma relíquia de S. Josemaria, que nem sobrinho, nem tia, nem Eça sabiam que viria a existir, e a devota senhora ter-lhe-ia perdoado as relaxações a que o sangue inflamado do tartufo o induzia, embevecida pelos eflúvios celestes que dimanam da raiz do canino de um santo assim!
Tivesse a premonição dos membros do Opus Dei adivinhado a santidade do fundador, que grossos cabedais e a longevidade papal lograram, e teriam armazenado farto recheio de numerosos têxteis tingidos por flagelações ou impregnados de outros fluidos.
A onda de devassidão do clero amargurou o papa – que fez do celibato dogma e da castidade virtude obrigatória – sem que a providência o tenha poupado à divulgação de pedófilos que exornam as dioceses da Igreja romana, apesar do cuidado em escondê-los.
E um padre que não respeita uma criança não pouparia um anjo.
É, pois, necessário que floresçam santos como S. Josemaria cujas relíquias hão de servir de benzina para desencardir a alma dos que sucumbem às tentações da carne.
Glória a S. Josemaria Escrivá de Balaguer nas Alturas e o poder na Terra ao Opus Dei.
Apostila – Depois de canonizado, em 6 de outubro de 2002, S. Josemaria abandonou o ramo dos milagres e até hoje, mais de onze anos decorridos, não obrou novo prodígio.
Santuário da Penha acelera chegada ao céu
Indulgência plenária perpétua atribuída pelo Papa ao santuário de Guimarães ajuda a “diminuir o tempo de purgatório” dos católicos após a morte.
Idealizado em 1930, o Santuário da Penha ficou construído 17 anos depois e é hoje uma obra emblemática de Guimarães
O Papa Francisco concedeu a indulgência plenária perpétua ao Santuário da Penha, em Guimarães, o que, na prática, significa que os crentes que ali forem com devoção verão reduzido o “tempo de espera” para entrar no céu, anunciou hoje o reitor.
Justiça prende sacerdote por fraude no Banco do Vaticano
ROMA – Logo depois da prisão, a Justiça vaticana congelou fundos e contas correntes em nome acusado…
Papa Francisco tenta limpar a imagem da instituição financeira, investigando escândalos de fraude
ROMA – A Guarda de Finanças da Itália anunciou nesta terça-feira (21) possuir um novo mandado de prisão contra o sacerdote Nunzio Scarano, ex-contador na Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (Apsa), ligada ao Vaticano.
O dia em que os animais foram ao Vaticano pedir uma bênção (REUTERS)
Praça de São Pedro encheu no dia de Santo Antão, o padroeiro dos animais domésticos
Animais
Porcos, galinhas, cavalos, gatos e cães estiveram na Praça de São Pedro, no Vaticano, na sexta-feira para assinalar o dia de Santo Antão, o padroeiro e protector dos animais domésticos.
Pela primeira vez, as Nações Unidas confrontaram a Igreja Católica com acusações de pedofilia, numa audiência em Genebra.
O Vaticano está a ser confrontado publicamente pela primeira vez por uma instância internacional para que responda sobre a “ocultação sistemática” de abusos sexuais de menores por membros da Igreja Católica.
Vaticano não extradita bispo suspeito de abusos sexuais
O arcebispo Josef Wesolowski enquanto era núncio na República Dominicana
O bispo polaco foi suspenso das suas funções de núncio na República Dominicana, depois de terem sido levantadas suspeitas em relação a abusos de menores.
O Vaticano alega que a sua lei não permite extraditar um bispo que é acusado de ter abusado sexualmente de menores enquanto servia como núncio apostólico na República Dominicana.
actualidad.rt.com
O DN de 4 de janeiro traz cinco páginas de propaganda sobre o papa católico Francisco e a bondade que o exorna. A máquina de publicidade está bem oleada e sempre que um papa morre, de morte morrida ou matada, não faltam encómios ao que o substitui. Até o facto de estar vivo Bento XVI, que desistiu do alvará, serve de encómio ao atual CEO (Chief Executive Officer) da Igreja católica.
Nas relações com Videla é omisso o artigo nas quatro páginas de prosa compacta e na que publica a enorme foto de Francisco.
É curioso que estando os crentes sempre contentes com o papa de turno exultem com o que lhe sucede como se o anterior fosse um fardo a suportar por penitência. Bento XVI já tinha odor a santidade quando, para salvar a pele, anunciou em público que abdicava do alvará, do anel, da tiara e da criação de cardeais e santos.
O artigo é mais uma campanha de promoção pia do que um exercício crítico do homem e da sua circunstância, do Papa e dos interesses da Igreja no perfil por que optou.
É de profunda hipocrisia ou ignorância pensar que o atual Papa é um homem simples ou um simples clérigo, desconhecendo que os padres jesuítas, raramente dados a ostentar títulos honoríficos, são clérigos cuja formação equivale, no mínimo, a um doutoramento e, muitas vezes, completado com um segundo doutoramento profano.
O que surpreende é o coro de aplausos que um sorriso rende, a unanimidade que suscita qualquer banalidade, como se o homem não fosse um intelectual destacado, quer creia ou não no deus de que é representante e promotor.
Até agora, salvo as afirmações que a Cúria se encarregou de desmentir ou o próprio de minimizar, não há qualquer alteração digna de nota. Apenas o Inferno, fonte de arrepios e motivador da fé, foi despromovido à categoria de metáfora.
As alterações no Banco do Vaticano (IOR) foram impostas pela banca internacional e as ameaças de dureza contra a pedofilia eram urgentes para salvar a honra do Vaticano.
A indústria dos milagres perdura, os exorcismos estão ativos, os dogmas, irrefutáveis, e a criação de beatos e santos está para continuar.
Afinal o que trouxe de novo o papa que agora se incensa com refinada crueldade contra o antecessor?
1248 – D. Sancho II, filho de D. Afonso II que o papa Honório III havia excomungado, quando o anátema papal era uma arma eficaz, foi expulso do trono por Inocêncio IV, apesar de bom general e de matar mouros suficientes para agradar ao Papa. As intrigas da nobreza e do clero levaram o Papa a destituí-lo. Morreu em Toledo, há 766 anos.
2005 – O Supremo Tribunal do Chile confirmou a acusação e a ordem de prisão domiciliária do ex-ditador Augusto Pinochet, de 89 anos, pelos crimes da Operação Condor, que visava o assassínio de opositores, nas décadas de 1970-80. De nada lhe valeram as orações e a intervenção do amigo e futuro santo João Paulo II.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.