23 de Maio, 2014 Carlos Esperança
O Islão é pacífico
Quem são e o que querem os raptores das raparigas da Nigéria?
Chocaram o mundo ao raptar no final de Abril quase 300 raparigas. Esta semana, mataram dezenas em vários atentados. O que os move?
Quem são e o que querem os raptores das raparigas da Nigéria?
Chocaram o mundo ao raptar no final de Abril quase 300 raparigas. Esta semana, mataram dezenas em vários atentados. O que os move?
Nigéria “fecha os olhos” perante massacres
Desde 2010, os massacres em dois estados da Nigéria vitimaram mais de três mil pessoas, entre as quais mulheres e crianças, apenas devido à sua etnia ou religião.
Por
O mundo está confrontado com o ocorrido na chamada ‘Primavera Árabe’ que devastou o Norte de Africa desde a Tunísia ao Egipto, passando pela Líbia.
É deste último país que chegam notícias do reacender de novos confrontos. Agora – e mais uma vez – a batalha trava-se em Benghazi. Segundo a edição digital do Lybia Herald o general Khalifa Hafter iniciou operações militares na capital da Cirenaica com vista a anular a influência de 2 grupos extremistas muçulmanos (Deraa nº. 1 e Ansar El-Sharia) link .
Estas recentes acções militares surpreenderam o Governo Líbio e parecem inserir-se na pretensão publicamente manifestada por este general de tentar tomar o poder através de nova insurreição link. O general revoltoso, também conhecido por Hifter, é um velho colaborador da CIA link desde a sua captura na guerra líbio-chadiana (1987) conflito regional que ocorreu na faixa de Aouzu tendo como móbil a exploração de urânio. De 1991 a 1996 viveu no EUA (Virginia), i. e., nas proximidades da sede desta organização de inteligência americana link.
Para aqueles que pensavam que a guerra civil líbia teria acabado com a queda do regime de Gadhafi e a execução do seu líder, estes mais recentes desenvolvimentos introduzem novos dados para repensar a situação política no Norte de África.
E, na passada, interrogar sobre qual o papel e os objectivos dos EUA nesta mortífera ‘primavera’…
Sudanesa com véu islâmico em Kutum, no Sudão (AFP)
Um tribunal sudanês condenou nesta quinta-feira uma mulher à forca por apostasia (abandono da fé) depois que ela deixou o Islã e se casou com um homem cristão. “Nós demos-lhe três dias para se retratar, mas você insiste em não retornar ao islamismo. Por isso, condeno-a a ser enforcada até a morte”, disse o juiz a mulher, segundo a rede BBC.
Por
João Pedro Moura
Malala Yousafzai, a jovem estudante paquistanesa atingida a tiro por um taliban, em 9 de Outubro de 2012, por reivindicar a escolaridade feminina, narra a sua vida no livro “Eu, Malala…”, publicado em novembro de 2013, em Portugal.
É, também e sobretudo, um relato pungente e dramático sobre o processo de reislamização do Paquistão, nomeadamente, no Vale de Swat, região noroeste, próxima do Afeganistão, donde Malala é natural.
A autora centra-se na vida da região, mas carreia numerosos pormenores da vida político-social paquistanesa e regista, particularmente, a emergência dos talibans na sua região e a sua ordinária propagação, fruto da iliteracia, do conservadorismo, da pobreza e da falta de empenho das autoridades, civis e militares, em combater tal flagício: a hedionda escumalha islâmica.
Malala descreve o aparecimento e desenvolvimento do movimento taliban, no Paquistão, como dificilmente alguém descreverá. A autora vive num sítio e relata o que lá vai acontecendo, com o aparecimento dos primeiros talibans: instalam uma rádio (financiados por quem?) e difundem a sua ideologia pestífera…
… Nos sismos, os muçulmanos fundamentalistas, em geral, são os mais dedicados ajudantes no transporte de pessoas e bens…
À falta de eficácia dos tribunais, os talibans instalam tribunais arbitrais e chamam os litigantes, que, confiantes numa justiça rápida, aceitam as sentenças…
Implicam logo com as mulheres e alguns usos e costumes delas, concretamente a educação, dizendo que não é para meninas… insistindo que não é para meninas… reiterando e, depois, ameaçando que a educação não é para meninas…
…A populaça, temerosa perante a altivez e assertividade da cambada talibanesca, vai cedendo, retirando filhas da escola, e as próprias mulheres vão abandonando as deambulações pelas lojas e mercados, sobretudo sozinhas, porque os talibans não querem e ameaçam…
Tudo isto, ante a complacência das autoridades locais e regionais que, ou aderem mesmo à boçalidade taliban ou colaboram passivamente, numa cobardia e capitulação impressionantes, perante a avançada da “hedionda”…
As autoridades nacionais deixam que a peste se instale, pois que tal região, o Vale de Swat, goza de autonomia e… desprezo da população pelas autoridades, e, muito tempo depois, vão combater os hediondos e alarves talibans, displicentemente …
Um dia, depois de várias ameaças, um taliban manda parar a carrinha de transporte escolar, onde ia a Malala, e dispara contra a mesma, ferindo-a gravemente. Depois de ser tratada, precariamente, no país, Malala beneficiou de circunstanciais apoios de pessoal médico britânico, presentes no Paquistão, e foi transportada para o Reino Unido, onde foi bem tratada, sobreviveu e parece estar pronta para o combate pela educação feminina, mormente em terra infestada pela hedionda escumalha islâmica.
Malala não seria nada, se não tivesse o pai que tem, um muçulmano “liberal”, “moderado”, que sempre promoveu a educação da filha e é dono de várias escolas na região, umas para rapazes e outras para raparigas, eventualmente uma ou outra mista.
Malala é uma muçulmana, moderada, que se destaca pela defesa abnegada da educação feminina. Malala inquiria os opositores misóginos sobre a procedência da suposta proibição da educação feminina, no Alcorão. É claro que não obtinha resposta, porque o Alcorão não prescreve tal proibição…
Como diria Malala, citando um oficial militar paquistanês, o fundamentalismo talibanesco é uma mentalidade. É uma estranha mentalidade, misógina, agressiva, intrinsecamente perversa e totalitária, acobertada no Islão, mas não necessariamente conforme o seu preceituário.
O problema aqui é saber e registar como é que um povo, néscio, crédulo, temeroso, passivo, se deixa indrominar pela arrogância desmedida da hediondez islâmica e lhe obedece…
Malala, muçulmana moderada? O que é a “moderação islâmica”?
Enfim, é ela e o pai…
Malala, apesar de viver no Reino Unido, parece que ainda não cedeu no porte da vedação têxtil da cabeça (sim, mais do que veladas, aquelas mulheres são… vedadas…) e, nos primeiros dias, ela e a mãe ficaram escandalizadas com as roupas das britânicas…
É difícil definir o que é um muçulmano “moderado”. Sê-lo-á conforme são aqueles cristãos que estão integrados na ordem político-social moderna dum país e não reclamam penas bíblicas, conforme um “moderado” muçulmano também não reclamará pela “sharia” islâmica…
Um muçulmano “moderado” é aquele que responderá “não” aos seguintes quesitos:
– É a favor de pena de prisão ou morte aos muçulmanos que abandonarem a religião islâmica?
– É a favor de pena de prisão ou morte a quem criticar alguma coisa do Islão?
– É a favor de pena de prisão ou morte, podendo esta ser executada por um familiar, aplicada às mulheres que tiverem relações sexuais sem casamento?
– É a favor da obrigatoriedade, pelo menos imposta pela família, do véu islâmico?
Os que responderem “não” são “moderados”…
Quem são? Quantos são?
O livro de Malala não responde nem se centra nestes quesitos. Malala, nas situações críticas por que passou, reagiu sempre com fervor religioso e com intensas orações, orações estas que perpassaram sempre a sua vida e, certamente, perpassam.
Vamos indo e vamos vendo a evolução desta jovem mulher, de elevadíssima consciência cívica, ótima aluna, inteligente, curiosa, como poucas muçulmanas haverá, e com enorme vocação para ser política…
…Ou médica ou professora… para o sexo feminino, claro. Praticamente, as únicas profissões que as jovens, no meio original dela, poderiam ter…
Um livro que eu recomendo a toda a gente…
Não bastam os horrores de que um homem é capaz, por si só. A crueldade pode sempre ser superada, em nome de um Deus criado na Idade do Bronze, por homens que rejeitam sair da Idade da Pedra.
Em 14 de abril, o devoto troglodita, Abubakar Shekau, líder do grupo Boko Haram, que significa “a educação ocidental é pecado”, ansioso por criar um Estado islâmico no Norte da Nigéria, sequestrou 223 meninas que ameaça casar à força e vender como escravas.
O piedoso terrorista matou mais de 1500 pessoas em ataques a escolas, igrejas e contra símbolos do Estado e das Forças Armadas. A violência e a morte, em nome de Maomé, o misericordioso, não param. O Profeta, ideólogo analfabeto, não gosta de saber que as meninas possam ser escolarizadas. É uma abominação. Mulheres não podem desafiar as tradições tribais e misóginas. Abubakar Shekau defende a vontade de Deus e do Profeta.
Na Nigéria trava-se uma luta sem tréguas entre o protestantismo evangélico que, não sendo especialmente recomendável, está nos antípodas da barbárie de que o islamismo é capaz àquela latitude.
As jovens destinam-se a ser vendidas no mercado do matrimónio e seviciadas a mando dos raptores. A escravatura é a pena para mulheres que querem libertar-se da ignorância e, quiçá, pôr em risco a fé. E o grupo terrorista não parou de raptar raparigas.
Quando o terrorismo é uma manifestação pia, só a repressão sobre os pregadores lhes pode pôr cobro. Hoje, um bom muçulmano não pensa que é criminoso tal como sucedia com um bom cristão dedicado à nobreza da Inquisição, à evangelização dos índios ou às Cruzadas. Quem os convenceria de que a fogueira não era purificadora e a tortura um bom método para descobrir hereges, judeus e bruxas?
À semelhança do álcool, que passou de atenuante a agravante, em acidentes rodoviários, também a motivação religiosa do terrorismo deve sofrer a mesma evolução.
Se nós, os herdeiros do Iluminismo e da Revolução Francesa, graças à repressão política sobre o clero, pudemos erradicar as fogueiras e a tortura, também os mullahs e aiatolas podem ser obrigados a prescindir da sujeição a Maomé e ao manual terrorista Alcorão.
Estes horrores, contra as mulheres, é que não podem perpetuar-se.
No dia 16 de abril cerca de 234 meninas entre os 16 e os 18 anos foram sequestradas da sua escola durante a noite, em Chibok, na Nigéria, enquanto se preparavam para os exames finais, tendo sido levadas em pequenos grupos para serem violadas. A maioria delas ainda se encontra desaparecida.
Embora nenhum grupo tenha reivindicado responsabilidade, acredita-se que a organização fundamentalista islâmica “Boko Haram” esteja directamente implicada.
O nome da organização, que se pode traduzir por – “A educação ocidental ou não-islâmica é um pecado “, tem como um dos seus objetivos impor a sharia e impedir todo o conhecimento científico que não esteja de acordo com os textos islâmicos, como o conceito da Terra esférica, a evolução ou o ciclo da água. A educação das mulheres é também proibida.
Este grupo tem um longo historial de violência na Nigéria, tendo já este ano sido responsável pela morte de cerca de 1.500 pessoas numa série de ataques contra escolas, mesquitas, vilas, instalações militares e áreas públicas.
Pode ler-se mais em: http://www.bbc.com/news/world-africa-27101714
Nicole Guardiola que acaba de ser publicado na revista “AFRICA 21″, edição n.º 84 de Abril 2014 e com o título “As Guerras da Fé.
Islamofobia e homofobia
As legislações violentamente repressivas da homossexualidade recentemente aprovadas em vários países africanos como a Nigeria e Uganda são associadas à adesão dos respectivos presidentes Goodluck Jonathan e Yoweri Museveni a doutrina evangelica.
O primeiro realizou em 2013 uma peregrinação aos lugares santos de Israel e presidiu em Jerusalém uma «vigília pela Nigéria com Jesus»
O segundo que procura convencer a Etiopia, Quenia, Sudão do Sul e Tanzania de constituir uma «frente cristã de resistência contra o avanço do Islão» equipara a homossexualidade como uma doença que deve ser tratada como a Sida.

O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.