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4 de Setembro, 2006 Carlos Esperança

Deus e os monoteísmos

Admitamos que Deus transmitiu a sua vontade através de Moisés, Cristo e Maomé, que a sua abominável vontade (tão humana que é) pretendeu privilegiar alguns povos em detrimento de outros e que os livros sagrados foram ditados da forma que os apregoam, aos alcoviteiros que dizem, nas circunstâncias que inventaram.

Temos de concluir que Deus era rude, intolerante, vingativo e, sobretudo, um ignorante em questões científicas, além de narcisista e autoritário.

Aquela ideia de ameaçar o género humano com o julgamento no Vale de Josafá, depois de proceder à inauguração de um lago de fogo e enxofre, é demasiado idiota para ser levada a sério.

A exiguidade do Vale não comporta todos os vivos, a quem mandará guias de marcha e assegurará transporte, quanto mais os mortos que desde o princípio do Mundo ameaça ressuscitar.

Fica a questão de saber quem Deus considera homens – o que inclui mulheres, depois de os doutos cardeais terem concluído que também possuíam alma -, isto é, desde quando, na evolução das espécies, começou Deus a atribuir almas.

É difícil imaginar Deus a ditar os dislates de que Moisés, Jesus e Maomé se fizeram eco sem, ao menos, se retirar para aliviar a tripa, comer uns frutos ou beber água. Os santos livros, tão prolixos a registar-lhe as palavras, não referem o meteorismo, a flatulência ou reumatismo que certamente haviam de o afligir.

Como é possível que, com Maomé, o mais ignorante e analfabeto dos profetas, durante vinte anos, entre Medina e Meca, não se queixasse do calor ou proferisse um impropério pela lentidão de raciocínio do profeta?

Há uma só explicação possível. Naquele tempo, a ignorância e a superstição tornavam ávidas as pessoas pelo misterioso e fantástico. As religiões vieram ao encontro dessas necessidades e serviram um Deus amigo delas e inimigo dos seus inimigos que lhes dava algum conforto e tranquilidade.

Deus é a réstia de esperança de todos os desesperos, a mezinha para todas as desgraças, o lenitivo para todos os sofrimentos e, finalmente, a ocupação e modo de vida de uma multidão de parasitas que vive do medo e insegurança alheia.

4 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Ali al-Sistani impotente para travar guerra civil no Iraque

Enquanto a violência continua a assolar o Iraque e Bush afirma que não há perigo de uma guerra civil, o ayatollah Ali al-Sistani, o clérigo shiita mais influente no Iraque, avisou que deixará de tentar conter os seus seguidores, admitindo que é impotente para travar a guerra civil que há muito se desenha neste país. Não obstante as notícias da prisão do nº2 da al Qaeda no Iraque, Hamed Jumaa Farid el-Saeedi .

O seu porta-voz, Ali Al-Jaberi, quando interrogado sobre se al-Sistani seria capaz de prevenir a guerra civil respondeu: «Honestamente, penso que não. Ele está muito zangado, muito desapontado». As razões do desapontamento do clérigo, que declarou não mais intervir politicamente, apenas religiosamente, residem no facto de os shiitas ignorarem os seus apelos à moderação e cada vez mais aderirem a grupos militantes e esquadrões de morte.

Numa reunião com o primeiro-ministro iraquiano Nuri Al-Maliki no domingo, o clérigo shiita afirmou que a guerra civil é inevitável se o governo não a conseguir de alguma forma impedir.

O Departamento da Defesa dos Estados Unidos admitiu no seu relatório trimestral ao Congresso (documento pdf) que a violência no Iraque aumentou, atingindo os valores máximos alguma vez registados, com cerca de 792 atentados semanais e 120 mortes diárias.

4 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Ratzinger acaba com concerto de Natal

O conhecido e afirmado desprezo de Ratzinger pela música moderna foi a razão invocada para a abolição do concerto de Natal do Vaticano. O concerto, introduzido por João Paulo II, cujo objectivo é a angariação de fundos para a construção de igrejas em Roma, viu assim a sua última edição no ano passado. Edição que envolveu a polémica com a brasileira Daniela Mercury, cuja participação foi cancelada devido à sua posição pública de apoio ao uso de preservativo como medida profiláctica da SIDA.

Ratzinger já tinha expresso a sua opinião de que a música pop é um «culto da banalidade» que «já não é mais apoiada pelo povo» e o rock uma «expressão de paixões elementares» um «contra-culto que se opõe ao culto cristão» pelo que a decisão não surpreende ninguém. Como se pode ler no La Stampa, o actual Papa «prefere Mozart e Bach a música pop e assim a tradição foi cancelada. Outro exemplo do legado moderno e colorido de João Paulo II desapareceu».

Aliás mais «concessões» à modernidade estão prestes a desaparecer. As mais importantes as «concessões» à execrada e ateia ciência, área onde a ICAR já demonstrou querer impor os seus anacrónicos e imbecis ditames. Para além da determinação em boicotar e exercer pressão política para impedir a investigação em células estaminais, qualquer que seja a sua origem, muco do nariz – rico nas ditas – ou embriões, temos ainda as anunciadas conclusões do seminário sobre evolução, que diria irem ser debitadas numa linguagem dúbia – que «sossegará» os cristãos mais esclarecidos, que lerão, erradamente, nas entrelinhas que afinal o Vaticano não regrediu para a Idade Média, mas simultaneamente darão alento aos fundamentalistas.

E, como já há muito prevíamos, o marketing subliminar que tenta apontar como culpado dos males da Igreja, nomeadamente a pedofilia no seu seio, o Concílio Vaticano II e os brandos costumes que permitiram, por exemplo, o abandonar das tradições centenárias de celebração da missa, está a dar os seus frutos. Nomeadamente no que respeita às alterações na liturgia introduzidas pela Novus Ordo Missae de Paulo VI que estão a ser revogadas sem grande alarido.

Ratzinger já tinha pedido condenado os excessos litúrgicos, condenação que clarificou nalguns pontos pedindo aos padres que não se utilizassem guitarras durante a missa e no último dia de Agosto admoestou os padres por «encenarem» as liturgias:

«A liturgia não é um texto teatral e o altar não é um palco. Há muitas maneiras de se celebrar Deus e de se adornar o altar mas é importante que um padre não se esqueça o que a liturgia é e se torne meramente um actor num espectáculo».

3 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Teste de fé


Segundo testemunhas oculares o pastor evangélico Franck Kabele afirmou aos seus fiéis ter tido uma «revelação» divina: se a sua fé fosse suficientemente forte poderia emular o mítico criador da seita e caminhar em cima da água.

Assim, o pastor levou a sua congregação para a uma praia no estuário de Komo, em Libreville, Gabão. Local onde os fiéis puderam assistir ao vivo ao afogamento do clérigo que acreditava ser um mito capaz de vencer as leis da física.

Este é mais um sério candidato ad majoram Dei gloriam ao prémio Darwin de 2006.

3 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Ensino da religião obrigatório na Rússia

O ensino da religião ortodoxa, disfarçado com o nome de cultura ortodoxa, foi tornado obrigatório em 4 regiões das 86 regiões e repúblicas que constituem a Rússia, nomeadamente Belgorod, Bryansk, Kaluga e Smolensk, onde todos os alunos, independentemente das suas opções religiosas, serão obrigados a frequentar as aulas de religião.

Assim, para além da imposiçao abusiva em locais públicos dos símbolos religiosos ortodoxos, que já despoletou uma guerra das cruzetas com os muçulmanos, da parcialidade do governo russo, supostamente laico, em relação à religião cristã e da antagonização dos hindus, esta clara violação da separação Estado-Igreja já foi alvo de protestos pela Inspecção Federal de Educação e Ciência.

Igor Kowaleski, secretário geral da Conferência Episcopal Russa, sublinhou a inportância do ensino da «cultura» ortodoxa cristã nas escolas, que considerou não fazer mal a alguém. O Conselho dos Mufti pediu a extensão do ensino à cultura islâmica.

Como afirma o presidente do conselho islâmico, Marat Murtazin, «A cultura ortodoxa é ensinada em 75 regiões. A posição da Igreja Ortodoxa está segura, e nada nos resta senão oferecer às nossas crianças a possibilidade de estudar a cultura da nossa fé. Esta é uma medida forçada, uma resposta e não uma iniciativa nossa».

O ensino da cultura islâmica é uma disciplina facultativa nas regiões de maioria muçulmana, concretamente na Tchetchénia, Ingushetia, Dagestão e Tatarstão.

2 de Setembro, 2006 Carlos Esperança

A droga da religião

A tradição, a coacção social e os interesses de classe ou de grupo estão na origem do proselitismo de que as primeiras vítimas são as crianças.

É habitual «dar» catequese dos seis aos dez anos, idades em que é fácil a manipulação ideológica e o exacerbamento dos sentimentos.

Os empregados de Deus já antes, logo após o nascimento, marcaram as crianças como gado de uma coutada que nunca mais podem abandonar. O baptismo ou a circuncisão imprimem marcas que os profissionais da fé não deixam apagar.

Sabe-se como nas aldeias se coage o matrimónio católico, se incita à prática da missa e organizam festas religiosas e orações colectivas. É mais temido o padre do que o fiscal dos impostos e a ida à igreja é mais assídua do que à escola.

O condicionamento da opinião pública começa, através das Igrejas, pela manipulação dos crentes. Só a secularização, que aparece com o bem-estar, independência económica e alfabetização de um povo, consegue descolar a população das sotainas e da hóstia.

Em períodos de crise, as pessoas abandonam os partidos políticos e integram-se nas Igrejas onde o pensamento único e vocação totalitária lhes levam o consolo e a calma de quem preza mais as certezas divinas do que as interrogações humanas.

Não é por acaso que, nos conturbados tempos em que as várias religiões se digladiam e o futuro da humanidade é um enigma, numerosos fiéis façam maratonas aos santuários, debitem orações e se refugiem a ouvir litanias dos profissionais do embuste.

Há sempre quem prefira viver de joelhos a morrer de pé.

2 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Fotos papais à venda

O Vaticano decidiu colocar à venda na internet cerca de 50 mil fotos, para já, dos arquivos do jornal oficial da cidade-Estado, o Osservatore Romano, fundado em 1861, poucos meses depois da proclamação do Reino da Itália (17 de Março de 1861). As funções do jornal eram, para além de apologéticas, claramente políticas, característica que se mantém até hoje. Outra característica que se mantém no jornal é o anti-semitismo, aberto até 1939, em plena II Guerra Mundial, mais disfarçado a partir de então.

A maioria das fotografias retrata Bento XVI em actividades públicas sortidas mas também é possível comprar outras fotos, já que o arquivo compreende, para além de imagens de outros pontífices, especialmente João Paulo II, João Paulo I e Paulo VI, cerca de 1200 fotos do período entre 1933 a 1975. Este acervo, para além dos pios Pios, Bento XV e João XXIII, disponibliza fotografias de Benito Mussolini*.

O preço de cada foto – estritamente para uso pessoal- em suporte papel, varia entre 2 e 64 euros mais portes de correio. Os que desejarem suporte digital pagam 8 euros por foto mais 1 euro para gravação em CD. Quem quiser publicar alguma das fotos paga, por cada vez que a publica, uma tarifa que depende do tipo de publicação, ou seja, não compra a foto apenas o direito à publicação.

*Nesta página de pesquisa escrever Mussolini.

2 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Erradicar a pobreza: uma agenda ateia

A presidente do Beverly LaHaye Institute (instituição com o nome da esposa do devoto Tim Lahaye, autor da série Left Behind), integrante da organização de extrema-direita teocrata «Concerned Women for America» (CWFA)- por sua vez intimamente ligada à Focus on the Family – atacou recentemente o National Council of Churches por, imagine-se, esta organização de esquerda, com ligações perigosas a Cuba, pretender a ignomínia de alimentar pessoas com fome em vez de lhes pregar os Evangelhos!

Janice Shaw Crouse, nomeada por Bush para as Nações Unidas, acusa a NCC de tentar erradicar a pobreza no mundo aderindo aos Millennium Development Goals das Nações Unidas, implicando que a salvação do Mundo será conseguida via ONU e não através de Cristo!

«A NCC submete-se à liderança de uma entidade secular que oferece soluções utópicas, em vez de soluções bíblicas, aos problemas do mundo. Adicionando insulto à injúria a NCC usa os seus membros como soldados que cumprem a agenda da ONU [erradicar a pobreza] pelo Mundo». Uma agenda de esquerda que pretende substituir a Bíblia!

Completamente inadmissível e anti-cristão! Um cristão quando alimenta alguém com fome tem não só que evangelizar devidamente esse alguém como frisar que o faz em nome de Deus! Esta ideia peregrina da NCC de colaborar com a ONU é uma ofensa a Deus! Para além de constituir uma ameaça aos interesses norte-americanos, como se viu na história inadmíssivel da NCC em Cuba!

Alimentar os pobres e combater a pobreza é, na opinião da fundamentalista cristã, uma experiência devotada ao insucesso e na qual não se deve investir nem mais um cêntimo! A única solução admissível é

«trabalho missionário, em que se envia pessoas para países que nunca ouviram falar do Evangelho e quebra-se o círculo da pobreza oferecendo às pessoas a esperança de Jesus Cristo»!

Ou seja, combater a pobreza é mau – perde-se clientela – especialmente mau se for via as ateias solidariedade e filantropia e não caridade cristã. O que é preciso em vez de pão é alimentar os desgraçados com fábulas e mitos e promessas ocas de uma vida melhor no «Álem»!

1 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Quem sofre de confusão moral e intelectual?

Esta imperdível peça de Keith Olbermann foi a merecida reacção do conhecido comentador ao discurso de dia 29 de Agosto à convenção nacional da Legião Americana em Salt Lake City do secretário de estado da Defesa dos Estados Unidos, Donald H. Rumsfeld. Rumsfeld acusou todos os que questionam as políticas da administração Bush em relação à guerra do Iraque em particular e ao combate «ao eixo do mal» em geral de enfermarem de «confusão moral e intelectual».

Queixando-se dos baralhados «morais» nos media americanos, que, imagine-se, deram mais importância aos abusos verificados em Abu Ghraib que ao facto de o sargento Paul Ray Smith ter ganho a medalha de honra (sic), Rumsfeld verberou que esta confusão intelectual lhes impede a apreensão das lições da História, nomeadamente no que respeita à ascensão ao poder de Hitler.

Absolutamente imperdível a crítica de Olbermann! Não há mais nada a acrescentar! Para não perderem pitada, podem ver a transcrição aqui!

1 de Setembro, 2006 Carlos Esperança

As máfias de Deus e as outras

É conhecida a religiosidade dos mafiosos sicilianos bem como de agentes de profissões análogas, como passadores de droga, traficantes de armas e proxenetas, meros exemplos da harmonia entre o crime e a superstição.

Quando, há algum tempo, a cantora pop Madonna foi à Rússia e se fez coreografar numa cruz logo as poderosas máfias autóctones a intimidaram e chantagearam com ameaças aos dois filhos e marido.

Surpreende os incautos ver máfias e Vaticano do mesmo lado da barricada, defensores dos bons costumes e do respeito pela iconografia de que a religião se apropriou.

Entre 1979 e 1982, cinco cardeais referidos no inquérito do IOR (Banco do Vaticano) e do Banco Ambrosiano, com a média de 69 anos de idade e gozando todos de boa saúde, esqueceram-se de respirar. Sucedeu-lhes o mesmo que a João Paulo I cuja imprudência de revelar que iria fazer um inquérito ao IOR logo alertou Deus para a necessidade de o chamar à sua divina presença, como soe dizer-se em jargão religioso.

Em vida de João Paulo II, enquanto foi possível conservá-lo, a Santa Aliança (agência de espionagem do Vaticano) teve um papel muito activo na venda de armas à Argentina, durante a Guerra das Malvinas, no desvio de fundos do IOR para o «Solidariedade», de Lech Walesa e na lavagem de dinheiro da droga e de outras pias actividades.

O arcebispo Paul Marcinkus, Roberto Calvi, Licio Gelli e Michele Sindona, este último lavava dinheiro de heroína, tiveram uma relação íntima com Paulo VI, João Paulo II e cardeais da Cúria num triângulo que envolvia o IOR, o Banco Ambrosiano e a falsa loja maçónica P-2.

Foi Licio Gelli quem apresentou Somoza a Roberto Calvi. A Nicarágua converteu-se em refúgio seguro para o dinheiro «B» do Vaticano e o IOR, em troca, pagou grandes somas ao ditador.

A falência do Banco Ambrosiano só não causou maiores danos ao Vaticano porque são antigas as nódoas e tão frequentes que qualquer canonização lhes serve de lixívia. Mas custou muito dinheiro ao Papa.

Fonte: A Santa Aliança – Cinco séculos de espionagem do Vaticano, de Eric Frattini.