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11 de Julho, 2007 Carlos Esperança

Bispos chantageiam o Governo

O Conselho Permanente da CEP, piquete de prevenção do episcopado, disponível para se atirar às canelas de quem ponha em causa a hegemonia da ICAR, que tanto sangue derramou ao longo da história, atirou-se ao laicismo, como gato a bofes, e ao Governo que lhe alimenta a gula.

Para o episcopado «a educação, a solidariedade social, o sector da comunicação social, o acompanhamento espiritual dos doentes e dos presos, o apoio à família e à natalidade» são áreas de que querem o exclusivo, apesar da alegada castidade que se impõem.

É difícil saber o que, se pudessem, deixariam para a sociedade. A vocação totalitária está bem viva sob as sotainas. O Inferno é uma projecção dos seus desejos íntimos para quem despreze a religião e se ria da liturgia.

Se estas santas alimárias pudessem rachar cabeças com o báculo e meter-lhes dentro o veneno da fé não haveria heresia a que não pusessem cobro, livre-pensamento que não erradicassem, direitos humanos que não abolissem.

Sob a mitra fervilha o ódio à liberdade, a gula pelo poder e o proselitismo católico. Se nos deixarmos reduzir a um bando de beatos e tímidos os bispos impõem ao ar que respiramos uma percentagem de incenso e à água que bebemos o ritual cabalístico que a torna benta.

O Diário Ateísta é uma trincheira da luta contra todos os totalitarismos pelo que não podemos permitir que das igrejas, mesquitas ou sinagogas sopre o vento da opressão e da violência.

10 de Julho, 2007 jvasco

Enviesamentos Cognitivos II – Superstição e negação

Ao procurar padrões e relações quando se analisam dados, podem ocorrer dois erros: a superstição e a negação. A superstição corresponde à detecção de um padrão inexistente: ver regularidade onde só existe acaso. A este propósito interessa contar algo.

Fizeram-se várias experiências com pombos. Em algumas, quando o pombo tocava num determinado ponto da gaiola, ele recebia comida. Se estamos perante um pombo faminto, aquilo que acontece quando ele toca nesse ponto da gaiola e recebe comida é que vai ocorrer um reforço positivo desse comportamento. Se isto acontecer varias vezes, o pombo vai «aprendendo» que tocar nesse ponto gaiola significa que vai surgir comida.
E se o pombo tocar nesse ponto da gaiola e não surgir comida? Da primeira vez que acontecer, o pombo não vai desaprender esse comportamento: esta ausência de reforço não será suficiente para fazer com que o pombo desista de tocar nesse ponto da gaiola. Mas se o pombo tocar várias vezes, sem que nada aconteça, irá ocorrer a “extinção” do comportamento anteriormente aprendido. Ele vai desaprendê-lo.
Nós podemos estabelecer uma determinada probabilidade p. Quando o pombo toca num ponto da gaiola, tem uma probabilidade p de ser alimentado. Se a probabilidade p for acima de um determinado valor, os reforços positivos serão suficientemente frequentes, e a ausência ocasional destes não impedirá a aprendizagem. O pombo saberá o que fazer para se alimentar. Se a probabilidade for abaixo de determinado valor, o pombo poderá não chegar a entender o mecanismo para obter comida.
A condição para que o pombo receba comida pode ser variada – ele pode receber ao dar um pequeno pulo, ao dar um passo para trás, ao virar o pescoço depressa, etc.. O importante é que acima de um determinado valor de probabilidade p (que pode ser bastante inferior a 1/2) o pombo aprende a lição.

B.F. Skinner fez uma outra experiência com os pombos famintos: decidiu dar-lhes comida lentamente, mas ao acaso. Sucede-se que os pombos nunca entenderam que a comida lhes era dada ao acaso. Cada vez que recebiam um grão todos os gestos que tinham efectuado nesse momento recebiam um reforço positivo. À medida que os iam repetindo sem sucesso, esse reforço ia-se perdendo, mas quando surgia um novo grão, novos gestos eram reforçados – e aqueles que tivessem acontecido em ambas as ocorrências saiam muito reforçados. Grão a grão, o pombo ia recebendo reforços e reforços, e detectando padrões onde não existia nenhum. Cada pombo foi criando uma verdadeira «dança». Às vezes davam alguns passos atrás e esticavam o pescoço para a esquerda, outras vezes andavam em círculos e davam pulinhos pequenos para a direita. Depois, a dança ia-se mantendo à medida que mais grãos iam chegando – o pombo interpretava a dança como estando a funcionar. Detectava portanto um padrão – dança igual a comida – onde ele não existia. O pombo demonstrava um comportamento supersticioso.

O comportamento supersticioso do pombo é fácil de explicar à luz da selecção natural. E os mesmos motivos que fizeram com que os pombos cometessem tais erros ao analisar a realidade também se aplicam aos mamíferos em geral e aos seres humanos em particular. Acreditar na ferradura e na pata de coelho é natural. Acreditar no azar trazido pelos gatos pretos e nos benefícios de evitar uma escada também o é.

E a negação – a recusa em assimilar padrões óbvios – pode auxiliar a superstição. As danças da chuva continuam a ser executadas, por muitas vezes que não funcionem. A pata do coelho continua a dar sorte, por muito azar em que participe, e por aí fora…

Muitas das mentiras da religião nascem desta tendência natural para a superstição e para a negação.

10 de Julho, 2007 jvasco

Enviesamentos Cognitivos I – Sobrevivendo

Num mundo sem Deus, regulado pelas leis que conhecemos, seria de esperar o aparecimento da religião.
Afinal de contas, o homem é um animal que passou quase toda a sua história como caçador-recolector, e o seu cérebro funciona de tal forma que muitas vezes se engana ao analisar o mundo que o rodeia. São comuns vários enviesamentos cognitivos.

A razão pela qual tais envisamentos cognitivos ocorrem é muitas vezes explicada pela selecção natural, pela forma como o cérebro funciona, pela psicologia humana. Importa conhecê-los para que a nossa análise ao mundo que nos rodeia seja menos deturpada.

Nesta série de artigos falarei sobre a superstição, a negação, o pensamento veleitário, a ilusão de controlo, o efeito de rebanho, a percepção selectiva e o enviesamento confirmatório. Conhecendo estes enviesamentos cognitivos, é mais fácil compreender o fenómeno religioso.

10 de Julho, 2007 Carlos Esperança

O fundamentalismo católico

O Papa B16 não é só o monarca absoluto cuja vocação autoritária arredou da comunhão os teólogos progressistas, é o autocrata que abraçou os sucessores de Lefebvre e se conluiou com o Opus Dei com os quais sempre partilhou a fé e a intolerância.

Bento 16, apesar dos tempos maus para o pensamento único, entende que há um só Deus verdadeiro – o seu, uma só língua sagrada – o latim e um só representante legítimo – ele próprio.

O velho autocrata sangra o Vaticano II como os magarefes os porcos, até à última gota. Era previsível um Papa que vingasse a tentativa de acertar o passo com a modernidade, que combatesse o pluralismo e declarasse guerra à democracia.

Ninguém seria melhor do que o antigo e inflexível Prefeito da Sagrada Congregação da Fé, herdeiro espiritual das fogueiras do Santo Ofício e da tortura, para ressuscitar a Igreja medieval, fábrica de heróis, santos e mártires, capaz de espalhar a fé e a peçonha pelos quatro cantos do mundo.

O Vaticano reafirma a «exclusividade» católica, isto é, declara que há uma só Igreja verdadeira, donde se conclui que todas as religiões são falsas, excepto a católica, na melhor das hipóteses. Provavelmente são todas.

Eis o fundamentalismo católico em todo o seu esplendor, a demência da verdade única, a visão simétrica do Islão, a cruzada contra a tolerância, o ódio à liberdade, o requiem pela democracia. O Papa fez tábua rasa da Reforma. É a Contra-Reforma que volta. Não são apenas as mesquitas que semeiam o ódio e a exclusão. O catolicismo pede meças.

10 de Julho, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

"Medicina" religiosa nos Hospitais

Seria por certo lógico alargar a medicina para fora dos Hospitais, quem sabe inserir cursos de primeiros socorros em todos os sistemas de educação, mas aparentemente não o é. Quem de lógica e racionalidade pouco usufrui não perde tempo em inverter as necessidades Humanas e consequente bem-estar, antes contagiar pilares da ciência, tecnologia e conhecimento ao serviço da saúde com vírus religiosos, religioso neste caso concreto, a diversidade das mutações tende a ser erradicada pelo vírus dominante.

A Comissão de Liberdade Religiosa (CLR) debate mitologia inserida à força de marreta onde mais ela destrói, educação, saúde e quem sabe um dia nas aulas de condução também, Jesus Cristo é o meu guia, esbarramento provável pois o homem não sabia conduzir. Meias verdades e meias mentiras, tudo o mesmo mas difere sempre nos arranjos demagógicos polidos a várias mãos, sempre pela mesma lixa da falácia, da afirmação sem evidências, e ginásticas de raciocínio a provar que o contorcionismo está na cabeça de quem tem fé, existe mesmo.

O conceito de liberdade religiosa é uma grande mentira, liberdade do autoritarismo cristão seria já uma meia verdade, libertinagem cristã o melhor nome para a espécie de Comissão. Do Jornal de Notícias de 4 de Julho de 2007, 2ª página tão importante o tema é, extraímos casos interessantes do anteriormente exposto.

O padre José da Silva, coordenador dos capelães hospitalares afirma que a remuneração faz parte do princípio de que a assistência religiosa “é um cuidado de saúde”. Até hoje ninguém provou tal afirmação, e o dogma do “cuidado de saúde” lembra os pecados do preservativo e os milhares de mortos com SIDA devido a tão excelsas medicinas cristãs. Quem sabe não serão antes exorcismos como os que alguns padres fizeram recentemente em Itália a homossexuais para lhes tirar uma substância maligna do corpo, exorcismos também feitos a Hitler e Estaline pelo chefe médico do Vaticano, parece que a distância interferia nas emissões e recepções.

Assistência de saúde por via psicológica? Conforto? Fé? Não passam de processos neuronais em muito semelhantes ao sexo. Fé? Apenas uma baixa densidade do receptor serotonínico 5-HT1A. Uma alteração da consciência que pode ser induzida por alucinogénios como o LSD e a psicocibina. Se doenças neuronais aparentam os doentes, existem psicólogos e psiquiatras, induzir estes estados em Hospitais é contra producente.

Outro assunto abordado no jornal anteriormente referido foi o do conceito de liberdade religiosa, onde se falam de diversas religiões, pluralismo portanto, Igreja Católica, Igreja Evangélica e Protestantismo, em suma, sem nevoeiros, Cristianismo. Isto não é pluralidade nem em Marte, é uma religião, e por mais que a ramifiquem continua a ser a mesma religião, uniformidade e não pluralismo como se tenta fazer acreditar. Podem acrescentar a Igreja Batista Da Pomba Sacrificada, a Igreja Evangélica Do Pastor Paulo Andrade (O Homem Que Vive Sem Pecados), o Terreiro Umbandista Da Mãe Maria Da Lavagem, toneladas delas, é apenas Cristianismo.

Logicamente esta agressão é extensa, envolve todos os ateus, agnósticos, hindus, budistas, judeus, islâmicos, em suma, um sectarismo ridículo e uma descriminação a todos os não-religiosos e não-cristãos. As igrejas esvaziam, factor que empurra os fomentadores das religiões cristãs para os sítios públicos onde não deveriam ter lugar. Doentes que queiram homilias que as paguem e as recebam nos horários das visitas, os hospitais deveriam ter batas brancas e não sotainas pretas.

Relativamente à posse de objectos pessoais de culto pelos doentes, segue a seguinte afirmação do mesmo jornal “direito de posse de publicações e objectos pessoais de culto, assim como de sinais e vestes”. Poderão os doentes andar com incensos? Poderão andar com o Kama Sutra (livro sagrado do Hinduísmo) e efectuar actos de culto sexuais? Poderão fumar cannabis como forma de contacto com os deuses? Poderão consumir alucinogénios para conforto espiritual? Poderão efectuar sessões de Reiki? Yoga? Poderão andar nus como liberdade religiosa de vestes? Poderão levar Budas e panos psicadélicos de deuses Hindus para adornar paredes?

Para além dos Hospitais, esta Comissão de Autoritarismo Cristão quer marretar religião em quartéis, centros educativos, forças de segurança e prisões. Não tarda e querem meter cruzes e outros símbolos de culto nas casas de banho públicas, tirem de lá o homem pelo menos que ver uma pessoa a sofrer e a escorrer sangue numa cruz é deprimente, culto ao sofrimento já dá nó na tripa que chegue.

Ámen.

10 de Julho, 2007 jvasco

Ateísmo na Blogosfera

  1. «Enquanto o Desenho Inteligente ou neo-criacionismo tenta disfarçar os seus propósitos religiosos sob uma capa de pseudo ciência, os criacionistas puros e duros pelo menos são mais honestos intelectualmente. De facto, assumem abertamente não só os seus pressupostos – nas palavras de Ken Ham «A Bíblia é a palavra de Deus, a sua história é realmente verdade, estes são os nossos pressupostos ou os nossos axiomas» – como o seu desprezo pela ciência, em especial pelo evolucionismo, que asseveram estar «a virar inúmeras mentes contra o evangelho de Cristo e a autoridade das Escrituras», para além de ser responsável por tudo e mais umas botas, da tragédia de Columbine à morte de Steve Irwin, o conhecido “Crocodile Hunter”.»(«Uma crítica construtiva», no De Rerum Natura)
  2. «No meio dos seus delírios religiosos George W. Bush não tem qualquer pejo em confidenciar-nos como vai longe a lucidez que se esperava do governante mais poderoso do mundo, há muito substituída pela irracionalidade e pela loucura fanática de uma fé completament alucinada:

    “Estou a cumprir uma missão que Deus me confiou. Deus disse-me: George, vai combater os terroristas no Afeganistão. E eu fui. E depois Deus disse-me: George, vai acabar com a tirania no Iraque. E assim fiz”
    “E agora, mais uma vez, sinto que ouço as palavras de Deus: Vai arranjar um Estado para os palestinianos e estabelecer a segurança em Israel. E, por Deus, vou conseguir esse objectivo”
    Governar em nome de Deus», no Random Precision)

  3. «A história da igreja católica é conhecida – os factos estão estudados, foram analisados e comentados por estudiosos das mais variadas orientações. Sabe-se das condenações oficiais do lucro, da anatemização do “juro” e da censura clerical dos mais rudimentares princípios da liberdade económica (e não só). De há muitos séculos a esta parte este foi o tom oficial.
    Também se conhece bem a história da Inquisição e os efeitos tremendos que as perseguições e convivência centenária com a intolerância aportaram. A história da igreja católica, certamente, não se resume à Inquisição mas é impossível compreender uma sem a outra – e o caso português, neste particular, constitui um verdadeiro case study.
    »(«O “EQUÍVOCO MOLINA”», no Blasfémias)
9 de Julho, 2007 Carlos Esperança

ICAR – A interrupção voluntária do celibato

O bispo dos Açores admite a interrupção voluntária do celibato eclesiástico tornado obrigatório pelo concílio de Latrão, em 1139.

Quando os bispos começam a pronunciar-se no sentido de interromper uma tradição, de mais de oito séculos, é, de certeza, uma tentativa para auscultar reacções da clientela e a resposta do mercado da fé.

Não é uma questão religiosa que está em causa, é um problema de recursos humanos da ICAR que urge resolver.

Há, todavia, no casamento dos padres três perigos que facilmente se adivinham:

1 – O possível aumento de candidatos numa altura em que a espécie se encaminha para a extinção;

2 – O acréscimo da força de vendas da fé católica com o regresso de muitos dos 100 mil padres casados;

3 – A diminuição drástica dos escândalos sexuais contribuindo para a dignificação do clero e para o aumento do número de crentes.

O único aspecto positivo residirá na discriminação das freiras, a quem o Vaticano nunca apoiará a mais leve tentação libidinosa e, muito menos, o direito reprodutor, acentuando o carácter misógino e a desigualdade de sexos que fazem parte da tara genética comum às três religiões do livro.

9 de Julho, 2007 Ricardo Alves

Bin Laden, o Bom Samaritano

No início dos anos 80, nos hospitais de Peshawar, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, havia um homem que ia de cama em cama, a dar uma palavra amiga aos feridos, distribuindo chocolates e frutos secos, e tomando nota do nome e endereço de cada mujahedin. Em casa, a família destes bravos lutadores contra o comunismo ateu recebia um chorudo cheque, com os cumprimentos do senhor Ossama Bin Laden.

A prática da caridade, para a qual nunca faltou dinheiro a um dos filhos de uma das mais ricas famílias sauditas, não é contraditória com a jihad. Amor para os nossos, e hostilidade para os de fora, são os dois preceitos que asseguram a estabilidade de muitos grupos sociais. Com uma ou outra variação, e com maior ou menor clareza, esta mecânica existe em todas as comunidades religiosas. E funciona.

Bin Laden ficou conhecido como «o Bom Samaritano». Anos depois, os pobres do Afeganistão e da fronteira paquistanesa ainda se recordam dele. Sacrificou uma vida serena, com dinheiro e conforto, pela sua fé. Um exemplo.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]