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Categoria: Não categorizado

9 de Outubro, 2007 Helder Sanches

Afinal, são deuses

Depois de algumas trocas de impressões com o comentador António, fiquei com a ideia que isto de falarmos de deus de uma forma abstracta é simultâneamente perigoso e inconsequente. O António, por exemplo, define deus como sendo a “bondade humana”. Há quem defina como sendo o conjunto das forças da natureza. Outros, ainda, definem-no como o criador. As definições são variadas e, provavelmente, impossíveis de enumerar.

Esta característica da crença em deus é perigosa e pode funcionar como uma potencial armadilha na abordagem do ateísmo. Os multifacetados conceitos de deus dão cobertura a equívocos e a mal-entendidos.

De agora em diante, antes de iniciar qualquer discussão, prestarei mais atenção à definição de deus válida para o meu interlocutor. É como entrarmos num jogo em que cada vez que este se inicia as regras mudam consoante o adversário. Vá-se lá entender porquê.

8 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Momento poético: Aparição Luxuriosa

Sumptuosamente entraste no meu quarto,
Pés nus luzidios, pele acetinada e resplandecente,
As ligas vermelhas torneavam as tuas pernas esguias,
Perguntei que querias,
Devassa e felinamente me agarraste, me excitaste,
Beijos ensalivados no nirvana dos desejos,
Subtilmente me acariciaste, me extasiaste,
Por milagre me despiste,
Sorriso luxurioso te brotou,
Horizontalmente me possuíste,
Dentro de ti me sentiste,
Gemias extasiadamente em contorções magnificentes,
Tão louca te sentias, eu não, doía-me os dentes,
Quiseste por trás,… e eu zás!
Ensarilhados na luxúria,
Me contaste dos teus anos de penúria,
Os orgasmos se seguiram,
E prosseguiram…
Extenuados nos abraçamos enquanto fumávamos ópio,
Afagavas-me o peito enquanto falavas da virgindade,
Nunca romperas o hímen, que ninguém sabia a verdade,
Cansada de tentar, não tinha sido desta, querias pôr-te a andar
Maravilhado com tua divindade corporal nem conseguia falar,
Apenas pensei, o teu nome, qual seria?
Novo milagre aconteceu, ouviste,
Docemente me disseste… Virgem Maria.

Também publicado em LiVerdades

Brevemente a ser publicado em livro, ou se calhar não.

8 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

João César das Neves (JCN) errou a vocação. Em vez da economia devia ter seguido a teologia. Teria sido um excelente «estudante de teologia» e seria hoje um eminente teólogo que uma legião de crentes exaltaria.

Não teria sido assessor de Cavaco para a área económica mas seria o exegeta de serviço à Conferência Episcopal para a interpretação dos textos sagrados ou, no caso de uma teocracia, titular do Ministério de Fomento à Virtude e de Prevenção do Vício, uma das pastas mais importantes em qualquer Governo teocrata com talibãs que se prezem.

Na sua homilia de hoje, no DN, JCN diz coisas verdadeiras e coisas interessantes mas as primeiras não são interessantes e as últimas não são verdadeiras. Leia-se a homilia completa.

Quem tem em mais elevado apreço a salvação da alma do que a liberdade de expressão facilmente defende que «Os muçulmanos têm justificadas razões de queixa, a juntar aos cartoons nórdicos, que aliás se repetiram essa semana na Suécia», o que certamente justifica a fúria devota com que se dedicam ao terrorismo, porque «Os ocidentais, ditos civilizados, parecem não saber a diferença entre liberdade de expressão e insulto soez e gratuito».

Com JCN ficamos a saber que:

– «o primeiro regime teocrático xiita da História [Irão] não é uma ditadura desmiolada. É uma democracia que há quase três décadas manobra com argúcia na cena mundial»;

– o discurso de Bento XVI na Universidade de Ratisbona foi «um texto genial» que nos conduz (deduz-se que se refere a todos os homens e, talvez, também às mulheres) a esta conclusão: «A única salvação é aderir à razão serena e ao Deus do amor, como diz a grande maioria dos muçulmanos e americanos».

JCN parece desejar uma democracia à medida de Bush e de Mahmoud Ahmadinejad sobretudo se Bento XVI puder orientá-la à vontade do único Deus verdadeiro – o seu.

8 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Ainda sobre a Resolução

Alongando um pouco mais o tema lançado pelo Carlos Esperança, no texto do sitio da EuroNews que está em Português, não se encontra um paragrafo de grande importância que está incluído na Resolução, e que gostava de lançar para o debate:

« creationismo está a afectar «uns quantos» membros da CE, incluindo, Bélgica, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Polónia, Rússia, Servia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, e o Reino Unido» ver aqui

Como tal, deixamos de nos encontrar no âmbito do «debate», ou de «recomendações» esotéricas (como se pode ler nalguns comentários ao artigo do Carlos). Estamos a falar de um perigo real. De uma influência negativa. Mas qual a razão para esta ameaça?

Numa leitura mais profunda, não é a democracia no ensino que está as ser defendida, ou o aumentar do conhecimento dos meninos para os deixar decidir por eles próprios. O que está se está a tentar fazer, novamente, é minar o pensamento racional, para um melhor controlo dos crentes.

Vejam o que diz o Professor Reiss (Doutorado em Biologia e Padre na Church of England), «os professores não podem ignorar que existe um cada vez maior número de crianças muçulmanas e cristãs que acreditam no creacionismo».

Ora aqui está! Esta é a preocupação dos teocratas: que as crianças possam saber qual a distinção entre ciência e fantasia, entre realidade e ficção, e como tal, possam perceber as razões das suas crenças, e entender os fundamentos dos seus dogmas.

É a continuada tentativa do controlo do pensamento. Um 1984 religioso.

É por razões como estas que aplaudo uma Resolução que tem a coragem de escrever que: «o Criacionismo pode ser uma ameaça para os direitos do homem». Porque o é! Sem qualquer dúvida.

Para saber mais, visite o NOVA
7 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

E se Bin Laden consagrasse a Europa a Maomé?

Os bispos e cardeais presidentes das Conferências Episcopais Europeias consagraram este fim-de-semana a Europa a Nossa Senhora de Fátima, numa cerimónia que decorreu no santuário mariano português.

Um bando de três dúzias de bispos e cardeais, a arrotar hóstias e latim, deliberaram consagrar a Europa à senhora de Fátima.

«Para quem não tem vergonha, todo o mundo é seu» – diz o adágio. E foi o que as santas cavalgaduras pensaram, lestos como cães a passar por vinha vindimada, tão convictos de que a Europa é uma coutada do Vaticano, que não se deram conta de que a Reforma subtraiu vários povos ao jugo selvagem do Papa.

Não é que a consagração da Europa à senhora de Fátima, qual mau-olhado, seja causa de desgraças, pestes e inundações, o que surpreende é a desfaçatez com que metem o báculo em terra alheia, agitam as mitras em países que desprezam a burla de Fátima e tomam por súbditos do Vaticano protestantes, ortodoxos, budistas, ateus e muçulmanos que vivem no espaço plural, tolerante e democrático da Europa.

Só há um bairro de má fama e pior frequência, infestado de sotainas, onde a democracia está excluída dos hábitos e os direitos humanos e o Estado de direito postergados. É o Vaticano, esse Estado que envergonha o Continente, o furúnculo criado por Mussolini cujas ideias habitam o coração do ditador vitalício que começou nas alfurjas do exército nazi e acabou a dirigir a sarjeta do catolicismo – Ratzinger.

A vocação totalitária destes terroristas da fé fica bem expressa no desprezo a que votam os que não acreditam na burla do seu Deus e os que acreditam em burlas diferentes.

5 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Bento 16 afronta a liberdade.

Bento 16 é a melhor imitação possível dos mullahs islâmicos. O PAPA DIZ QUE SOMENTE A LEI DE DEUS PODE REGER OS HOMENS do mesmo modo que qualquer teocrata islâmico impõe o Corão. O direito civil e penal tem de encontrar justificação no Novo testamento. Pode pensar-se que é a ideia de um louco mas o mundo tem sido governado por muitos.

O fascismo islâmico usa o árabe como língua sagrada, B16 quer o latim. Os estudantes de teologia islâmica embirram com estátuas de Buda, os católicos com o preservativo. No Irão chicoteiam-se as mulheres e no catolicismo desprezam-se. Nos centros de formação terrorista criam-se mártires a quem se prometem virgens e outras iguarias. No Vaticano canonizam-se os mártires que iam à missa para provocar os simpatizantes dos mártires que não iam.

Há na demência religiosa um ódio violento à liberdade individual e à livre determinação pessoal. O clero gosta da clausura, dos cilícios, das orações e da renúncia ao prazer. O papa é hoje o maior intriguista europeu e o Vaticano o antro onde se urdem conjuras contra a liberdade e a democracia.

Se uma pessoa de bem se vestisse como o Papa B16 seria objecto de troça e detonador do riso. No caso do ditador do bairro de 44 hectares as vestes talares são objecto de culto.

Poucos se dão conta da mudança radical entre JP2, um pobre diabo que cria em Deus e nos milagres, e o actual Papa que pretende subverter as democracias, proibir o divórcio, impedir a educação sexual, disseminar a homofobia, opor-se ao planeamento familiar e convocar os líderes políticos para a hóstia, o terço e novas cruzadas.

É preciso estar atento aos ventos que sopram do antro do Vaticano.

5 de Outubro, 2007 Helder Sanches

Sóbria loucura?

Em todos os bairros existem cidadãos emblemáticos pelas melhores e pelas piores razões. Por aqui, na Penha de França, em Lisboa, existe uma senhora, provavelmente sexagenária, que leva o dia inteiro de um lado para o outro a resmungar e a gritar sozinha em protesto contra as injustiças da vida.

A senhora está neste momento sentada no jardim em frente a minha casa numa gritaria desenfreada, criticando e lamentando todos os que gastam demasiado dinheiro e depois se queixam que o ordenado não lhes chega a meio do mês. Pelo meio vai fazendo referências aparentemente despropositadas a outros assuntos, cantando umas músicas de algum folclore do país real irreconhecíveis por estes ouvidos metropolitanos e levantando as mãos aos céus provavelmente à espera de alguma resposta ou sinal.

Num dos seus apartes, perguntou: “E, agora, a Nossa Senhora… Construiram lá em Fátima mais uma igreja que custou milhões de contos… Para quê? Será que a Nossa Senhora precisa da igreja para alguma coisa? Aquele dinheirinho não fazia mais jeito aos pobres que não têm dinheiro para comer?”.

Sempre achei que a definição de loucura era das mais difíceis de elaborar!

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)