Momento zen de segunda
Não teria sido assessor de Cavaco para a área económica mas seria o exegeta de serviço à Conferência Episcopal para a interpretação dos textos sagrados ou, no caso de uma teocracia, titular do Ministério de Fomento à Virtude e de Prevenção do Vício, uma das pastas mais importantes em qualquer Governo teocrata com talibãs que se prezem.
Na sua homilia de hoje, no DN, JCN diz coisas verdadeiras e coisas interessantes mas as primeiras não são interessantes e as últimas não são verdadeiras. Leia-se a homilia completa.
Quem tem em mais elevado apreço a salvação da alma do que a liberdade de expressão facilmente defende que «Os muçulmanos têm justificadas razões de queixa, a juntar aos cartoons nórdicos, que aliás se repetiram essa semana na Suécia», o que certamente justifica a fúria devota com que se dedicam ao terrorismo, porque «Os ocidentais, ditos civilizados, parecem não saber a diferença entre liberdade de expressão e insulto soez e gratuito».
Com JCN ficamos a saber que:
– «o primeiro regime teocrático xiita da História [Irão] não é uma ditadura desmiolada. É uma democracia que há quase três décadas manobra com argúcia na cena mundial»;
– o discurso de Bento XVI na Universidade de Ratisbona foi «um texto genial» que nos conduz (deduz-se que se refere a todos os homens e, talvez, também às mulheres) a esta conclusão: «A única salvação é aderir à razão serena e ao Deus do amor, como diz a grande maioria dos muçulmanos e americanos».
JCN parece desejar uma democracia à medida de Bush e de Mahmoud Ahmadinejad sobretudo se Bento XVI puder orientá-la à vontade do único Deus verdadeiro – o seu.