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Categoria: Não categorizado

22 de Outubro, 2007 Helder Sanches

O que fazer aos outros?


“Não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti”.

Esta é uma máxima que parece ser basilar, pelos menos em teoria, para grande parte dos seguidores da doutrina cristã. Parece-me que este princípio, por mais justo e saudável que pareça, encerra em si próprio todo o potencial para o desenvolvimento de uma cultura egoísta e intolerante. Não fazermos aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem é uma forma de querermos impor os nossos critérios morais a terceiros.

Parece-me muito mais justo, correcto, saudável, tolerante e democrático o seguinte raciocínio: “Não faças aos outros aquilo que eles não quiserem que lhes façam”.

Tudo isto a propósito deste artigo, onde o comentador António se acha no direito de avaliar o que é ou deixa de ser moralmente aceitável para terceiros. Porque o António se choca com determinada matéria, não só entende que os outros também se devem chocar como, indo mais longe, se questiona, inclusivamente, sobre a legalidade do produto e da sua exposição (pelo menos entendi assim, o António que me corrija se eu estiver equivocado).

Não vejo como poderei contribuir para a felicidade alheia limitando terceiros aos meus valores morais. O limite será sempre a lei em vigor e, nos casos em que esta já não se adequar à realidade e ao evoluir dos tempos, há que fazer tudo para a mudar. Claro está que não estou a falar da lei de qualquer deus; quem se quiser limitar por essa é livre para o fazer sem a tentar impor aos outros.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

22 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Opinião pessoal

Este é um espaço para opiniões sobre ateísmo, e não para explicações de foro pessoal. Mas há um assunto que me sinto obrigado a referir aqui, para que seja visível para todos, principalmente para os que estão a usar a argumentação que vou referir a seguir.

Eu, como colaborador do D.A., não tenho que me distanciar, repudiar, criticar, vilipendiar, ou outra coisa qualquer acabada em «ar», de artigos ou opiniões deste sítio. Certo?! Estamos entendidos?

Estou a começar a ficar seriamente irritado com os argumentos da «estatística dos 9 em 10», dos que «se aliam pelo silêncio» a posições extremistas, «que não se insurgem» por este ou aquele comentário, que têm falta de «ética», falta de «coragem», falta de cálcio nos ossos e outras saloiadas.

Eu não tenho que proclamar publicamente que quero me distanciar de coisas que não fiz, de posições com que não concordo, com atitudes que não aprovo. Enough already!!!

No final da página do D.A. está uma frase que diz, e passo a transcrever: «As opiniões expressas no Diário Ateísta são estritamente individuais e da exclusiva responsabilidade dos seus autores, e não representam necessariamente a generalidade dos ateus». Portanto, e para as pessoas que deixam aqui comentários do estilo que referi acima, parem com o argumento ridículo do «se não diz nada contra, é porque está a favor».

E uma nota em relação a livre expressão, algo que sempre incomodou os religiosos, e agora, cada vez mais, por causa de qualquer pessoa poder expressar a sua opinião sem ter de pedir autorização ao padre da paróquia ou ao bispo da cidade: livre expressão é o direito da pessoa que ofende, como é o direito daquele que é ofendido. A liberdade de expressão significa a liberdade da pessoa que pensa de uma forma diferente, e a liberdade da pessoa que se sentiu ofendida. Liberdade de pensar o porquê de se ter sentido ofendida, o porquê de pensar da maneira como pensa, o porquê de ser diferente da outra pessoa, o porquê de pensar que a sua posição está correcta, enquanto a que ofendeu está errada. Mas os crentes têm dificuldade em pensar nestas coisas, habituados a usar o subterfúgio da «blasfémia», da «perseguição», «da ofensa». Emancipem-se! Ergam-se da vossa posição de ajoelhados. Juntem-se a uma sociedade (cada vez mais) democrática.

Mas deixo alguém muito melhor que eu defender liberdade de expressão:

http://www.youtube.com/watch?v=EUphTYPMB4o

http://www.youtube.com/watch?v=9jnD4Mc3VUw&mode=related&search=

Lamento o teor mais desagradável deste texto, mas a paciência tem limites.

22 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Paixão de Cristo e o Anti-semitismo

O filme “Paixão de Cristo” de Mel Gibson é o mais polémico filme de sempre segundo a “Entertainment Weekly magazine” de Junho de 2006, e as razões para a polémica são mais que muitas. O filme nascido da fé católica extrema de Mel Gibson foca cerca de 2/3 do seu tempo na brutalidade e na violência, apelidado de “The Jesus Chainsaw Massacre” por David Edelstein da Slate Magazine. Mas a inflamação possível da religiosidade e do sectarismo advém do seu conteúdo explicitamente anti-semita, novamente se alude ao deicídio cometido pelos Judeus, para além dos estereótipos clássicos, um filme que nasce do mais puro ódio cego religioso.

Tudo se torna mais nítido quando se conhece o que ocorre por trás do filme, Mel Gibson define-se como intermediário do verdadeiro realizador da Paixão de Cristo, o Espírito Santo. O fanático católico, líder da sua própria seita sediada na Holy Family Chapel, é conhecido pelas suas declarações recorrentes de ódio vesgo, das suas contradições torrenciais, do seu ódio à homossexualidade e em muito especial, aos Judeus.

Em 2004, Frank Rich escreveu no The New York Times que o filme de Gibson podia inflamar o anti-semitismo, declarações às quais Mel Gibson responde com o seguinte: “Eu quero matá-lo. Eu quero os intestinos dele num pau. Quero matar o cão dele.”. Numa entrevista de 1995 à Playboy, Gibson fala sobre um autor Britânico que escreveu uma biografia sua: “Não acredito que deus o coloque no meu caminho, ele merece a morte.”, sendo seguidamente confrontado com os vários protestos respeitantes a declarações suas homofóbicas, às quais responde dizendo que: “Pedirei desculpas quando o Inferno congelar. Eles que se fodam.”.

O fanatismo de Gibson parece não conhecer limites, e os seus ódios surgem em catadupa, desde paranóias como “Fucking Jews!” como a declaração: “Os Judeus são os responsáveis por todas as guerras no Mundo.”, acusando-os também de tentarem culpar a Igreja Católica Romana pelo Holocausto.

Perante este conjunto de convicções bárbaras, fica a questão de como é possível metamorfoseá-las em cinema, para isso detém a sua própria empresa, a Icon Productions que detém laços com a Fox Filmed Entertainment. O anti-semitismo da Paixão de Cristo apenas ficaria perfeito com a inclusão da cena onde seria proferida por Caiaphas* a seguinte frase “His blood be on us, and on our children.”, a condenação de todos os Judeus e seus descendentes por deicídio, cena retirada por Mel Gibson apenas porque “se eu incluísse essa cena eles vinham a minha casa e matavam-me.”.

Links úteis:
Wikipédia: The Passion of Christ
About.com: Does Mel Gibson Profess Antisemitism?
USA Today: Gibson’s way with words
ABC News: Mel Gibson Addresses Accusations of Anti-Semitism
AlterNet: Where Mel Gibson Got His Anti-Semitism
WorldNetDaily: A passionate Mel Gibson strikes back against critics
Telegraph: Mel Gibson Christ film is branded anti-Jewish
New York Times: Gibson To Delete A Scene In “Passion”
SPLCenter: The New Crusaders

Também publicado em LiVerdades

*Erradamente havia referido anteriormente o nome Barabbas.

21 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Diálogo de religiões

O diálogo de religiões é uma impossibilidade teórica e prática. Pode – e deve – haver diálogo de culturas. Aliás, as culturas contaminam-se, no sentido sociológico, e acabam por ser a síntese de várias, o produto da convivência entre comunidades diversas, o resultado da assimilação mútua e recíproca dos usos e costumes de todas e cada uma.

O diálogo das religiões é diferente – uma utopia na melhor das hipóteses e, na pior, uma operação de marketing para facilitar o proselitismo e disfarçar o ódio à concorrência. A religião, qualquer que ela seja, considera-se a única que interpreta a vontade divina e, pior do que isso, exige que os outros se submetam à vontade do seu Deus.

Os homens estão condenados a entenderem-se, os deuses não podem fugir ao confronto. O boato de que os livros sagrados são a expressão da vontade divina, ditados por anjos ou intermediados por profetas transforma as mentiras em dogmas e as crises demenciais do seu Deus em mensagens a que os homens se devem submeter.

Quando um dignitário de uma Igreja fala em diálogo das religiões tem em vista aparecer aos olhos do mundo globalizado como o primeiro entre pares, o líder da unificação de todos os credos onde promete o Paraíso para todos e se prepara para combater os ateus.

Não há diálogo entre doutrinas totalitárias. Não é possível haver cedências em nome de Deus simplesmente porque este não existe e os que dizem representá-lo não sabem disso ou, sabendo, não querem prescindir dos privilégios do múnus ou do conforto do clã. Deus é o maior detonador do ódio que os homens inventaram. Tem os piores defeitos dos seus criadores e minguam-lhe as virtudes que a humanidade, na sua caminhada, foi adquirindo.

Não é por acaso que as sociedades secularizadas e os Estados laicos protegem direitos, liberdades e garantias, pugnam pela não discriminação em função da raça, sexo ou religião, em suma, são plurais, tolerantes e regidas pelo direito. Pelo contrário, as sociedades que se regem pelos livros sagrados são intolerantes, cruéis e misóginas, perpetuam os hábitos tribais e exercem a jurisprudência divina – um simulacro de justiça administrada pelos clérigos com a crueldade que só Deus pode.

21 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

paz no mundo

Estudiosos proeminentes da religião islâmica avisaram que «a sobrevivência do mundo está em perigo» se os muçulmanos e os católicos não tiverem um ambiente de paz entre eles. Numa carta «aberta» sem paralelo na história, 138 líderes estudiosos do Islão pediram aos líderes católicos para «haver uma aproximação das duas religiões para encontrarem os seus pontos comuns».

Na carta pode-se ler que «encontrar esse ponto comum não é apenas uma maneira politica de encontrar um dialogo ecunémico, mas porque as religiões católicas e islâmicas detêm entre elas 55% da população, o que faz as relações entre as duas comunidades um factor contributivo para a paz no mundo. Se muçulmanos e católicos não estiverem em paz, o mundo não estará em paz».

Alguns pontos rápidos em relação a esta iniciativa dos “estudiosos” do Islão

1. Para quem procura a paz, o silêncio dos mulás aquando dos consecutivos ataques terroristas feitos em nome do Islão, não é coerente.
2. Para quem procura a paz, não pode ter um regime teocrático como o Irão à procura de ter a capacidade de produzir um arsenal nuclear.
3. Para quem procura a paz, não pode estar sistemática a boicotar acções internacionais para resolver a questão palestina – israelita (e o mesmo para os fundamentalistas sionistas)
4. Para quem quer paz, não pode oprimir os seus próprios cidadãos, com penas de morte para a apostasia, ou opressão das mulheres e das minorias.

Quanto ao que é mais importante: mais uma vez temos os líderes religiosos a acharem-se como os salvadores de serviço da raça humana. Não só a maior parte das tensões mundiais têm fundamentos religiosos (Pakistão-India, Xiitas e Sunitas no Iraque, Muçulmanos e Católicos na ex-Jugoslávia, Moderados e extremistas religiosos no Maghreb, católicos ortodoxos e muçulmanos na Tchetchenia , tribalismo religioso em Africa, catolicismo e protestantismo na Irlanda do Norte, etc etc), é difícil acreditar que há vontade de se entenderem.

Claro que é de louvar que tentem se entender. A acção destrutiva da religião tende a ser cada vez pior se não for controlada. Mas não serão os líderes religiosos que o farão. Tem de ser as forças seculares a forçar esse processo: com uma ajuda à emancipação de religiosos que tenham dúvidas nas razões para ter fé, com a tentativa de haver uma maior abertura dos países muçulmanos ao ocidente, com um controlo do colonatos judaicos em Gaza, com a progressiva perda de influência da igreja católica nos corredores de poder da Europa ou dos evangelistas cristãos em Washington. Porque uma coisa é verdade, nós os ateus, nós os defensores de sociedades seculares, estamos igualmente nas mãos destas «mudanças de humor» religiosas.

21 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Ateus e avençados do divino

Há vários equívocos que urge resolver no Diário Ateísta, ainda que desagrade a muitos leitores.

Sem me arvorar em administrador do DA, julgo-me com autoridade para apelar à contenção da linguagem, particularmente ao carácter obsceno e às provocações gratuitas, venham de onde vierem, de ateus ou de devotos.

A escrita a negrito ou em maiúsculas é uma atitude pouco simpática num blogue que não costuma interferir nas discussões entre leitores. Evitar manifestações de xenofobia, ódio, racismo ou homofobia não é apenas um dever, é uma exigência do DA.

Quanto aos equívocos: o DA é, de facto, um lugar de discussão pública, mas um espaço de ateus. Se a tolerância ateia consente as diatribes dos crentes é por tolerância que não nos seria consentida nos espaços beatos donde vêm os bandos de prosélitos.

Não é aqui o espaço adequado à discussão entre ateus e beatos, ainda que o nosso apego à biodiversidade procure defender a reserva ecológica dos que julgam que Deus fez o mundo em seis dias sem se interrogarem o que fez depois.

Os ateus não têm a mínima consideração ou respeito pelo Deus abraâmico ou outro, tal como os devotos não apreciam o ateísmo. Não é nossa intenção perseguir os crentes pois não nos move o proselitismo, mas não gostamos que os crentes venham insultar-nos à nossa casa. Bem sei que os hábitos totalitários das religiões levam os dementes da fé a julgar que todo o mundo é seu.

Tal como um bando de bispos resolve benzer toda a Europa, como se o continente fosse uma feitoria do Vaticano, assim os crentes se julgam com direito a circular no espaço que os ateus criaram para defender o direito à blasfémia e à apostasia, duas atitudes com uma dimensão ética incomparavelmente superior à humilhação dos que se ajoelham ou circulam de rastos em torno de ídolos que criaram para que os parasitas da fé vivam na ociosidade e no fausto.

Espero que os devotos moderem o proselitismo neste espaço. Nenhum ateu vai à missa dizer ao padre que está a burlar os simples que se ajoelham e lhe contam a vida privada nem prevenir estes incautos de que é falsa a religião que seguem.

Se Deus existisse já teria convertido os ateus. Não podem os lacaios de uma projecção demencial assumir o papel do supremo exterminador da felicidade humana. Pelo menos no Diário Ateísta.

20 de Outubro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Misoginia doentia

O Reitor do Santuário de Fátima, um tal de Monsenhor Luciano Guerra, personagem ilustre e clarividente do catolicismo, confunde espaço-temporalidades sem uso de psicotrópicos, adiante, nem tão pouco entende o que é uma sociedade Humana, fervura interna que emana os mais primários instintos católicos, as mais enviesadas confusões entre o Estado português e o Estado do Vaticano. Viva a paz. Viva o progresso. Para isso só existe a necessidade de tirar as mulheres da sociedade!

«A sociedade entendeu que a melhor forma de preservar a paz, no fundo o progresso, foi tirar as mulheres da frente dos homens.»

Notícias de Sábado, suplemento do Diário de Notícias, 6 de Outubro de 2007

Também publicado em LiVerdades

19 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

BCP – Opus Dei – Nova Democracia

QUANDO É GRANDE O ESCÂNDALO, perigosas as conexões e suspeitas as ligações políticas, passa a ter interesse público o que se passa num banco privado.

O perdão de 12 milhões de euros ao filho do presidente do Conselho de Administração do BCP é ainda mais estranho do que o empréstimo sem garantias. Que o filho e o pai sejam membros do Opus Dei, à semelhança do delfim Paulo Teixeira Pinto, caído em desgraça, é uma coincidência que faz soar as campainhas de alarme de quem se lembra dos escândalos espanhóis Rumasa e Matesa, protagonizados pelo Opus Dei.

Quem não esquece que o governo do ditador Franco ao tempo dos referidos escândalos era formado por vários membros do Opus Dei, instituição sempre ligada ao capital financeiro e à santidade, bem como à extrema-direita e aos dois últimos papas, recorda a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano onde o Vaticano perdeu muito dinheiro e credibilidade.

Deste último sabe-se que o dinheiro foi usado para o sindicato polaco Solidariedade e para ajudar alguns ditadores sul-americanos mas a falência custou a vida ou a liberdade a Robert Calvi, Lúcio Gelli, Michele Sindona e ao arcebispo Marcinkus que João Paulo II nunca deixou extraditar para ser julgado em Itália.

Claro que os casos referidos nada têm a ver com o banco de Jardim Gonçalves mas o facto de o filho, a quem foi perdoada tão grande dívida, ter sido fundador e financiador do Partido da Nova Democracia (PND) põe um homem a pensar.