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Categoria: Não categorizado

4 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

Vaticano – Onde tudo se compra

Cidade do México, 03 Jan (Lusa) – Um tribunal eclesiástico do Vaticano comunicou à Arquidiocese de León, no México, que o ex-presidente Vicente Fox pode casar-se pela Igreja após ter-lhe sido declarado nulo o primeiro enlace em 1972, disse à EFE fonte católica.

2 de Janeiro, 2009 Ludwig Krippahl

Acreditas?

A pergunta “acreditas no Pai Natal?” é normalmente interpretada como referindo a hipótese do Pai Natal existir. O inquirido responderá de acordo com a sua opinião acerca da existência do Pai Natal. Mas a pergunta “acreditas no teu pai?” é diferente. O mais provável é o inquirido assumir a existência do seu pai como um dado aceite e responder de acordo com a relação que tem com o pai. Se confia nele ou não.

Este é um problema no diálogo com os crentes. Acreditar num deus, para muitos crentes, não é considerar verdadeira a hipótese que esse deus existe. Essa hipótese parece nem merecer consideração. Acreditar, para estes crentes, é confiar no deus cuja existência assumem implicitamente. Daí a confusão quando questionamos o fundamento desse acreditar.

Acusam-nos de argumentar acerca desse deus. Não é nada disso. O deus é apenas parte da hipótese e o argumento acerca da justificação para crer que ele existe. Mas a interpretação do crente é que se questiona a sua confiança nesse deus, vendo na conversa uma discussão sobre os atributos do deus. Se é infalível, se é benevolente, se ditou todos aqueles capítulos e versículos e assim por diante. E, por isso, o que tenta justificar é essa confiança. Invoca o fundamento para a moral, o sentido da vida, a relação pessoal com o salvador e uma data de coisas que só seriam relevantes se assumíssemos que existe e estivéssemos a decidir se merece confiança. Mas nada disto serve para concluir que esse deus existe, e essa é a questão que queremos focar.

Em parte compreende-se esta confusão porque a educação religiosa foca o dever de confiar no deus e esconde a questão fundamental da sua existência. Na catequese não explicam às crianças porque é que o deus que calhou aos seus pais há de ser o único e verdadeiro. Dizem-lhes que é e seguem em frente. O objectivo é incutir-lhes crenças e não ensiná-las a questionar. Mas isto só explica a confusão inicial. Uma vez esclarecido que o que questionamos é a hipótese do tal deus existir o problema devia ficar resolvido.

Com os fundamentalistas resulta. Mais ou menos. Apresentam argumentos incoerentes em como a informação codificada no ADN supostamente demonstra que Jesus é filho de um deus e nos salvou a todos, ou disparates do género. Isto não justifica acreditar que o deus deles existe, mas pelo menos não fogem da pergunta e quase reconhecem a necessidade de encontrar indícios objectivos para fundamentar a sua posição. Quase porque, no final, invocam sempre a fé e os milagres.

Talvez pelo ridículo em que caiem os fundamentalistas, outros crentes preferem evitar a pergunta aproveitando a ambiguidade do termo “acreditar”. Por muito que se insista no problema de justificar a crença que aquele deus existe arrastam sempre a conversa para a confiança que têm nele. Nas teologias mais elevadas, o ar rarefeito inspira razões para além da razão e outras inefabilidades como desculpa para se confiar em algo que nada indica existir. E não tentam sequer demonstrar que existe.

A investigação sistemática e objectiva permitiu-nos compreender muitas coisas. Não só acerca de objectos materiais ou relações de causa e efeito mas também que se formam partículas subatómicas sem que nada o cause, que a matéria distorce o espaço-tempo, que num sistema formal complexo não se pode derivar tudo o que é verdadeiro sem derivar contradições e que há números infinitos infinitamente maiores que outros números infinitos. Esta abordagem serve para resolver problemas dos mais concretos aos mais abstractos. É por isso revelador que, quando se chega à existência de deuses, os fundamentalistas se estampem contra os factos e os outros crentes fujam da pergunta invocando «outras formas de saber» que ninguém explica o que sejam.

Se existisse, o omnipotente e caridoso criador do universo seria como um elefante na casa de banho. As evidências seriam tão esmagadoras que nem o mais céptico dos ateus teria coragem de duvidar. Que ao fim de tantos séculos só haja desculpas vagas e disparates sem qualquer vestígio claro desse ser é evidência suficiente para concluir que ele não existe.

Publicado em simultâneo no Que Treta!

1 de Janeiro, 2009 Carlos Esperança

Quando chegará a Lisboa?

El “Bus Ateo” llega a Barcelona

En octubre de 2008 la British Humanist Association (BHA), con el apoyo del profesor Richard Dawkins, el conocido biólogo evolucionista autor de “El espejismo de Dios”, empezó a recaudar fondos para iniciar una campaña de publicidad en los autobuses de diversas ciudades inglesas, como Londres, Birmingham, Manchester y Edimburgo, con el objetivo de sensibilizar a los ciudadanos ateos, no creyentes y librepensadores en general sobre la necesidad de “hacerse visibles”, de sentirse orgullosos de sus convicciones y de reivindicar para ellos los mismos derechos y libertades que se reconocen a otros ciudadanos por el mero hecho de poseer o manifestar unas creencias religiosas.

31 de Dezembro, 2008 Carlos Esperança

Diário Ateísta – Aviso aos leitores

Têm-se queixado vários leitores de dificuldades de visualização dos posts do Diário Ateísta, facto que bastante nos entristece.

Nunca pensámos que a divina providência – uma criação mitológica para consumo dos que acreditam em factos sem provas – fosse responsável pelo contratempo.

Eis a explicação do Raul Pereira, colaborador do DA:

A plataforma WordPress, na qual se baseia o Díário Ateísta, por vezes não encara bem com o Internet Explorer… O browser da Microsoft tem sido nos últimos anos alvo de constantes ataques e têm-lhe sido diagnosticadas falhas graves de segurança, sendo até famosa uma que decorreu este mês, quando a Microsoft teve apressadamente de lançar uma correcção imediata.

O Internet Explorer tem vindo a perder quota de mercado a um ritmo acelarado por estas razões.  As equipas do Mozilla Firefox, do Opera ou do recente Google Chrome, trabalharam muito para evitar tudo o que de mau o (ainda) dominante Internet Explorer apresenta. Estes exemplos que dei trabalham em software livre, o famoso open-source e não proprietário: software aberto desenvolvido com a colaboração de pessoas de todo o mundo e não somente por uma empresa, tal como, precisamente, a plataforma WordPress, na qual o nosso Diário Ateísta corre.

Para já, o máximo que posso fazer é lançar um post a alertar os nossos leitores para, por todas estas razões, mudarem de browser. É chato? É! Mas os ganhos são muitos para todos…

Aqui fica, pois, a explicação.

27 de Dezembro, 2008 Ludwig Krippahl

Torce palavras

A teologia safa-se pelo domínio da ambiguidade, e Anselmo Borges deu uma bela lição disto no DN de dia 20. A Associação Humanista Britânica está a organizar uma campanha publicitária a favor do ateísmo, com o slogan «Deus provavelmente não existe. Agora deixe de se preocupar e goze a vida» (1). Anselmo Borges diz que é uma ideia interessante porque obriga «as pessoas a pensar nas questões essenciais, e Deus é uma dessas questões decisivas.» (2)

Questões são perguntas. Como é que surgiu o universo? O que nos causou? Como podemos saber? O Anselmo torce o sentido de “questão” e mete uma resposta pela porta do cavalo. Porque Deus não é uma questão. O deus do Anselmo é apenas uma de muitas tentativas de responder estas perguntas. E levanta uma questão importante. Porque é que há de ser o deus dele e não um dos outros? Para responder a isto, a teologia torce as palavras conforme dá jeito.

«Afinal, também há razões para não crer, mas, quando se pensa na contingência do mundo, no dinamismo da esperança em conexão com a moral e na exigência de sentido último, não se pode negar que é razoável acreditar no Deus pessoal, criador e salvador, que dá sentido final a todas as coisas. Numa e noutra posição – crente e não crente -, entra sempre também algo de opcional.»

Crer ou não crer é uma escolha. Mas a palavra “razões” é usada aqui de duas formas subtilmente diferentes. Quando somos razoáveis baseamo-nos em razões partilhadas. Quando usamos razões só nossas não somos razoáveis aos olhos dos outros. É razoável largar o pote se está demasiado quente mas não por me dar na gana ou por medo que dê azar. As razões para não crer em Deus vêm do que observamos à nossa volta. Cada criança que fica sem pernas por pisar uma mina dá uma razão forte para rejeitar o tal ser benevolente que lhe podia ter segredado “cuidado, aí há minas”*. A imensa indiferença do universo perante o nosso sofrimento torna razoável a descrença. Mas a crença em Deus, como o próprio Anselmo admite, vem apenas de desejos pessoais como a esperança e a exigência de um sentido último, e não é por desejos que se forma uma opinião razoável acerca do que existe ou não existe.

Depois, o amor. «Agora que está aí o Natal, é ocasião para meditar no Deus que manifesta a sua benevolência e magnanimidade criadoras no rosto de uma criança. Jesus não veio senão revelar que Deus é amor, favorável a todos os homens e mulheres» (mas não às crianças que pisam minas).

Usamos a palavra “amor” para referir o que sentimos por alguém ou para referir esse alguém. Esta ambiguidade é ideal para a teologia. No primeiro sentido “Deus é amor” dá uma evidência directa que Deus existe. Todos sentimos amor e os crentes amam Deus. O sentimento existe. E torcendo a palavra para o outro lado concluem que o objecto desse amor também existe. É um disparate atraente. É disparate porque o objecto do nosso amor pode nem se parecer com aquilo que julgávamos amar. Mas é atraente porque preferimos esquecer essas experiências dolorosas e fingir que não é assim. O amor não só cega como enfraquece as ideias.

E quando torcem o amor com a ciência têm uma combinação perfeita. «A existência de Deus não é objecto de saber de ciência, à maneira das matemáticas ou das ciências verificáveis experimentalmente.» Ou seja, a existência de Deus não é ciência por não ser de cariz experimental. E Deus é amor, que sabemos não ser científico. Mas isto só encaixa torcendo as palavras. Porque o amor é experimental; é experimentando-o que o conhecemos e é pela experiência quotidiana que sabemos quem amamos e quem nos ama. E o amor só não é científico porque nos falta uma teoria detalhada. Falta-nos as palavras para modelar o amor. Falta-nos o logos do amor.

Mas isso é o que a teologia finge ser. O logos de Deus que, segundo dizem, é amor. A teologia é a teoria do amor inventada por celibatários que baralham as palavras e negam a experiência. Não admira que mesmo ao fim de tantas voltas não tenham chegado a lado nenhum.

*A desculpa para isto é a vontade livre. É um argumento válido, e aceito-o. Mas apenas nos casos em que a própria criança pôs lá a mina.

1- CNN, 23-10-08, Atheists Run Ads Saying God ‘Probably’ Doesn’t Exist
2- Anselmo Borges, DN, 20-12-08, ”Provavelmente Deus não existe”

Em simultâneo no Que Treta!