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26 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Fundações católicas e o genocídio do Ruanda…

Por

E – Pá

A fundação maiorquina L’Olivar e a catalã Inshuti, são apontadas (acusadas) como ONG’s financiadoras da Frente Democrática para a Libertação do Ruanda (FDLR). Esta milícia hutu acusada de inúmeros crimes de guerra e contra a Humanidade (assassinatos contra populações civis, violações em massa, recrutamento de “meninos-soldados”…) – segundo relata, hoje, o jornal El Pais – recebeu regularmente apoio político, logístico e financeiro  de pessoas pertencentes a estas instituições religiosas espanholas. link

Estas informações veiculadas por peritos da ONU, embora os responsáveis pelas fundações espanholas as desmintam, baseiam-se em testemunhos, e-mails, escutas telefónicas e recibos de transferências monetárias.

Estas suspeitas – a confirmarem-se – envolvem instituições religiosas num dos mais horrorosos e aviltantes crimes de genocídio que, a par com o de Dafour, o Mundo conheceu nos últimos anos.
Para a ICAR, é o total desprestigio do papel “apaziguador” que a Igreja vem fazendo passar como protagonista neste massacre que, há anos, devasta o Congo.

Mais, para além de ser um crime contra a Humanidade, a indiciada colaboração fere mortalmente a credibilidade ética da ICAR no mundo actual.

É um arrepiante exemplo da política colaboracionista com o Horror.

Estes actos facínoras, a comprovarem-se as acusações, tornaram os seus protagonistas nums indignos e miseráveis sacerdotes do Terror.

25 de Novembro, 2009 Luís Grave Rodrigues

A exigência do Sr. Bispo

Convidado para uma palestra nas jornadas parlamentares do PSD, o Bispo do Porto D. Manuel Clemente exigiu um debate alargado sobre o casamento homossexual.

Não contente, o Sr. Bispo ainda defendeu a realização de um referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

E pronto: cá temos a intolerância, a defesa da discriminação e o famoso relativismo moral como argumento tipicamente católico.

Já não bastava assistirmos a um promotor de cultos primitivos da Idade do Bronze defender um referendo aos direitos fundamentais consagrados na Constituição.
Agora ainda temos de assistir a um sujeito que fez voto de celibato a – vejam só – «exigir» um debate alargado sobre a definição do casamento na lei civil.

Pois é: se o Sr. Bispo acha que o tema merece uma profunda reflexão na sociedade portuguesa, talvez lhe ficasse melhor a honestidade intelectual de promover um debate e defender um referendo sobre o acesso a pessoas do mesmo sexo já agora também… ao casamento católico.

23 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_23-11-09

João César das Neves (JCN), catequista ao serviço do episcopado, insiste nas homilias contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e reincide na defesa de todos os preconceitos pios.

É difícil explicar a um prosélito que há diferença entre pecado e crime, entre as penas do Inferno e a privação da liberdade, entre a ofensa feita ao deus de JCN e a infracção ao Código Penal.

Argumenta JCN que se o casamento entre pessoas do mesmo sexo fosse um direito não se compreendia que tivesse ficado omisso em trinta e tal anos que Portugal já leva de democracia. Esquece que os direitos, tal como a democracia, se têm conquistado contra a vontade dos seus bispos e o azedume dos seus padres. O direito que lhe provoca azia é uma conquista que não conta com a bênção eclesiástica nem com uma bula do papa. É o epílogo do longo processo que levou ao respeito pelas opções sexuais individuais que o Antigo Testamento abomina: “Um homem que se deite com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação e deverão morrer e o seu sangue cairá sobre eles.”

Não sei se JCN prefere renegar o A.T., matar os homossexuais ou pagar a alguém que o faça por ele. Aliás, está em sintonia com o que também prescrevem o Corão e a Charia.

Na homilia de hoje, além da homofobia implícita, volta a manifestar a raiva que lhe causa a descriminalização do aborto e a legislação sobre o divórcio, terminando por afirmar que «a lei facilita a vida a marialvas, adúlteros e irresponsáveis».

Mas quereria o beato zelador dos bons costumes que se prendessem os marialvas, se enviassem para as galés os adúlteros, para as fogueiras as adúlteras e se condenassem a trabalhos forçados os irresponsáveis?

Se as leis fossem elaboradas segundo a vontade do Papa, teríamos um mundo à medida de JCN, mas regressaríamos à Idade Média, e o douto escriba seria assessor no Tribunal do Santo Ofício.

21 de Novembro, 2009 Fernandes

Santos, relíquias e parasitas

 Resulta anacrónico e até ridículo que ainda se consagrem edifícios, locais, objectos, animais, carros, barcos, e até tropas e armas que vão para a guerra matar o “próximo”. Mas não se pode estranhar demasiado, pois ainda recentemente o Vaticano definiu as normas para realizar exorcismos; (talvez por vergonha) recomendam que o exorcismo se realize em privado, sem a presença dos meios de comunicação, pedindo às testemunhas que não divulguem o que viram, “nem antes nem depois”.

Não deixa de ser extravagante que a Igreja fomente e apoie práticas de verdadeiro fanatismo religioso de inquestionável origem pagã.

O costume de efectuar peregrinações a lugares santos estava muito divulgado nas religiões mais antigas, e o cristianismo soube aproveitar e fomentar esse costume, pelos grandes proventos que tal prática traduz. Resulta lamentável ver milhares de doentes acudir a Fátima, cheios de esperança, e voltarem de lá como estavam e por vezes ainda pior, se algum se cura, mais tarde, tal facto deve-se a factores psicológicos a que chamam milagre.

Os milagres são o maná das religiões, a história está repleta deles. Fizeram milagres entre outros: Orfeu, Abaris, Aristeo, Epiménides, Esculápio, Pitágoras, Empédocles, Apolónio de Tiana, Plotino, Mahomé, etc. Diderot chegou a perguntar: Porque será que os milagres de Jesus e dos santos são verdadeiros, e os dos outros são falsos?

Sem dúvida que os relatos dos milagres, não são milagres. Todos os que aparecem no Antigo e Novo Testamento são autênticos plágios da época pré-cristã, produzindo-se uma espectacular similitude com os milagres de Buda, Pitágoras, Héracles e Diomísio. Spinoza afirma que a demonstração de uma religião através dos milagres é o mesmo que: «querer explicar o obscuro através de uma coisa mais obscura ainda.»

O culto das relíquias não é nada de novo, na antiguidade existiam relíquias de deuses e heróis. A sua origem baseia-se na crença supersticiosa de que os heróis, profetas e santos, têm uma força que se mantém activa nos objectos dos personagens e se transmite a quem os possui. A magia cristã das relíquias, possui coincidências com os cultos pagãos e não tem nada que ver com o judaísmo nem com Jesus, na realidade constituem um claro gosto pelo fetichismo. No paganismo produziam-se aparições e milagres junto das tumbas dos heróis, e colocavam-se relíquias debaixo dos seus altares. O cristianismo adoptou este costume a partir do séc. IV, o que ocasionou uma forte procura e a consequente falsificação das chamadas relíquias. Este culto indiscutivelmente fetichista, alcançou tal protagonismo que algumas “relíquias” chegaram a fazer parte do tesouro nacional de certos países e foram símbolo de poder oficial até muito depois da Idade Média.

Entre estas relíquias, há algumas tão curiosas como ridículas. Conservam-se três ou quatro prepúcios “autênticos” de Jesus; a personificação do Espírito Santo em forma de pomba é tão genuína que se conservam umas plumas e até uns ovos como relíquia. A casa de Nazareth, onde viveu a Sagrada Família, foi transladada integralmente para Loreto por uns anjos. Conservam-se várias plumas das asas do Arcanjo Gabriel. O Santo Sudário que supostamente envolveu o cadáver de Jesus, continua a ser uma relíquia muito venerada apesar de análises feitas terem apontado a origem do tecido para muitos séculos depois.

O fetiche promovido pela Igreja por relíquias e santos, levou a situações tão aberrantes em que o título de Santo é dado a personagens que são mero produto da imaginação e jamais existiram, como, Jorge o aniquilador de dragões ou o arcanjo Gabriel, Miguel e Rafael.

Santifica-se inclusivamente um pecado capital! A Ira. Desde que praticado por eles, claro, ou a intransigência e o temor, mas só quando é o “Santo temor a Deus”.

Mas o cúmulo acontece quando uma instituição tão perversa e assassina como a Inquisição, a Igreja a chama de “Santa”, assim se santifica o crime, a tortura, a perseguição, a exploração, a delação e a vingança, tudo isto e muito mais o foi a “Santa” Inquisição.

Da mesma forma que a Igreja inventa relíquias, ela inventa os milagres e inclusivamente “cartas vindas do céu” que idealizaram a vida de Santos e Mártires a que todos chamamos Lendas.

Com os santos passou-se o mesmo que com as relíquias, a Igreja “produziu” uma tal quantidade de mártires e santos que o Papa Benedito XIV viu-se obrigado a intervir lembrando que a inscrição no lugar dos mártires ou dos santos, não demonstrava em absoluto a santidade nem sequer a existência de tal personagem.

Verdadeiros indesejáveis ou simplesmente indivíduos sem a menor relevância são “transformados” em seres excepcionais que sobem aos altares para serem adorados pelos ingénuos. E isto não sucedeu antes, continua nos dias de hoje. O arcebispo Stepinac, estreito colaborador do assassino e títere nazi na Jugoslávia, Pavelic, foi elevado aos altares como “mártir do comunismo”, esquecendo-se a sua colaboração no massacre dos sérvios. Um padre bastante vulgar, mas ambicioso, José María Escrivá, rapidamente e por indiscutível influência económica, está repleto de excelsas virtudes e foi elevado aos altares; seguramente que entre as suas virtudes está a humildade, por isso se fez chamar Josemaria, unindo os dois nomes com a finalidade de que existisse um nome novo no “santódromo”; ainda enriqueceu o apelido transformando-o em Escrivá de Balaguer e adquiriu o título de Marquês de Peralta; resulta difícil encontrar santidades com tão evidentes mostras de humildade.

Assim, temos hoje nos altares, para serem venerados pelos ingénuos e produzirem autênticos milagres económicos para a Santa Madre Igreja, santos que não passaram de autênticos parasitas da sociedade ou até de uns indesejáveis que mantiveram o seu “prestígio”  à custa da ignorância dos demais.

16 de Novembro, 2009 Luís Grave Rodrigues

A Tolerância Católica

Conta-nos o «Washington Post» que perante uma proposta de lei que será votada no próximo mês e que determinará a proibição da discriminação dos homossexuais e autorizará o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no estado de Washington, a Arquidiocese da Igreja Católica daquele estado norte-americano anunciou que se tal proposta for avante terminará imediatamente todos os seus programas sociais como represália.

Nem vale a pena falar aqui do já famoso relativismo moral dos católicos.

Mas sabendo que a intolerância faz parte da doutrina católica, então uma coisa é certa:

– Esta é, de facto, uma atitude rigorosamente coerente.

15 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Tomás da Fonseca

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Ontem, dia 14 de Novembro de 2009, na FNAC, em Lisboa, foram lançados dois livros de Tomás da Fonseca, com a chancela da Editora Antígona:

– Na Cova dos Leões

– O Santo Condestável

A mesa, constituída pelo Editor Luís Oliveira, por João Macdonald e pelo presidente da Associação Ateísta Portuguesa (AAP)  procedeu à apresentação de dois relevantes livros de Tomás da Fonseca, à apreciação da grande figura histórica e anticlerical e à luta do escritor pela liberdade, durante a ditadura que quis transformar os portugueses num bando de beatos, tímidos e idiotas.

Tomás da Fonseca não foi apenas o algoz que ridicularizou os milagres e denunciou os negócios pios, foi um amante da liberdade, republicano impoluto e corajoso defensor da democracia. Foi impoluto na gramática e na ética na vasta obra literária que nos legou.

Luís Oliveira, ao editar-lhe os livros referidos, ganhou o reconhecimento dos que amam a liberdade e defendem o património histórico da luta contra o clericalismo.

Na assistência bisnetos e trinetos não escondiam a alegria pela exaltação do antepassado e a vaidade por verem reconhecido o exemplo cívico do ilustre republicano que honrou a República, a literatura e o livre-pensamento.

Ler Tomás da Fonseca é tomar a vacina contra a gripe do clericalismo que ameaça, de novo, tornar-se uma pandemia.

15 de Novembro, 2009 Fernandes

Terá futuro esta Igreja?

Segundo “Eugen Drewerman, 1999”, cometer-se-ia uma injustiça para com os eclesiásticos, se alguém quisesse dar deles uma imagem de marotos lúbricos, mentirosos e ávidos de poder. É certo que na história da Igreja Católica, não faltam épocas de autêntica hipocrisia e alegre “cinismo de taberna”, mas não é dos divertidos atrevimentos das freiras e padres do “Deccamerone de Boccaccio”, que falaremos, ou daquela farsa onde a madre abadessa, arranjando-se à pressa, no escuro, para ir apanhar em flagrante delito a freira cujos amores haviam sido denunciados, enfia na cabeça as calças do amante pensando ser a sua touca.

Falaremos das pessoas que pecam por fraqueza e não por força, dos eclesiásticos de hoje que embora se vejam obrigados a viver na duplicidade e na falta de sinceridade, torturados pelos seus escrúpulos de consciência, põem todo o seu empenho em sofrer, e em fazer sofrer os outros, quando deveriam antes espalhar a alegria e a felicidade.

Segundo uma noção simplista das coisas, as inibições sexuais vêm directamente de proibições no âmbito sexual, e são o resultado de uma moral repressiva e de uma contínua inversão do prazer dos sentidos, transformando este em pecado. Para um não crente, é difícil compreender como a Teologia Moral Católica se infiltrou nos crentes, de acordo com uma tradição secular, unânime e inalterada, a partir das directivas de um personagem chamado Espírito Santo.

Recentemente a Sagrada Congregação da Fé, declarou sem qualquer equívoco os seguintes conselhos contra o prazer sexual:

“Hoje também, e mais ainda que noutros tempos, os crentes devem recorrer aos meios recomendados pela Igreja para se levar uma vida de castidade: disciplina dos sentidos e do espírito, vigilância e prudência para evitar a ocasião do pecado, preservação do sentimento do pudor, moderação no gozo, distracções sãs, oração assídua, e recepção frequente dos sacramentos da penitência e da eucaristia. A juventude, sobre tudo, deverá venerar a Imaculada Conceição, e seguir o exemplo dos santos e de todos aqueles que se destacaram pela sua pureza. Que todos tenham em altíssima estima a virtude da castidade e o seu brilhante esplendor”.

Imagine-se a leitura deste texto solene numa escola profissional, perante um grupo de futuras técnicas de contabilidade ou futuros informáticos; é evidente até que ponto a Igreja Católica se tornou, hoje em dia, fanaticamente estranha à realidade, e mesmo sectária.

Esta é a forma de pensar e agir daqueles a quem foi proibido tomar conhecimento do amor, e que acabam por descobrir, já tarde, que lhes foram envenenadas as fontes da vida. Querem apaixonadamente não amar, não desejar. Tornam-se cinza fumegante, vítimas de um sistema que gera morte em nome da vida.

Se somos capazes de entender as objecções contra a comercialização da sexualidade, é completamente impossível continuar a levar a sério um conjunto de princípios, cuja finalidade é ensinar que a educação ao amor só pode ser feita evitando esse mesmo amor. Não se pode aceitar que seja possível “santificar” o corpo, a carne, ou o mundo, declarando-os fonte de pecado. Como se a vida fosse melhor por renunciar ao amor. A defesa de pontos de vista que durante séculos arrastaram tantas pessoas à doença e à loucura, só podem, hoje em dia, provocar três reacções da nossa parte: cólera, troça ou indiferença, pois são pontos de vista definitivamente ultrapassados.

Se alguém interrogar os eclesiásticos sobre a sua evolução no campo sexual, a maior parte deles negará que tenha recebido uma educação sexual “repressiva”. Mas observando-se mais de perto, reconhecer-se-á a velha angústia, sob uma forma muda e recalcada.

Quando alguém, sob pressão moral, se vê obrigado a classificar realidades absolutamente naturais como vícios pecaminosos, gera-se uma espiral de angústia, do sentimento de culpa, de impotência e de “queda no pecado”, um sentimento de inferioridade.

É verdadeiramente incrível a obstinada recusa da Igreja em reconhecer a sua enorme responsabilidade na infelicidade causada aos demais. Em vez de tirar as suas consequências, ela insiste no mesmo tipo de comportamento repressor. Chega ao ponto de justificar o sofrimento causado às suas próprias vítimas, como a confirmação da verdade divina dos seus ensinamentos, utilizando o sofrimento alheio para fins de propaganda. É precisamente a exploração de sentimentos homofóbicos, que torna bem claros os objectivos desta Igreja.

11 de Novembro, 2009 Carlos Esperança

Saramago, crenças e crispação

O tempo passa e a tensão aumenta entre os crentes que usam uma linguagem cada vez mais crispada e intolerante para com o escritor que deu a Portugal um Nobel e enorme prestígio à literatura portuguesa. Basta ver o correio dos leitores de vários jornais e as ameaças e insultos que lhe dirigem.

Os bispos, padres e outros avençados do divino usam uma linguagem mais sonsa e dissimulada mas é igual o ódio que os devora e o ressentimento que manifestam.

Seria interessante, se não fosse perigosa, esta excitação dos católicos com Saramago. Este tem o direito de dizer tudo o que disse e o mais que lhe aprouver e aqueles gozam de igual direito em relação a Saramago e ao ateísmo. Não assustando já as penas do Inferno, uma lucrativa invenção pia que rendeu grossos cabedais, ameaçam agora com a situação de Salman Rushdie, vítima da demência de um aiatola que o condenou à morte por ter criticado o Islão. O que está em causa é a intolerância que em certas latitudes foi contida pelas democracias e em outras ainda anda à solta.

A ICAR abomina o direito ao riso e à felicidade mas é uma fonte de um e de outra. Torna felizes os que acreditam e diverte quem não a leva a sério.

Entre as fogueiras índias e as novenas católicas não há dados que indiciem a supremacia de umas sobre as outras quanto à eficácia na pluviosidade. As penas do chefe índio e o camauro do papa só diferem na estética. Os vestidinhos de seda do pontífice  não se distinguem das vestes dos feiticeiros pelo ridículo, apenas pelo luxo e conforto.

A cigana que lê a sina não é menos eficaz a espantar os maus olhados do que o padre a esconjurar os espíritos malignos e a garantir o Paraíso. Às vezes a clientela é a mesma e procura na água benta o sinergismo das mezinhas e rezas ciganas.

O feiticeiro que prescreve a poção com corno de rinoceronte moído só é mais criticável do que o padre que celebra uma missa de acção de graças e ministra a comunhão porque põe em perigo a extinção da espécie animal, mas a eficácia sobre a convalescença dos doentes ilustres não é diferente, embora faltem estudos comparativos.

O baptismo com água benta é mais inócuo do que a circuncisão, que deixa marcas, ou a excisão que põe em risco a vida e destrói de forma irreversível a felicidade sexual mas todos são rituais iniciáticos.

Não há motivo para não nos rirmos dos rituais religiosos. Poucas encenações são tão hilariantes.