Loading

Categoria: Não categorizado

2 de Novembro, 2011 Ludwig Krippahl

Ciência, metafísica e filosofia.

Uma coisa que me dizem muitas vezes é que não posso exigir “provas científicas” para alegações que, apesar de serem acerca de factos, se rotulam de metafísicas ou filosóficas. A ideia parece ser de que há jogos diferentes e, por simples troca de etiquetas, o que é claramente falso num passa a verdade indubitável no outro. Cientificamente, a hóstia fica na mesma. Metafisicamente, dá-se um milagre. Treta.

A filosofia procura a compreensão pelo raciocínio metódico e pelo diálogo racional e crítico. A ciência também, e aquilo que hoje chamamos ciência chamou-se, durante séculos, filosofia natural. Agora prevalece a ideia de que a ciência lida com o que é empírico e a filosofia lida apenas com o resto, como a ética e a metafísica. Mas esta ideia é errada. É certo que filosofia abarca muita coisa, dos silogismos de Aristóteles aos dramas de Sartre, da ironia de Kierkegaard à lógica matemática de Russell. Mas muito na filosofia – como a filosofia da mente, da linguagem e da ciência, só para dar alguns exemplos – depende de dados experimentais, exactamente como a ciência. Não há uma fronteira clara a partir da qual uma investigação filosófica passa a ser científica. Esta distinção deve mais a decisões subjectivas de nomenclatura do que a diferenças objectivas entre as abordagens.

A alegada diferença entre ciência e metafísica é outra ficção. Conveniente, mas fictícia à mesma. Consideremos, por exemplo, os postulados de Koch. Se um micróbio está presente nos organismos doentes e ausente nos saudáveis, se depois de purificado e inoculado num hospedeiro saudável este passa a manifestar a doença, e se depois pode ser isolado desse hospedeiro doente, então considera-se cientificamente estabelecido que esse micróbio causa essa doença. À primeira vista, é uma questão empírica e científica sem nada de metafísico.

Mas a relação de causalidade é metafísica. Empiricamente, a única coisa que se pode estabelecer é uma correlação. Sabemos que o micróbio está lá, depois o animal adoece, depois isolamos o micróbio, e assim por diante. Se a ciência, como apregoam, se limitasse ao empírico, nunca poderíamos dizer que o micróbio causa a doença. Apenas se poderia afirmar que, nos casos conhecidos, a doença se correlaciona com a presença do micróbio. Esta seria uma afirmação muito mais limitada. Por exemplo, nesse caso a ciência nunca poderia dizer o que me teria acontecido se não tivesse tomado a BCG e me tivessem inoculado com o bacilo da tuberculose aos 5 anos. Empiricamente, é impossível determinar o que teria acontecido quando não aconteceu. Não faz parte do conjunto de casos conhecidos onde se possa medir correlações. Mas a ciência responde que esse bacilo causa tuberculose e que, por isso, se eu não tivesse tomado a vacina e me tivessem inoculado com o bacilo eu certamente teria apanhado tuberculose. A causalidade, a explicação, o relato de como as coisas acontecem, tudo isso é científico e é metafísico. Se a ciência fosse estritamente empírica estaria limitada a listas de observações do género “este aparelho indicou aquele valor”. E talvez nem isso.

O que não quer dizer que estes aspectos metafísicos do relato científico não sejam testáveis. Não são directamente testáveis, porque a explicação e a causalidade, por si, não são nada que se possa observar. Mas são indirectamente testáveis porque explicações e relações entre causa e efeito implicam restrições àquilo que se espera observar. E a metafísica inclui o estudo de conceitos como o tempo e o espaço, que a ciência tem elucidado, e foi de um cepticismo metafísico que surgiu a epistemologia, o estudo de como podemos saber o que julgamos saber, e a filosofia da ciência, que é também uma ciência da ciência, visto que ninguém consegue fazer filosofia da ciência que valha qualquer coisa sem testar hipóteses contra o que observa os cientistas a fazer.

Invocar a desculpa fácil de que certa alegação não carece do fundamento que deveria ter por ser metafísica ou filosófica assume serem desconexos estes aspectos da nossa compreensão que estão interligados. Explicações, causalidade, relatos acerca do que a realidade é para além do que observamos, ou são um misto de filosófico, metafísico e científico ou não servem para nada. E, ao contrário do que muitos parecem crer, os rótulos de “metafísico” ou “filosófico” não têm o poder mágico de tornar disparates em verdades.

Em simultâneo no Que Treta!

1 de Novembro, 2011 José Moreira

Dúvidas de um ateu (II)

Gen 2:16 – E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente,
Gen 2:17 – Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

A primeira dúvida prende-se, desde logo, com o facto de Deus ter criado uma árvore cujo fruto não se podia comer. Ou seja, uma árvore completamente inútil já que, tanto quanto se sabe, nem sequer havia indústria madeireira. E Deus cria coisas inúteis?

Mas a questão torna-se mais complexa quando se afirma que Deus é, entre outras coisas, omnisciente. E o que se pergunta é:

  1. Deus sabia, ou não, que o casal iria comer o fruto proibido?
  2. Se sabia, como se depreende, por que carga de água colocou uma árvore cujo fruto não podia ser comido e que, no fim de contas, não servia rigorosamente para mais nada?
31 de Outubro, 2011 Luís Grave Rodrigues

Yes, it is!

30 de Outubro, 2011 José Moreira

A Igreja e a sociedade

“A Igreja vive melhor que a sociedade”, parece uma frase tirada de um discurso ateu. No entanto, se lerem aqui mudarão de opinião.

28 de Outubro, 2011 José Moreira

“O marketing do aborto”

Quando se passeia, na Internet, por portais religiosos, não raro somos surpreendidos por escritos absolutamente inesperados, vindo de quem vêm.

Podem confirmar… aqui.

27 de Outubro, 2011 José Moreira

Dúvidas de um ateu (I)

Uma das razões que me levaram ao ateísmo, e foi uma caminhada algo lenta, foi a ausência de respostas a certas perguntas. Com efeito, ao longo dos anos fui confrontado com respostas do tipo “Deus é que sabe”, “são os desígnios de Deus”, “Deus assim quis”, etc. Ou seja, uma mão cheia de nada.
Claro que não desisti de encontrar respostas; e hoje, que vejo o Diário Ateísta (bem) frequentado por gente ligada à religião, tenho esperança de começar a encontrar respostas. Respostas a sério.
Assim: Não é crível que Deus, infinitamente inteligente e poderoso, perca o tempo a criar coisas inúteis; seria como que a sua negação como deus. Deus criou, primeiro, o Homem e, só depois, criou a Mulher.
E a minha pergunta é: para que Deus colocou mamilos no Homem, já que sabemos para que servem, na Mulher?

27 de Outubro, 2011 Abraão Loureiro

Deixem-se de confusões – Agora sei quem foi a Maria

Maria não era esposa do Zé, li por aí num blog cristão que ela foi Esposa do Espírito Santo!!!!

Espantado eu????!!!! Nem por isso.

Sedo assim só podia ter vivido em União de Facto com o carpinteiro, que para muitos representa PECADO. Onde está escrito que Deus abençoou esse casório???

E assim reza lá no blog:

“Maria é onipotente em poder e infinita em misericórdia, e é para ser adorada como rainha do céu e dos anjos. Ela foi imaculada. (Ela é chamada Mãe de Deus, Refúgio dos Pecadores, Portão do Céu, Mãe de Misericórdia, Esposa do Espírito Santo, Propiciatória do Mundo, etc)”.

Este ensino foi introduzido na igreja por volta do ano de 1301, frutos de muitos debates por alguns séculos, foi proclamada doutrina pelo Papa Pio IX apenas em 1854. Antes desta data, ela não era reconhecida pela igreja como mãe de Deus e dotada de qualidades exclusivas do Senhor Deus.

Não encontramos na Bíblia (não aceito outras fontes de fé), concessão de atributos de deidade a esta serva.

 

Querem um conselho? Deixem os crentes a falar entre eles.