Naquela aldeia havia dois homens, já velhotes, chamados Ambrósio: um era o padre, e o outro era taxista. O padre cumpria piamente a sua missão, espalhando a Palavra em constantes e intermináveis sermões e/ou homilias; o taxista também cumpria a sua missão de único “taxi driver” da aldeia, enfrascando-se quando não conduzia. Como resultado, cada vez que se sentava ao volante, a aldeia transformava-se num imenso r intenso susto colectivo.
Quis o destino, ou Deus, vá lá o Diabo saber, que os dois Ambrósios morressem no mesmo dia. E eis que se apresentam perante S. Pedro:
– Quem és tu?
– Sou o Ambrósio taxista.
– Entra, meu filho. Entra e cobre-te com um manto de ouro. E tu, quem és?
– Sou o Ambrósio padre.
– Entra, meu filho e cobre-te co um manto de burel.
O padre Ambrósio não se conteve:
– S. Pedro, há-de haver algum engano! Eu, que passei a vida a espalhar a palavra do Senhor, fico com um manto de burel, e o taxista, que se fartou de provocar ataques cardíacos com a condução desastrada e alcoolizada, leva o manto de ouro??? Não deveria ser ao contrário?
– Sabes, meu filho, isto já não é como dantes. Nós, agora, também trabalhamos por objectivos. Eu explico: enquanto tu pregavas, toda a gente dormia; enquanto o taxista conduzia, toda a gente rezava.
Palavras de salvação.
Decididamente, as opções religiosas são para respeitar.E para impor, acrescento. Assim, por exemplo, se um cristão decide residir num qualquer país islâmico, tem todo o direito a exigir costeletas de porco, no talho. E caso o talho não tenha costeletas de porco, o cristão tem todo o direito a dirimir, em tribunal, o seu suíno direito. Perdão: o direito ao suíno. E estou convicto de que o tribunal, por mais islâmico-fascista que seja, não deixará de fazer a vontade ao simpático cristão, já que as suas opções religiosas não o proíbem de saborear o suíno artiodáctilo do qual a única parte inaproveitável é o grunhido.
Por isso, e por uma questão de reciprocidade, os islâmicos que residam em países ditos de cultura cristianizada, têm todo o direito a fazer as suas exigências. Foi o caso desta jovem, que, não suficientemente contente por o tribunal a autorizar a ir às aulas de natação em “burquini”, provavelmente vai exigir que todas/os as/os colegas passem a envergar a atraente indumentária, já que o Alcorão proíbe as mulheres não só de exibirem qualquer pedaço de pele que vá além da cara, das mãos e dos pés, como também as proíbe de ver. Ora, a pudibunda jovem recata-se, como manda Maomé, mas a verdade é que vive em pecado, ao visualizar os seus colegas masculinos que, naquela idade, transpiram hormonas por tudo quanto é poro. E a apudorada rapariga, que até passou os oito anos de idade sem ter sido obrigada a casar-se, não pode ser constrangida a ver as insinuadas pendurezas masculinas. Não que, provavelmente, lhe falte vontade; mas o Maomé…
Parece que o tribunal não deu razão à jovem. Lá que se vista de “burquini” para ir nadar, ainda vá que não vá; mas se não quer ver os outros em roupas reduzidas… que feche os olhos. Por seu lado, a jovem já terá uma justificação para, sem deixar de cumprir o islão, conviver alegremente com os púberes companheiros masculinos.
Ele sempre há coisas que nos ajudam a limpar a consciência. E vale a pena contar um caso que se passou comigo, há uns anos. Num congresso internacional, chegou a hora da refeição. Como o dinheiro não abundava, o cardápio consistia em corriqueira costeleta de porco frita com batata e arroz. À minha frente, na mesa corrida, um paquistanês, quando viu o prato aterrar na sua frente, perguntou-me o que era “aquilo”. Porco, respondi. No seu inglês macarrónico, fez-me saber que a sua religião o proibia de comer aquele petisco. Fiz sinal ao empregado que, perante a minha tradução, solicitamente se prontificou a trocar o prato. Regressou, passados poucos minutos, com o que parecia ser outro prato. O paquistanês repetiu a pergunta anteriormente feita, ao que eu respondi: “Vitela”.
Eis, pois, como um simpático islamista comeu uma saborosa e proibida costeleta de porco, sem sombra de pecado.
Moral da história: todo o burro come palha, é preciso é sabê-la dar. Não se poderia aplicar o ditado à rapariguinha?
Terça-feira, 13 de agosto de 2013
A RTP 1 transmite em direto as cerimónias de Fátima.
A SIC transmite em direto as cerimónias de Fátima.
A TVI transmite em direto as cerimónias de Fátima.
A RTP África transmite em direto as cerimónias de Fátima.
A TSF transmite em direto as cerimónias de Fátima.
A Rádio Renascença transmite em direto as cerimónias de Fátima.
Tenho medo de ligar a torradeira!..
AUTO DA BARCA DO HM*
Por
João Pedro Moura
– Ó da barca, para onde me levas?
– Para meu novo porto, mas de Senhor velho, viajante! Eu, H.M., ao leme… o porto é só meu!
– E que me ofereces nesta tua barca velha?
– Ora… isso mesmo… um vinho único e bom e bom petisco, de celeste aprisco!
– …
– …
– Chamas bom a este vinho, de sabor a pinho?! E petisco a este cisco?! De arisco e diabólico aprisco!…
– É tudo da minha capela, viajante! E só eu é que enfuno a vela!…
– H.M., que porto é aquele de que afinal me afastas?! Não lá pastas?!…
– Por ora derivo, viajante! Não tenho divo, que me oriente!…
– Mas não governas capela???!!! Não és tu que enfunas vela???!! ! Que testas no teu porto novo???!!!
– Ora, nem novo nem velho testamento!… Mingua-me o tento! Já não aguento!…
*H.M. – Heteronimista Metastático: apodo da mascote viscosa, deste Diário, em processo (abortivo…) de renascimento crédulo…
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.