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Carlos Esperança

14 de Junho, 2005 Carlos Esperança

O Opus Dei dá vontade de morrer

As casas do Opus Dei não são um modelo de liberdade e, muito menos, de felicidade. A poderosa seita que se apropria das consciências, da vontade e dos haveres das vítimas que alicia, é um alfobre de depressões onde os anti-depressivos substituem a eucaristia.

Ninguém de são juízo e recto entendimento espera da prelatura pessoal que JP2 legou ao Papa Ratzinger (B16) desprendimento dos bens materiais ou respeito pelas liberdades individuais.

O pio fundador Escrivá de Balaguer, franquista, fanático e autoritário, foi um vivo de virtude duvidosa e um morto de reconhecida santidade. Ciliciava-se amiúde, conhecedor como ninguém dos pecados que lhe cabia expiar. Hoje é um cadáver abençoado e uma mina de relíquias para a ICAR transaccionar.

O pior são os escândalos financeiros (casos Rumasa e Matesa) e as perturbações mentais que afligem os numerários enclausurados sob o constrangimento psicológico dos padres da prelatura, treinados a eliminar a vontade e a transferir os haveres dos candidatos ao Paraíso.

O suicídio de membros numerários acontece, apesar do pecado que compromete a alma e o prestígio da prelatura. A santidade dá lugar à depressão e a fé à tristeza da condição a que se submeteram. Mulheres universitárias fazem tarefas menores sob controlo de varões. A clausura anula a vontade e compromete o juízo.

Há casas do Opus Dei quase exclusivamente dedicadas a tratar perturbações que Deus envia aos imprevidentes que nele confiam. Um dia é uma mãe de família numerosa, muito ligada à «Obra» que se atira pela janela dum consultório de ginecologia. Outro dia é uma numerária da Andaluzia, professora de Filosofia, que se suicida com um tiro, em Pamplona. Um dirigente do Opus Dei, em Córdoba, professor de Física e grande desportista atira-se da janela da sua casa e o suicídio é atribuído a sonambulismo. O enforcamento é também uma forma de libertação.

O quarto piso da Clínica Universitária de Navarra (do Opus Dei) é dedicado ao tratamento específico de numerários e numerárias que sofrem de perturbações mentais.

É intrigante o ambiente que se vive na seita que passou a viver à rédea solta, sem controlo episcopal, depois de ter sido transformada em prelatura pessoal de JP2, estranha e singular situação de que goza a mais opaca e tenebrosa agência da ICAR.

Um dia, estas situações chegarão aos tribunais. Até lá o sofrimento e o desespero invadem o antro sob a bênção do Vaticano.

Fonte:Alberto Moncada (especial para ARGENPRESS.info)* (Fecha publicación:12/06/2005)

13 de Junho, 2005 Carlos Esperança

A Beira profunda

Três dias na Beira Alta devolveram-me aos lugares da infância, sítios onde Deus nunca morou e onde bandos de padres louvavam a glória, apregoavam a bondade e alardeavam os seus poderes.

A tristeza invade-me em cada regresso. Só os mortos permanecem nas povoações donde teimam em fugir os vivos. Os próprios campos, consumidos pelo fogo, parecem cenários dantescos, lúgubres e ainda mais negros ao pôr do sol.

Os padres que há meio século aterrorizavam os paroquianos com os rigores do Inferno foram desaparecendo. Fugiam à fome de famílias pobres, sofriam manhãs submersas em seminários a abarrotar e, muitos, acabavam a amedrontar paroquianos com a vingança divina e a apregoar as inanidades da sua Igreja.

Uns levou-os o tempo, outros trocaram a salvação da alma pelo aconchego da alcova, vários mudaram de ramo. Nem eles ficaram para celebrar a glória do Deus que era deles.

Hoje, vão às localidades, quase despovoadas, mulheres piedosas que levam a hóstia e rezam orações para que os velhos se confortem com os antigos rituais, agora exercidos no feminino que ainda julgam indigno do múnus.

O próprio diabo, que atazanava as almas das pessoas frágeis, emigrou. Foram-se as possessões e virou inútil o exorcismo.

Há mentiras piedosas que confortam. Deus era uma dessas aldrabices que regulava a vida e comandava a morte nas zonas rurais. Hoje, desertos os campos, despovoadas as aldeias, Deus reduziu-se à insignificância do mito enquanto a máquina do Vaticano, em desespero, se torna agressiva e inventa milagres.

8 de Junho, 2005 Carlos Esperança

O ano eucarístico de Braga

Vai terminar em Balasar, por decisão do respectivo arcebispo, Sr. Jorge Ortiga, o Ano da Eucaristia da diocese de Braga.

O encerramento terá lugar em 22 de Outubro na terra da beata Alexandrina Maria da Costa. Das festividades farão parte, segundo o arcebispo Sr. Jorge Ortiga, um colóquio da parte da manhã e, à tarde, uma missa campal seguida de procissão.

A beata Alexandrina foi uma piedosa mulher que se atirou de uma janela para não ser violada. Quis Deus que vivesse 13 anos e sete meses sem comer, nem beber, em anúria, apenas alimentada por hóstias consagradas.

O Papa JP2 garantiu que estas aldrabices eram verdadeiras, pelo que a beatificou.

Há quem pense que o padre se terá esquecido de consagrar a última hóstia – razão pela qual se apagou a bem-aventurada que se habituara a sobreviver com tão parca ração.

Fonte: Agência Ecclesia

7 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Há hereges em Taveiro

Quem o diz é o padre José Matos que há mais de uma dezena de anos exerce o múnus nesta paróquia dos arredores de Coimbra e que agora anda de candeias às avessas com os aproquianos.

Na base do litígio está a crescente má vontade da população que acusa o padre de se recusar a celebrar casamentos ao domingo. Mas a gota de água que fez trasbordar o copo do anticlericalismo foi a recusa da entrega da bandeira à presidente nomeada para as próximas «Festas de Nossa Senhora da Conceição», no fim da procissão deste ano.

O padre tem dúvidas em reconhecer a presidente porque – alega – «não sei como decorreu o processo nem acompanhei as coisas». A comissão de festas acusa o padre de exigir o sorteio na Igreja, na sua presença, e Helena Rebelo, da organização das festividades, diz que «a igreja não pode virar casa da sorte para andar a fazer sorteios».

Nestas coisas de Deus há sempre um grande potencial de conflito que os leitores podem aprofundar na leitura do artigo do «Diário as Beiras».

No entanto o Diário Ateísta não pode deixar de registar a acusação de Helena Rebelo que critica a alegada exigência do pio sacerdote José Matos de que os pagamentos da festa – 275 euros – fossem feitos «em dinheiro vivo, sem recibo».

A ser verdade, é uma tentativa de fuga ao fisco, pecado que há tempos a ICAR incluiu no seu catálogo e que, após a última revisão da Concordata, ficou ao alcance do clero católico.

7 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Pais multados na Índia

Os pais de um bebé que urinou no colo da mãe, enquanto esta rezava, foram multados no equivalente a 37 euros ( uma quantia exorbitante para trabalhadores na Índia) pois a urina profanou o templo.

O templo hindu Thrissur que multou os pais do bebé de seis meses foi obrigado a devolver o dinheiro, por ordem do Governo.

Agora, depois da profanação do templo com a mijadinha de um bebé de seis meses, os sacerdotes realizam cerimónias especiais de orações, para purificar o templo.

Se outras correntes teológicas concluírem que essas orações profanam o templo, ainda vão pedir aos pais que lhe emprestem o bebé para o purificar de novo.

Há mais pureza no xixi de um bebé de seis meses do que nas orações de uma multidão de sacerdotes.

Fonte: «Público» de hoje, pg. 42.

6 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Campanha de terços

«Campanha de Terços a favor da Vida em Portugal»

Sob este título corre um abaixo-assinado pelo País, com o seguinte teor:

«Ajude Nossa senhora a que a liberalização do aborto não passe em Portugal.
Ofereça no mínimo um terço diário só por esta intenção até ao dia do referendo.
Escreva aqui o nome e no dia do referendo estas listas serão entregues na Capelinha das Aparições a Nossa Senhora de Fátima. [sic]
Ofereçamos milhares de Terços por dia com esta intenção.
Convide os seus irmãos a colaborar nesta campanha de Terços.»

(seguem-se linhas)

Depois de preenchida, enviar p.f. para Canção Nova, Apartado 199, Cód. Postal 2496-908 Fátima.

4 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Às crianças por nascer

O «Dia nacional da criança por nascer» foi uma piedosa proposta do CDS feita pelo porta-voz do partido, Paulo Núncio. (Núncio é apelido e função).

A criança por nascer
É o orgasmo reprimido
Um óvulo por haver
Ou sémen por escorrer

A criança não nascida
É a cópula frustrada
Gravidez interrompida
Ou a trompa laqueada

CDS quer castidade
Fora da reprodução,
Horror da sexualidade
Nojo da ejaculação

É o ódio que rebenta
Pelas costuras da Igreja
Sem borrifos d´água benta
Na cópula benfazeja

O Papa abomina o DIU,
Pílula, preservativo,
Condena quem não pariu
Por usar um abortivo

O sexo sem procriação
É luxúria, um pecado
Que conduz à danação
E deixa Deus chateado.

Amar, amar, ver estrelas
Barra a via à salvação
Não vale a pena pôr velas
Nem terços sobre o colchão.

2 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Um talibã católico

O Ricardo Alves já se referiu no seu artigo «Terrorismo verbal e revisionismo histórico» ao destempero do fossilizado sacerdote que explora o estabelecimento comercial conhecido por Santuário de Fátima, essa mina de ouro da ICAR que a superstição e a ignorância alimentam.

A linguagem de monsenhor Luciano Guerra a respeito da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) é tão primária e o autor tão destituído de senso que até o bispo notou.

«Nos países mais pobres, mesmo da Europa, corpos esquartejados de bebés vão aparecer em lixeiras de toda a espécie, ao olhar horrorizado ou faminto de pessoas e de animais» afirmou o ignaro sacerdote no pasquim oficial do santuário – Voz de Fátima.

No editorial do mês de Maio , datado do dia 13, Luciano Guerra considera que a ascensão da esquerda na Europa pode levar a «abortos aos milhões e casamentos de homossexuais aos milhares», catástrofes para as quais não há Senhoras de Fátima que valham nem terços que acudam.

De acordo com o semanário «Região de Leiria», o bispo de Leiria/Fátima, Serafim Ferreira da Silva, declarou à Lusa «Não li o texto, só vi extractos com uma linguagem muito dura. O conteúdo compreendo, mas a maneira de o dizer não é o meu estilo», uma forma inteligente de desautorizar o terrorismo exibido no pasquim do Santuário.

O Diário Ateísta estará atento aos talibãs da ICAR que já começaram a jihad contra a descriminalização do aborto.