Loading

Carlos Esperança

14 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Um bairro de marginais


Que interditos e medos sobrevivem de modo a calar qualquer crítica à ICAR? Serão temores antigos do braço secular, desconfiança dos incontáveis esbirros do Santo Ofício ou terror das obscuras ligações do Vaticano e das suas seitas mais ou menos secretas?

B16 é o velho inquisidor de cuja biografia se apagou a passagem pela juventude nazi antes de ingressar nas forças armadas donde desertaria, na iminência da derrota, em 1944.

Há neste filho de um polícia alemão, de facto, uma adolescência difícil. Não o podemos condenar pela juventude que o fez autoritário, com horror à sociedade plural, mórbida homofobia e patologia misógina. Certamente não esquece as noites frias do seminário, obrigado a dormir com as mãos fora dos cobertores para evitar as tentações da carne e o castigo do preceptor.

O ataque desferido, num documento de 2000, contra anglicanos, luteranos e protestantes em geral, afirmando que a Igreja Católica é o único caminho para a salvação, mostra o seu conceito de tolerância e ecumenismo.

A condenação sistemática dos movimentos feministas, a relutância em aceitar mulheres a cantar nos coros das missas e a afirmação de que «gays e lésbicas até poderiam ser aceites na Igreja, se concordassem viver em castidade», mostra o carácter misógino e homofóbico de quem foi «eleito» Papa com o aplauso extasiado do Opus Dei.

Este homem, hoje regedor de um bairro mal frequentado, foi nomeado Papa por 115 cardeais onde apenas ele e um outro não foram criados por JP2 de acordo com a sua indicação e forte influência.

O teólogo que sabe que a existência de Deus não se pode provar é o autocrata que dirige a pesada máquina que vive do charlatanismo e da mentira. Desistiu de ser humano e é o déspota que envelhece e envilece na defesa anacrónica dos preconceitos da sua igreja.

Se Bento 16 tivesse um dia conhecido as delícias do amor, se tivesse encontrado um corpo que se fundisse com o seu, uma boca que se abrisse à sua, um coração que batesse ao mesmo ritmo, não seria o beato moralista que confunde prazer e pecado, nem viveria a doentia obsessão contra o sexo.

Os pios leitores do Diário Ateísta não se dão conta do antro onde se cruzam cardeais, freiras, monges, arcebispos e outros parasitas da fé e se processam informações sobre tudo o que interessa à ICAR, oriundas dos centros de espionagem que começam num confessionário recôndito e acabam no Vaticano. É neste bairro mal frequentado que reina como monarca absoluto e vitalício o último ditador europeu – Bento 16.

13 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Novos vendedores de Cristo

Como há cada vez menos pessoas a acreditar em Deus, há cada vez mais gente a vender Cristo por grosso e a retalho, em grandes superfícies e ao domicílio.

13 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Abuso de confiança

Escolas portuguesas consagradas a Nossa Senhora

Esta manhã, em Fátima, António Francisco dos Santos, bispo auxiliar de Braga, consagrou as escolas portuguesas a «Nossa Senhora».

Com que legitimidade um bispo consagra escolas portuguesas à Senhora dele?

Talvez seja para assumir a sua quota de responsabilidade nos baixo nível de ensino.

Mas que diria o bispo se um mullah consagrasse as igrejas católicas portuguesas a Maomé?

Isto é tudo boa gente.

11 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

JP2 vs. B16

João Paulo II era um provinciano vaidoso, exibicionista e supersticioso. É provável que a alienação religiosa o levasse a acreditar nos milagres que adjudicava para os bem-aventurados que elevava aos altares. Em última análise, era bem capaz de acreditar em Deus.

JP2 era o rural desejoso de consideração social, ora prostrado a debitar ave-marias, ora exibindo os vestidinhos rendados e coloridos do seu múnus, em públicas manifestações de folclore e proselitismo.

Bento XVI é diferente. É um indivíduo inteligente, sofisticado e urbano. É calculista e frio. Não perde tempo a rezar o breviário, não gasta horas em pias ladainhas. É um general que prepara as batalhas no sossego do seu gabinete, um comandante-chefe dos beatos que planeia os combates da fé.

JP2 era um joguete nas mãos do Opus Dei, B16 é o chefe da santa Mafia. O primeiro fazia o que lhe ordenavam julgando obedecer à vontade divina, o segundo exige, consciente de que Deus deve obediência ao Papa.

A ICAR é hoje uma perigosa multinacional que procura ampliar o poder e conquistar espaço no difícil mercado da fé.

Enquanto mantém a América Latina sob rígido controlo de um clero troglodita, procura penetrar nos aparelhos de Estado da velha Europa e prepara as hostes para disputar terreno à igreja ortodoxa, fazer uma oferta pública de aquisição à Igreja anglicana e organiza o embate final com o Islão político.

Quanto ao judaísmo, basta condenar em público o anti-semitismo e deixar em lume brando o ódio secular.

Quem julga que a ICAR se converteu ao pluralismo e à democracia desconhece a sua natureza.

10 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

A demência da fé

A Al-Qaeda congratulou-se com tragédia de Nova Orleães, provocada pelo furacão Katrina.

Só o fanatismo permite manifestações de ódio assim. Apenas a fé num Deus, à imagem e semelhança dos patifes que o adoram, consente o regozijo pelo sofrimento humano que atribuem ao algoz da sua devoção.

A ausência de sentimentos não é exclusiva dos que se ajoelham, mas é apanágio dos que passam a vida a rezar e, nos intervalos, a matar os infiéis, faltando-lhes tempo para pensar.

Repare-se nesta enormidade: «A cólera do Todo-Poderoso abateu-se sobre os tiranos. As suas perdas já se traduzem em milhares de vítimas humanas e milhões de dólares. Se os muçulmanos não podem seguir livremente a sua religião, então Deus pune os opressores».

O Deus que enviou o furacão sobre o delta do Mississipi é o mesmo que mata à fome os infelizes crentes das teocracias do Médio Oriente, que lhes destrói as cidades com tremores de terra, que envia os maremotos e sepulta centenas de milhares de vítimas que acreditam no poder de Alá e nos ensinamentos de um rude e analfabeto nómada que tomaram por profeta.

Não há ódios que consigam competir com os da fé.

3 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Santo Ofício

O que as santos inquisidores faziam para castigar um réprobo e defender a pureza da fé.

3 de Setembro, 2005 Carlos Esperança

Glória a um santo perverso

No dia 30 de Agosto foi colocada uma estátua de S. Josemaria Escrivá de Balaguer, com 5 metros de altura, em mármore, no exterior da Basílica de S. Pedro.

Algumas reflexões:

O crime compensa. O fundador do Opus Dei apoiou um dos mais frios ditadores católicos, Francisco Franco, carrasco do povo espanhol e responsável por centenas de milhares de mortes.

O Opus Dei, que domina o Vaticano, desde a morte nunca esclarecida de João Paulo I, é o banqueiro privado dos Papas e responsável pela orientação política da ICAR.

O pio Escrivá de Balaguer que se fazia ciliciar – tinha grossos pecados que o afligiam e necessitava de expiá-los -, preparou em vida o seu processo de canonização.

O escândalo do Banco Ambrosiano tem sido abafado e o Vaticano opôs-se à extradição dos clérigos arguidos no processo italiano relativo ao crime.

Mal arrefeceu o cadáver, já fazia milagres. Logo lhe foram adjudicados três, um deles a cura do cancro de uma freira cuja madre superiora não sabia que estava doente.

O Opus Dei é o cão de guarda da ortodoxia católica e da moral conservadora. A sua influência tem sido altamente nefasta nos países da América latina.