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JP2 vs. B16

João Paulo II era um provinciano vaidoso, exibicionista e supersticioso. É provável que a alienação religiosa o levasse a acreditar nos milagres que adjudicava para os bem-aventurados que elevava aos altares. Em última análise, era bem capaz de acreditar em Deus.

JP2 era o rural desejoso de consideração social, ora prostrado a debitar ave-marias, ora exibindo os vestidinhos rendados e coloridos do seu múnus, em públicas manifestações de folclore e proselitismo.

Bento XVI é diferente. É um indivíduo inteligente, sofisticado e urbano. É calculista e frio. Não perde tempo a rezar o breviário, não gasta horas em pias ladainhas. É um general que prepara as batalhas no sossego do seu gabinete, um comandante-chefe dos beatos que planeia os combates da fé.

JP2 era um joguete nas mãos do Opus Dei, B16 é o chefe da santa Mafia. O primeiro fazia o que lhe ordenavam julgando obedecer à vontade divina, o segundo exige, consciente de que Deus deve obediência ao Papa.

A ICAR é hoje uma perigosa multinacional que procura ampliar o poder e conquistar espaço no difícil mercado da fé.

Enquanto mantém a América Latina sob rígido controlo de um clero troglodita, procura penetrar nos aparelhos de Estado da velha Europa e prepara as hostes para disputar terreno à igreja ortodoxa, fazer uma oferta pública de aquisição à Igreja anglicana e organiza o embate final com o Islão político.

Quanto ao judaísmo, basta condenar em público o anti-semitismo e deixar em lume brando o ódio secular.

Quem julga que a ICAR se converteu ao pluralismo e à democracia desconhece a sua natureza.