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Autor: Hacked By ./Localc0de-07

24 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Ateísmos, Anarquismos e Satanismos

«As envolvências dogmáticas e as mecanizações sociais provocam estados de consciência reduzida, onde o livre arbítrio se resume às escolhas entre o preto e o branco, concepção perfeita das vidas debaixo dos sistemas de crenças oriundos dos monoteísmos.»

O Solstício de Inverno chegou, e com ele a 7ª edição da newsletter Infernus, um veículo de informação a nu e de livre pensamento oriundo da Associação Portuguesa de Satanismo. Nesta edição toma forma a minha dissertação sobre questões de afirmação pessoal em sociedade partindo do óbvio prisma de visão da realidade nominado tradicionalmente por Ateísmo. Negando a irracionalidade e a superstição urge questionar prismas e filosofias de vida, pela esfera social circundante torna-se imperioso inserir o pensamento entre os extremos opostos da afirmação racional, o Darwinismo Social ou o Apoio Mútuo, prismas que podem ser enquadrados por exemplo no Satanismo, o primeiro, no Anarquismo, o segundo.

Para além das minhas “Dissertações Satânicas”, pode ler-se nesta edição o excelente artigo “Os fundamentos do Ateísmo” de André Díspore Cancian, autor do livro “Ateísmo e Liberdade” e administrador do portal Ateus.net. A grande entrevista é feita a Peter Gilmore, o High Priest da Church of Satan, expoente máximo do Satanismo a nível mundial. Dissertações a encargo dos colaboradores da “casa”, Outubro com “A Lei da Sobrevivência, a Arte do Equilíbrio” e Mosath com “Na Prosa de Cépticos”. Como reflexão entre passados e futuros lê-se “O Movimento Cíclico da Evolução” de Lurker, editor da Infernus. Arte também não falta, e em excelente qualidade, capa elaborada por Sara Piteira em óleo sobre tela.

A Infernus 7 pode ser lida com um click sobre a imagem seguinte.

Infernus 7

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19 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Petição católica porque sim

Ora com truques de malabarismo arcaico lá se lança a Igreja Católica novamente às questões educativas, existe um problema qualquer baseado numa coisa qualquer que eles sabem existir, se bem que mais ninguém sabe, nem eles contam para não estragar a surpresa. A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) vai lançar uma petição pela livre escolha dos pais na educação dos filhos, segundo declarações do clérigo Lino Maia, presidente da entidade católica que é independente de religiões e politiquices, e que actua, obviamente, sem fins lucrativos.

É o Ministério da Educação que não reconhece o direito de escolha dos pais.” asseverou o clérigo relativamente ao problema aludido anteriormente, aquele sobre uma coisa qualquer, coisa debatida com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e fica o recado do pároco, afinal o problema sobre a coisa é maior que o esperado, “Esta é uma questão a ser resolvida na Assembleia da República.“. Felizmente o clérigo analisa a situação actual e identifica-a como “relativamente serena“.

A petição nacional servirá “para consagrar o direito de escolha dos pais na educação dos filhos“, a melhor forma de a Igreja Católica “acautelar o futuro e garantir um direito constitucional” relativamente aos problemas vigentes com a educação, nomeadamente aqueles referidos anteriormente, a falta de liberdade dos pais relativamente a qualquer coisa, e a problemática associada à ausência de factores que permitem resolver umas coisas que interagem com outras coisas, também elas bastante problemáticas.

Felizmente os problemas estão a ser resolvidos, e à frente deles está o Cidadão Anónimo Do Ano, quem mais, o clérigo Lino Maia, escolha feita pelo Rádio Clube Português e o Jornal Metro. Identificados os problemas sociais urge resolvê-los, sociólogos estão melhor nas salas de espera dos centros de emprego pois a Igreja Católica erradica os problemas sociais em Portugal e não só, a África Subsariana desenvolve-se a olhos vistos sob a alçada da solidariedade católica, brevemente é vê-los competir com a Suécia, Noruega, Dinamarca e outros países com irreligiosidades exacerbadas, os quais aparecem bem à frente de todas as listas de bem-estar social, listas essas que certamente estão erradas.

Links úteis:
Agência Ecclesia: Petição pela escolha livre dos pais – Lista dos problemas porque sim
Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade
Lista de países por Índice de Desenvolvimento Humano
Top 50 countries with highest proportion of Atheists/Agnostics

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17 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

IURD e a venda de banha da cobra


Panfletos em circulação em caixas do correio próximas de si.

«Protecção divina contra: inveja, olho grande, bruxedos, desemprego, acidentes, separação, falência, desavenças, brigas, vícios, medo, dores, insónia, doenças, desânimo, nervosismo.

Não te assustarás do terror nocturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Salmos 91, 5-6

Se você tem notado que a sua vida está andando para trás ou está amarrada, e tem visto que algo está acontecendo sem encontrar uma explicação para os acontecimentos: participe da oração de poder e libertação.»

Imagem enviada por Luís Correia

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10 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Jean Meslier, o padre anarquista (1664-1724)


«No início do século das Luzes, entre os verdadeiros precursores do anarquismo conta-se uma personagem admirável, Jean Meslier. Padre na aldeia de Étrépigny, na região francesa de Champanha, deixou à data da sua morte um volumoso manuscrito que contém a confissão do mais resoluto dos ateísmos e uma crítica às autoridades religiosas e políticas. Em 1762, Voltaire publicaria extractos do Testamento de Meslier, destacando, sobretudo, a sua faceta irreligiosa. Contudo, os ataques de Meslier visam tanto o poder político como a autoridade religiosa. Para ele, a religião e a política ajudam-se mutuamente: “Entendem-se como gatunos. […] A religião apoia o governo político, por pior que este possa ser. O governo político apoia a religião, por mais estúpida e vã que esta possa ser.“.

Este sacerdote desejava que “todos os poderosos da Terra e todos os nobres fossem enforcados com as tripas dos padres“. […] A casta política, reis, nobres ou detentores de cargos, ou seja, aqueles que hoje se designam por burocratas, grandes ou pequenos, bem como o alto clero e os ricos ociosos, são violentamente atacados.

Aliás, o nosso padre conta bastante com o assassinato político como forma de livrar o bom povo dos seus dirigentes: “Onde estão aqueles generais matadores de tiranos que vimos nos séculos passados? Onde estão os Brutos ou os Cássios? Onde estão os generais que mataram Calígula e tantos outros monstros semelhantes? […] Onde estão os Jacques Clément e os Ravaillac da nossa França? Deviam viver ainda no nosso século, […] para espancarem ou apunhalarem todos esses detestáveis monstros e inimigos do género humano e, deste modo, libertarem todos os povos da Terra do seu domínio tirânico!“.

Meslier protesta também contra a apropriação individual dos bens e das riquezas da terra e preconiza o comunismo social. Nos seus escritos, lança um verdadeiro apelo ao povo, que deve agir: “A salvação está nas vossas mãos. A vossa liberdade só depende de vós, se todos souberdes entender-vos. […] Uni-vos, pois, povos, se sois sábios. […] Começai por comunicar entre vós secretamente os vossos pensamentos e desejos. Divulgai por toda a parte, e o mais habilmente possível, os escritos deste tipo, por exemplo, que dêem a conhecer a todo o mundo a vanidade dos erros e das superstições da religião e que tornem odioso o governo tirânico dos príncipes e dos reis da Terra.“.

Jean Meslier chega até a considerar a greve dos trabalhadores e dos produtores, de maneira a levar as autoridades – políticas e religiosas – e os seus serviçais ao arrependimento, privando-os daquilo que lhes é necessário.

Solitário e clandestino, o padre Meslier aparece retrospectiva­mente como um autêntico espírito libertário. Ao redigir em segredo, no silêncio do presbitério rural, o seu Testamento, teve certamente o sentimento de ser um precursor e, apesar da sua visão pessimista do género humano, acreditou que as suas ideias poderiam ter alguma influência póstuma, como o prova a adver­tência que anexou ao papel que envolvia o seu manuscrito, como nos é relatado por Voltaire: “Vi e reconheci os erros, os abusos, as vaidades, as loucuras e as maldades dos homens; odiei-os e detestei-os. Não o ousei dizer durante a vida, mas di-lo-ei pelo menos ao morrer e depois da morte; e é para que se saiba isto que faço e escrevo a presente memória, para que possa servir de testemunho de verdade a todos os que a virem e a lerem, se a acharem boa.”.»

Préposiet, Jean, História do Anarquismo, Edições 70 (p. 32-34)

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8 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Ursos com regimes rectos

«As ofensas ao Criador, à religião organizada, aos crentes, à fé, aos ritos, são o quotidiano dos cristãos, no mundo moderno. Como me dizia um polaco, peregrino de Fátima, “chega a ser estranho, quando a Igreja não suscita escárnio”. Em certos países muçulmanos, há uma atitude descomplexada face aos ultrajes, mas, na maioria, o Estado encarrega-se de policiar a situação. O caso da professora inglesa do Sudão, que terá chamado “Maomé” ao seu ursinho, é uma prova disso. A pena de prisão satisfaz o povo e mostra a rectidão do regime.»

Nuno Rogeiro in Correio da Manhã, 2007-12-02

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6 de Dezembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07

Dissertação sobre a livre expressão

A liberdade de pensamento e a liberdade de expressão são dos Direitos Humanos mais violados, se no caso da liberdade de pensamento se pode indagar sobre a sua realidade ou ausência da mesma, na expressão a percepção das coisas é mais simplificada e a conclusão mais acessível de obter. A liberdade de pensamento não é um facto adquirido, uma característica meramente inata ao Ser Humano, é o produto da sua integração social, a mistura da sua personalidade com aquilo que recolhe pelos sentidos da realidade circundante, se a liberdade se poderá resumir a questões de escolha, poder-se-á definir como quebra absoluta da liberdade o facto de as escolhas não serem todas atingíveis, algumas nem mesmo cognoscíveis.

Faltando as escolhas e os padrões de comparação ao indivíduo, este terá consciência da liberdade absoluta, mas meramente dentro do seu campo de cognição, faltando um único parâmetro de comparação a liberdade deixa de o ser, muito embora o indivíduo se declare livre. O leque de escolhas pode ser incomensurável e ao indivíduo serem atribuídas apenas algumas, se ele nunca tiver noção do leque completo dirá que as suas escolhas serão o leque completo.

Na emanação do pensamento advém a maior complicação, a filtragem externa e interna, derivada de conceitos e preconceitos religiosos, políticos, sociais, uma panóplia de encruzilhadas mentais por onde o pensamento passa sem que o indivíduo tenha noção de tal facto, involuntário labirinto que muitas vezes metamorfoseia completamente o pensamento em expressão desajustada, desajuste relativo ao pensamento, externamente será ajustado pois os labirintos de filtragens assumem padrões bastante similares numa mesma sociedade.

As emanações de expressão livre são assim extremamente utópicas, e basta um único factor de expressão ser proibido que a livre expressão deixa de o ser, se algo deixa de ser debatido ou criticado a livre expressão morre, e ao existirem determinados temas fora do debate se indagará porque é que outros temas são debatidos, logicamente se afigura uma necessidade de abordagem de todos os temas ou de nenhum. A crítica e o debate abrem as portas à propagação da racionalidade, as cortinas de ferro impostas a determinados contextos fomentam a exclusão e o choque social, a caótica intempérie advinda da falta de abertura social e da irracionalidade que deriva sem rumo certo.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 19º – Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

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