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Milagre em versos pios

Enquanto D. Guilhermina de Jesus rezava
Com um olho no peixe e outro na lareira
Frigiam postas de pescada na frigideira
E o óleo, de tão quente, respingava.

D. Guilhermina, na sua vida de labuta
Costumava ter um santo sempre à mão
Não fosse, com a dor, soltar um palavrão
Ou ocorrer-lhe um desabafo para a rima.

Quando o óleo ao olho esquerdo lhe saltou,
Não lhe ocorreu um santo e o desabafo temeu,
Com a dor não havia quem lhe valesse, hesitou,
Valha-me o beato Nuno, foi o que lhe ocorreu.

Por estar folgado o beato na hora de aflição
Ou por precisar de um milagre o glorioso
Ouviu a prece  o guerreiro, fez-se bondoso,
Curou-lhe o olho e voou para a canonização