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Fim de semana em Lourdes

1 – O Papa JP2, antes de visitar a mais concorrida Agência de milagres – Lourdes -, ainda no Vaticano, mandou uma bênção para os gregos, anfitriões dos jogos olímpicos.

Embora inútil, sabe-se que a bênção é desejada pelos católicos, mas é um abuso quando se dirige a quem não a pede e despreza o benzedeiro. É o caso dos cristãos ortodoxos.

Imagine-se que, durante o Euro 2004, o Arcebispo de Cantuária, da Igreja anglicana, o Patriarca Bartholomeo, primaz dos ortodoxos em todo o mundo, o Imã da mesquita de Meca, o rabi de Jerusalém, um importante Ayatollah e outros parasitas de Deus distribuídos pelo planeta, tinham enviado a sua bênção aos portugueses! Até os ateus poderiam ter sido agredidos com um acto de prepotência e autoritarismo idêntico ao que JP2 se atreveu a protagonizar. Ridículo.

2 – JP2 esteve 31 horas em Lourdes e presidiu a uma missa em que colaboraram quinze cardeais, cem bispos e centenas de padres. Segundo a Conferência Episcopal Francesa – associação dos bispos da sucursal francesa da ICAR – assistiram à missa 300 mil peregrinos. Mesmo sem descontar o exagero habitual dos publicitários trata-se de um número modesto de clientes, longe do entusiasmo que os primeiros comícios do seu pontificado provocavam. Bom sinal.

3 – Nesta viagem – a 104.ª que realiza vestido de Papa – JP2 considerou-se um «homem doente entre os doentes», igual a todos os outros que se deslocam ao santuário, à espera de uma cura miraculosa. Sabe-se que Deus não o atendeu pois a doença mantém-se estacionária. Eis um mau sinal para os crentes que vêem o representante do único Deus verdadeiro abandonado pela entidade patronal.