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O clero e o divórcio

Às vezes dou por mim a pensar como pode um primata de mitra e báculo nutrir um ódio tão visceral ao divórcio, aceitar uma desgraça conjugal em vez da separação civilizada, preferir a guerra civil dentro do matrimónio desde que se partilhe a cama, de preferência castamente, do que os cônjuges se separem.

Não sei se o azedume do celibato ou a vontade de agradar ao Papa, a quem a tiara fez perder a cabeça, estão na base do modelo de casamento que o clero defende (para os outros) com agressões, insultos, difamações e mortes, até que um deles envie o outro para o alegado Criador.

Para o Sr. Jorge Ortiga, arcebispo em Braga e truculento caluniador da República, será mais aceitável uma mulher sovada pelo marido, a quem afiançou obediência na igreja, do que um divórcio que poupe as equimoses e aos filhos o espectáculo doloroso das brigas e agressões.

A Religião católica tem sobre a vida, e especialmente sobre o matrimónio, uma vontade sádica de o prolongar para além das hospitalizações resultantes das agressões. Uma vez que se casaram, aguentem. É essa a vontade de Deus, daquele ser que alimenta o fausto dos Ortigas e dos numerosos parasitas da fé.

Mas onde o descaramento dos alucinados de Deus atinge o auge é quando comparam o casamento a contratos de trabalho ou a prestações mensais da casa hipotecada ao banco, como se os contratos fossem da mesma natureza. Os alienados da fé ululam por ser mais fácil um divórcio do que o despedimento de um trabalhador ou a pausa das prestações.

De facto o clero não distingue entre trabalho e amor. Quem não conhece qualquer deles limita-se a debitar inanidades.