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  • 24 de Novembro, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

O Papa, a sociedade e os sacramentos

O Papa Francisco, por mérito ou marketing pio, teve a comunicação social do costume a desenhar-lhe o perfil, a afeiçoar-lhe o currículo e a mostrar o rosto humano, que até um papa pode ter. Só o Prof. César das Neves não entrou em êxtase devoto, como soía com os anteriores.

Mostrou-se o PDG do Vaticano inquieto com a descrença que alastra na Europa, com a sucessiva secularização e a gradual entrada no mercado da fé, tantos séculos fechado à concorrência, de outras crenças e de métodos mais radicais de promoção.

Não basta o sectarismo demente do Islão, a exigir 5 orações diárias e a proibir micções viradas para Meca, aparecem evangélicos, adventistas, meninos de Deus e uma imensa legião de funcionários ao serviço de novas crenças e métodos, para salvação das almas.

É neste frenesim competitivo que o Papa Francisco, com um olho no burro do presépio e outro nos crentes, vai perscrutando o que pensam os católicos das uniões de facto, da pílula, do preservativo, do divórcio e dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Não sairá uma revolução do papa contratado na Argentina, mas, pelo menos, não se vê que insista em negar a hóstia a recasados ou um centilitro de água benta a quem já não a distingue da outra.

A modernidade, inimiga figadal das religiões, foi fazendo o caminho enquanto a Igreja católica ia canonizando defuntos antigos e recebendo os emolumentos, sem cuidar das virtudes dos taumaturgos ou da inteligência dos devotos.

É natural que, daqui a dois anos, devagarinho, algumas cedências sejam feitas durante um sínodo, a convocar, para mostrar que, como aconteceu com o movimento de rotação da Terra, a Igreja católica está aberta à modernidade. Devagar.