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Ateísmo é tolerância

Não sou contra as pessoas que têm fé. Sou contra a fé que as pessoas têm.

Defendo o direito a ter fé, a mudar de crença, regressar à anterior, partir para outra e a não ter fé. Só não aceito a imposição e a violência que soe acompanhar o proselitismo.

Combato os avençados do divino que não aceitam outra fé e, sobretudo, quem a não tem. Ataco os parasitas de Deus e os charlatões místicos. Desmascaro Deus e outros mitos.

Os deuses, tal como as pessoas, nascem, crescem e morrem, apenas o seu ciclo é mais difícil de prever e a sua existência impossível de provar. O próprio Jesus Cristo, depois de uma curta carreira de milagres e pregação, actividades em voga no seu tempo, nasceu há cerca de 2005/2012 anos. Pouco tempo para um Deus e demasiado para as vítimas.

À volta de Deus crescem interesses, organizam-se multidões de parasitas que precisam de multiplicar o número de devotos para manterem o poder e as prebendas. A história das religiões comparadas mostra que são todas parecidas, tendo a morte e o medo como alimento predilecto.

Leão X, Papa católico (ateu, por acaso) dizia que «a fábula de Cristo é de tal modo lucrativa que seria ingénuo advertir os ignorantes do seu erro». Até Pio XII, que morreu com a consciência pesada de ser anti-semita e vagamente nazi, afirmava que, para os cristãos, Cristo era do domínio da fé, não era objecto da história.

Alguns leitores acusam-me de ser, não tanto contra as religiões, mas sobretudo anti-católico. É benevolência dos católicos. Sou contra todas. Já algumas vezes afirmei que todas as religiões se consideram a única verdadeira, donde se conclui que, na melhor das hipóteses, são falsas todas menos uma e, muito provavelmente, são todas.

É verdade que sou mais generoso para com o catolicismo, por ser o mais pernicioso em Portugal. Deve-se-lhe o atraso do País, por ter sido religião obrigatória. Os padres foram quase sempre caceteiros e trogloditas. Atacaram o liberalismo a favor do miguelismo, a República mancomunados com a monarquia, a democracia, aliados à ditadura.

Até na guerra colonial a posição oficial da Igreja católica portuguesa foi empenhada, com o cardeal Cerejeira a afirmar que defendíamos a civilização cristã e ocidental, depois de ter sabido pela Irmã Lúcia que Salazar fora enviado pela providência, quando os portugueses achavam que só podia ter sido pelo diabo.

Deus é uma miragem, afasta-se à medida que as pessoas se aproximam.