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Circo romano em Colónia

Em Colónia, na Alemanha, anda à solta o pastor alemão que um bando de cardeais, com a cumplicidade do Espírito Santo e do Opus Dei, fez ditador vitalício da única teocracia europeia.

Cobre-o, até aos tornozelos, um alvo vestido, de fino tecido e delicado corte, que realça os sapatinhos vermelhos do animador do circo que levou a Colónia centenas de milhares de jovens para promoção dos interesses da Cúria Romana. Pende-lhe do pescoço a trela que termina em refulgente cruz, riquíssimo adorno do traje feminino.

A brancura do vestido, a condizer com o cabelo, destoa do modelo que o exibe.

Para este espectáculo, que não é cultural nem recomendável, foi pedido um patrocínio à presidência da Comissão Europeia. Não sei se o precedente foi aberto, para que bandas musicais, circos ambulantes e companhias de teatro venham a conseguir apoio.

B16 não tem o arrojo de JP2. Sente-se mal como charlatão de feira. Prefere organizar as pantominas no ar condicionado do Vaticano. Não verga a coluna para oscular o chão, uma espécie de felação de quem julga que Deus está em toda a parte e a Terra é a braguilha da humanidade.

Cumpre os rituais do múnus com a alegria do boi que caminha para o açougue, qual Cristo da mitologia católica a caminho do gólgota.

O barulho encomendado aos jovens há-de azucrinar-lhe os ouvidos, as lambidelas da mão hão-de causar-lhe nojo, as missas que repete há mais de meio século cansam-no e mantém aquele impenetrável rosto enquanto distribui água benta, benzeduras e hóstias consagradas, ad majorem Dei gloriem.

Vai ser uma semana infernal para o vigário de Cristo, um odioso trabalho de campo para um homem de gabinete, repetir até à náusea gestos, palavras, esgares, até ao desfazer da feira, enquanto a boa imprensa entoa hossanas ao impostor que se diz agente do divino.