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  • 15 de Outubro, 2011
  • Por Carlos Esperança
  • Catolicismo

Fátima perde clientela

São os próprios empresários que reconhecem que a procissão do Adeus, no Santuário de Fátima, contou anteontem com a presença de 85 mil fiéis, menos 15 mil do que na peregrinação de Outubro de 2010. Uma quebra de 15%.

A burla de Fátima, tentada noutras localidades, teve êxito na Cova da Iria onde três crianças analfabetas, aterrorizadas com o Inferno, viram a Senhora de Fátima a saltitar pelas azinheiras e um anjo a aterrar no anjódromo onde as cabras pastavam.

As cambalhotas do Sol e os conselhos da virgem nómada foram a coreografia de um número contra a República que, depois da ditadura nacional-católica de Salazar, foi reciclado na luta contra o comunismo.

A conversão da Rússia foi o desejo pio de quem pensava que a Igreja ortodoxa deixava a católica entrar na sua coutada. O Inferno que Cristo mostrou à Irmã Lúcia numa bolsa de estudo que o crucificado lhe ofereceu, quando a infeliz estava enclausurada em Tuy, foi posteriormente abolido por falta de combustível ou medo do ridículo mas não impediu a vidente de ver o Administrador do Concelho de Ourém que ali passava a defunção por não frequentar a missa nem rezar o terço.

Em tempos de crise, o negócio da fé costuma prosperar mas o ridículo também mata e Fátima, apesar de ter a maior área coberta para a oração, tem cada vez menos clientes.

Enquanto a IURD e outras concorrentes fazem milagres todas as semanas, a Igreja católica vê-se aflita para fabricar um milagre de jeito para o Papa JP2, talvez o último que, na sua superstição, acreditou em deus.

Depois de os não crentes se terem tornado maioritários na república Checa e em França, a secularização avança e, em Portugal, já se importam padres em sistema leasing.