Loading
  • 17 de Julho, 2010
  • Por Carlos Esperança
  • Vaticano

A Igreja católica e o regresso a Trento

A ICAR nunca foi um instrumento do progresso, da tolerância ou da modernidade, no que, diga-se, esteve sempre acompanhada pela concorrência.

A própria Reforma decorreu mais das transformações económicas e sociais do que das malfeitorias de Roma, embora a venda de indulgências, a corrupção e a prepotência pudessem incomodar alguns espíritos com um módico de decência,

O anti-semitismo, atingindo as raias da paranóia no islamismo, atiçado pelo sionismo, sempre foi uma tara que a dissidência do judeu Paulo de Tarso legou aos seguidores de Roma. A ICAR foi esclavagista, usou a tortura, evangelizou e protegeu todos as tiranias com a excepção das que se lhe opunham.

É evidente que a loucura dos papas e bispos se podem compreender á luz do tempo e entre os mais perversos de cada época se retirarem a inspiração divina (seja lá isso o que for) de que se reclamam.

À semelhança do aiatola Khomeini, que em 1979 aproveitou a instabilidade política e o fanatismo para reislamizar os países envenenados pelo Corão, também os dois últimos pontífices, numa atitude mimética, pretenderam recristianizar a Europa e submetê-la à ditadura das sotainas.

Quando o Papa reclama a tradição para transformar os cidadãos em crentes e os livres-pensadores em réprobos, é a vocação totalitária que desponta e a incapacidade de se conformar com a modernidade. A obsessão de impor valores que as democracias foram enjeitando, num lento processo de secularização, é um objectivo que não recua perante práticas medievais, como o exorcismo e os milagres.

Bento 16 é o símbolo de um papa medieval que ainda sonha com exércitos para obrigar às conversões em massa. Não dispensa os recém-nascidos da água do baptismo nem as crianças do catecismo, à semelhança do que fazem os clérigos islâmicos nas mesquitas e madraças.

Perante os ventos reaccionários que sopram do Vaticano começam a surgir vozes no seio da ICAR que claramente se opõem. Valha-nos isso.

Este artigo de hoje, no DN, da autoria do padre Anselmo Borges, é um exemplo disso, denunciando o restauracionismo em curso na ICAR.