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Ano Mundial da Física

Vivemos o Ano Mundial da Física, que marca o centenário da publicação dos trabalhos de Albert Einstein sobre a natureza dualista da luz, sobre a relatividade restrita, a relação entre massa e energia e sobre o movimento browniano, que revolucionaram o mundo em que vivemos. E esta celebração não poderia ser mais conveniente dada a conjuntura internacional marcada por obscurantismo pós-moderno. Obscurantismo aparentemente paradoxal na era da genómica e das nanotecnologias mas, citando uma estafada máxima, familiaridade gera desprezo. Estamos tão familiarizados com as maravilhas da Ciência que simplesmente já não nos espantamos com nada que a Ciência produza.

Mas este desprezo, mantido ao longo do tempo, tem custos elevados. Actualmente a maioria das pessoas depende de tecnologias baseadas em conceitos que desconhece e que, quiçá, até contempla com um certo «misticismo» supersticioso. O argumento a partir da ignorância – se eu não sei o que é, pode ser qualquer coisa – pode ser muito convincente para determinado público. Assim, abundam vendedores de banha da cobra que oferecem dispositivos «magnéticos» ou «quânticos» para aplicações sortidas, desde curas «milagrosas» passando pela imortalidade até à economia de combustível! Gente instruída acredita em processos de fusão fria «biológica», que é possível «alimentar-se» unicamente da luz do Sol, e em inúmeras outras lendas urbanas.

O facto do conhecimento científico não ter permeado a sociedade em geral, ou seja, a complexidade crescente da ciência não ter sido acompanhada por um esforço de divulgação, abriu um fosso crescente entre o conhecimento científico e a sua compreensão pelo público. Este é certamente um dos parâmetros a equacionar na explicação do aumento de uma religiosidade rígida e intolerante!

A única forma de combater o obscurantismo é o conhecimento! Façamos então do Ano Internacional da Física um ano de combate ao obscurantismo!

E começo por recomendar um livro de um amigo meu, o Jorge Buescu, «O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias: Crónicas das fronteiras da ciência»