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Mês: Agosto 2013

25 de Agosto, 2013 José Moreira

Humor de Verão – O segredo de Fátima

“Nelo Careca” afastou a farta melena que lha caía por sobre os olhos, e sorveu mais um gole de cerveja, e é a altura de dizer que só aparentemente é que há contradição entre a alcunha de “Nelo Careca” e a sua exuberantemente rebelde cabeleira. Não há contradição nenhuma, ponto final. “Nelo Careca” era detentor de um invejável ornamento capilar, e a sua alcunha, ou antes, as razões que presidiram à atribuição de tão paradoxal como absurda antonomásia seriam um profundo mistério, que permaneceria, pelo menos, até ao Juízo Final, se outro não houver depois. Seriam, disse eu, e muito bem, mas deixaram de o ser quando começou, tempos antes, a haver estrilho[1] com a sua agá[2], Fátima, agora transmutada em ex-agá.

Ultimamente a vida não lhe tinha corrido bem, e refiro-me a “Nelo Careca”. Aliás, nem ultimamente nem remotamente, valha a verdade. Primeiro, foi a agá a reclamar que o dinheiro do Rendimento Mínimo que, mais tarde, veio a chamar-se Social de Inserção, era insuficiente para ir tomar o pequeno-almoço e o lanche ao café, todos os dias e, ainda por cima, para pagar ao merceeiro, porque era preciso comer, não é verdade?

lá se arranjas qualquer coisa para ganhar dinheiro, que eu num faço milagres – garantia Fátima, no seu característico sotaque nortenho, do qual nunca se separava nem para dormir.

— Mas tu não vês como isto anda? — tentava argumentar “Nelo Careca”. — Está mau para todos, até para nós.

— Está mau porque tu passas a bida na taberna e num queres bergar a mola. Se há crise nos cabedais, bai pró o conto do bigário, que nunca failha.

Foi numa dessas ocasiões que “Nelo Careca” que, nesse dia, tinha acordado mal disposto, lhe atirou um deixa de te armar em fina e  passa a tomar o pequeno-almoço e a lanchar em casa, só que  Fátima não estava pelos ajustes mas oube lá, o que é que tu queres? Queres que todos pensem que sou uma pelintra? Estás bêbedo, ou quê? Há duas semanas que num compro roupa noba, e ainda ontem a D. Serafina, a cabeleireira, me mandou a boca que eu já não ia arranjar o cabelo há dois dias! Estou farta de passar bergonhas por tua causa, e quem num tem dinheiro num tem bícios.

— O que é que queres dizer com isso?

— É simples. Se num tens dinheiro para me sustentar, bou procurar outra bida.

Fátima sabia que a melhor forma de dominar um homem é ameaçá-lo com o abandono. Não há nada mais carente e, consequentemente mais dócil, do que um homem que se sente abandonado, sem ter quem lhe passe as camisas a ferro e sem ter quem, acima de tudo, lhe aqueça os pés nas longas e frias noites de inverno.

— Quer dizer: sua excelência não pode passar sem tomar o café  e mamar o “croissant” todos os dias de manhã, no café, armada em gente fina; não pode deixar de lanchar chá e bolinhos todos os dias, para estar no serrote com as amigas; não pode deixar de ir à cabeleireira todos os dias; não pode deixar de comprar roupas todas as semanas; e eu é que tenho os vícios. É preciso ter lata como um penico! Minha linda, vai à merda, e é já! Pega nas trouxas, e RUA! Quando chegar a casa já não te quero ver.

Porra! Saiu o tiro pela culatra. Mas Fátima tinha poderes. Outros poderes. E o plano B fez a sua aparição:

— Ó home! Tu como falas comigo. Olha que eu num posso enerbar-me, qu’índa posso ter um ABC.

–… Um quê??

— Um ABC, home! Num sabes o que é um ABC?

— Sei perfeitamente, e estou-me cagando. Por mim, até podes ter o abecedário completo.

“Nelo Careca” voltou as costas e saiu. Fátima tratou de carregar os haveres no carro, que isto de andar a pé é para os tesos, e zarpou para casa da mãe. “Nelo Careca” não era para brincadeiras, e se a encontrasse em casa quando regressasse, o mais certo era ir fazer uma visita à “urgência” do hospital. Nem Nossa Senhora seria capaz de valer a Fátima. Consigo, para além dos trapos, chamemos assim às quantidades industriais de roupas de marca, Fátima levava um segredo. E o segredo de Fátima era o que iria ditar, dias depois, a alcunha de “Nelo Careca” que, até então, era conhecido por “Nelo”, simplesmente. É que “Nelo” era completamente imberbe, passe o termo, na zona onde, normalmente, homens e mulheres são detentores de abundante e encarapinhada pilosidade. Segredo que, naturalmente, “Nelo” partilhava com Fátima e que se manteve como segredo de alcova até ao dia em que Fátima foi despedida. Mulher despeitada é capaz de fazer mais estragos do que as armas de destruição maciça do falecido Saddam, e Fátima não quis deixar os pergaminhos por mãos alheias. Logo no dia seguinte, o segredo de Fátima era revelado aos quatro ventos e, minutos depois da revelação, “Nelo”, o carteirista, passava a ser, oficialmente, “Nelo Careca”.


[1] Estrilho: barulho, confusão, zanga.

[2] Agá: amante, companheira, esposa.

 

In “O Alfa das 10 e 10”

Papiro Editora

25 de Agosto, 2013 Ludwig Krippahl

Treta da semana: isso não se diz…

Há uns dias o Dawkins escreveu 130 caracteres no Twitter comentando que «Todos os muçulmanos do mundo tiveram menos prémios Nobel do que o Trinity College de Cambridge. Mas fizeram grandes coisas na Idade Média». Foi logo acusado de preconceituoso e intolerante (bigoted) por vários ateus, outros apontaram que os muçulmanos tiveram mais prémios Nobel do que o Dawkins, como se o Dawkins fosse 23% da população mundial, e alguns até o acusaram de racismo, nem percebendo quão racistas estavam a ser ao confundir o Islão com uma raça (1). Por cá, em conversa semi-privada no Facebook, também encontrei ateus a defender que a afirmação era repugnante, que culpava os muçulmanos inocentes e que era uma generalização injusta. Disparates.

As mulheres são 50% da população mundial mas apenas 17 dos cerca de 600 galardoados com prémios Nobel em ciência foram mulheres (2), 18 vezes menos do que as 300 que seria de esperar sem correlação entre o sexo e a probabilidade de ganhar um Nobel em ciência. Esta afirmação não é misógina, racista, repugnante ou intolerante. É um facto. Se a reacção à expressão deste facto fosse sempre a de repúdio visceral nunca se teria tomado medidas para mitigar o problema. Não se tentaria combater a discriminação contra as mulheres nem oferecer condições para que uma mãe não tenha de abandonar a carreira para cuidar de filhos pequenos, por exemplo. Durante este século e pouco de Nobel muito foi mudando nestes aspectos e encarar os factos como eles são foi uma condição indispensável para que isso acontecesse.

Os muçulmanos são 23% da população mundial e receberam, no total, dois prémios Nobel em ciência (3), 70 vezes menos do que seria de esperar sem correlação e uma proporção em relação a esse valor esperado quatro vezes inferior à das mulheres. Este facto também indica algum problema. Os homens muçulmanos não perdem mais tempo com gravidez e aleitamento do que os outros homens que ganham prémios Nobel e é pouco plausível que tenham sofrido quatro vezes mais discriminação do que as mulheres. A natureza repressiva dos regimes de muitos países muçulmanos, o Islão ser uma obrigação legal para muitos dos seus seguidores e os castigos por qualquer opinião fora do que essa religião lhes permite parecem factores mais importantes. É claro que o problema é complexo e pode haver dissensão acerca dos factores principais, mas isso é muito diferente de ignorar o problema para repudiar quem o aponta.

A reacção de alguns ateus a um artigo analisando estudos sobre religiosidade e inteligência (4) teve menos acrimónia mas também incluiu exemplos semelhantes de irracionalidade. O sociólogo Frank Furedi acusou os autores de «“cientismo” do pior»(5) sem dizer nada acerca da análise em si ou dos estudos em que se basearam. Especulou sobre a cultura e intenções, insinuou que foram muito mauzinhos, alegou que «a relação entre “a investigação mostra” e a verdade é muitas vezes tão dúbia quanto a da alegação de que “Deus disse” com o que realmente acontece» e concluiu com uma contradição: «Como ateu discordo da alegação de que a minha posição é produto da minha inteligência […] Acredito que fiz uma escolha inteligente em não acreditar». Foi uma escolha inteligente mas não tem qualquer relação com a sua inteligência. Pois claro. Entre os ateus de cá, também houve quem endossasse estes disparates de que a investigação científica é o mesmo que “Deus disse” e de criticar um artigo científico divagando sobre tudo menos o conteúdo do artigo (6).

O artigo merece algumas críticas, como qualquer artigo científico. Recolhe dados de estudos diferentes e tenta normalizar medidas diferentes, o que não é trivial, e há mecanismos alternativos que podem explicar a correlação por factores comuns. Por exemplo, pessoas com menos poder económico têm pior alimentação, educação e estímulos e mais probabilidade de necessitar do apoio de instituições religiosas. Isto pode explicar a correlação sem implicar qualquer relação causal entre religião e inteligência. Pode também ser um efeito de alguns pontos extremos. Pessoas com muito pouca inteligência são menos independentes e podem-se associar mais a grupos religiosos, alterando a média sem que haja diferenças entre os restantes ateus e crentes. Há muitas possibilidades a considerar para tentar perceber o que está por trás desta correlação negativa entre religiosidade e inteligência. Incluindo, obviamente, a de que pessoas com mais inteligência tenham menos propensão para acreditar nas histórias que as religiões contam. Podem não ser possibilidades agradáveis, mas para lidar com os factos é preciso controlar as tripas.

Esta indignação, muitas vezes fingida, e a demagogia falaciosa do apelo à emoção e ao preconceito, já incomodam bastante quando vêm de crentes e apologistas da religião. Mas desses é tão comum que uma pessoa acaba por se habituar. Mais deprimente é ver os que se dizem livres pensadores deitar fora toda a objectividade e fazerem-se de beatas ofendidas só para parecerem politicamente correctos.

1- Guardian, Richard Dawkins criticised for Twitter comment about Muslims
2- Nobelprize.org, Nobel Prize Awarded Women
3- Wikipedia, List of Muslim Nobel Laureates
4- Zuckerman et al, The Relation Between Intelligence and Religiosity A Meta-Analysis and Some Proposed Explanations (pdf)
5- The Independent, Atheists are more intelligent than religious people? That’s ‘sciencism’ at its worst
6- Não gosto de omitir referências, mas como não sei com que expectativas de privacidade as pessoas usam o Facebook é melhor deixar assim.

Em simultâneo no Que Treta!

25 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

A política, a religião e o totalitarismo

É mais fácil ser politicamente correto do que ser politicamente justo, sobretudo quando se atinge o limiar da demência e a apoteose do extermínio.

É ocioso invocar direitos humanos perante a matança síria ou quando os ataque sunitas ressuscitam o terror sectário no Líbano. É inútil falar de democracia quando equilíbrios geoestratégicos consentem a mais negra opressão da Coreia da Norte, neste caso, quiçá, por fanáticos que não rezam nem pensam no Paraíso.

Aliás, quando o ateísmo tolera a opressão, deixa de ser uma opção filosófica e passa a ser uma religião. É por isso que, como dizia Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907): «O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista».

A conivência ou mera transigência dos Estados com a inclusão confessional tem efeitos devastadores sobre o pluralismo e abre caminho ao fim da democracia, quando vigora.

Não há um único país islâmico, quando jamais devia poder definir-se um país de forma confessional, onde a democracia exista. Da Arábia Saudita ao Paquistão, de Marrocos ao Egito, dentro do território da ex-URSS ou nas antigas colónias europeias, o ódio e a violência sectárias são o quotidiano de países onde à mulher se impõe a escravatura e a todos cinco orações diárias.

No Egito, na sequência de eleições democráticas, a violência era praticada pelo Estado e as proibições da sharia estavam em marcha. O golpe militar aboliu a democracia e não consegue proteger as minorias nem prescindir de uma violência igual à dos que apeou.

Os islamitas acusam os cristãos de apoiarem o golpe e têm razão, mas para os cristãos, rodeados do ódio sectário e do proselitismo dos Irmãos Muçulmanos, só existiam duas opções, morrerem a pronto ou a prestações.

Perplexo, revoltado e impotente, não tenho coragem para defender o golpe militar e mingua-me força anímica para o condenar.

24 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

O Vaticano e a nova assessora

A comunicação social especula sobre os problemas do Vaticano com a nova assessora, jovem e bonita, Francesca Immacolata Chaouqui, por ter chamado gay a um ministro italiano e ter criticado o cardeal Tarcisio Bertone, sendo a primeira afirmação inócua e a outra conveniente.

O problema, para o Vaticano, reside na possibilidade desejável de a menina Immacolata trocar o substantivo próprio por um adjetivo precário.

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24 de Agosto, 2013 David Ferreira

Graças a Deus

A noite aborrecia. Aborrecia como aborrecem todas as noites que não sabemos como preencher com o que verdadeiramente somos o que os outros tanto preencheram de nós com o que verdadeiramente não são. Um grupo de amigos. Ou um grupo de colegas que se tornaram amigos devido a circunstâncias sazonais. Porque a amizade também se faz de, da ou para a oportunidade. Um grupo apenas, igual a tantos outros, reunido, a descomprimir a tensão acumulada de mais um intenso dia de trabalho. E ao redor de todos, bamboleante, alheado de tudo e ansiado por todos, um catártico e desenfreado baile de copos em intenso rodopio, a competirem com a lua, ora meios, ora cheios, mas nunca completamente vazios, a substituírem a noite estática. Como se não houvesse amanhã. Como se nós, os bailarinos, não quiséssemos de novo o Sol, fartos de luz, cansados do dia passado ou de nos sentirmos cansados do dia seguinte que sabíamos inevitável.

As línguas entaramelam-se com o bailarico de sílica espirituosa e a conversa começa a destoar da hipocrisia socialmente aceite como modo de sobrevivência para a libertação do individualismo reprimido do que seriamos sempre se fossemos sem bloqueios socioculturais.

– Estou farto destes cabrões! – atira um.

– Caga nisso. – diz um outro – Vamos é beber uns copos e curtir um pouco, que bem merecemos.

A terra é estranha. Tudo é estranho e diferente. Igual, mas diferente. O clima, a paisagem, o ritmo. As pessoas…ah, as pessoas… As pessoas, essas, são sempre iguais, independentemente do vestuário ou da linguagem. São apenas pessoas, envolvidas em panos que as protegem do clima ou de si próprias, adornando-as de um determinado status, a comunicarem por necessidade.

Antecipo um pé de dança, mas tropeço. Tenho pés de gesso e a gravidade dificulta-me a dança que a tenta contrariar.

– Graças a Deus que tudo correu bem! – a voz rouca atinge-me sem que a previsse, familiar mas incompreensível.

– Graças a nós! – brindo, a contrariar sem o pretender, a ser eu.

Silêncio breve.

– A nós! – alguém berra. E todos brindamos, como se fosse necessário.

E tudo esquecemos relembrando, celebrando. O amanhã será sempre mais reconfortante que o ontem, se o esperançarmos, e o hoje é o que fazemos dele sem pensar muito nisso.

O baile, entretanto, decorria como outro baile qualquer, tímido a princípio, logo decidido, finalizando introspetivo, como que a morrer aos poucos para dentro de nós, envenenado pelos aditivos sensoriais que sentimos necessários quando deixamos de conseguir sentir sempre que somos, quase inevitavelmente, o que os outros pretendem que sejamos, como se nós não fossemos também outros para os que não somos. O cansaço, contudo, haveria de nos deixar ser. Apenas ser.

– Tenho saudades de África… – desabafa o Pedro.

Olho para ele, sorrindo, à procura de um olhar. Um olhar que só reconheci espelhado no reflexo do copo meio vazio de lua-cheia que embalava entre os dedos, como se de uma máscara de oxigénio se tratasse.

– Eu também, sabes. – anui – Já lá vivi, em Angola, em Nova Lisboa, agora Huambo. Lembro-me de tudo como se tivesse sido ontem. Há algo de África que fica em nós e que não se consegue bem explicar…

Pedro sorri, em meia-lua. Compreende-me. Ambos viramos o mundo e o pior que a humanidade tinha para oferecer nos últimos anos. Em vários continentes. Em terras estranhas com pessoas iguais. E sabíamos.

– Deves ter comido poucas pretas enquanto lá estiveste, deves… – interjeiciona o que dera graças a Deus.

Pedro sorri, em quarto minguante. Roda o copo com os dedos como que a desfazer nele o luar que o seu olhar já não conseguia iluminar.

– Comi. Por acaso comi.

Os olhares direcionam-se para Pedro, mais rápidos que o raciocínio. Os lábios dilatam-se e os sorrisos antecipam o alarde coletivo.

– Conta lá! Conta lá!

– Sabes… – continua Pedro – Uma vez fui com uma. Tinha ido à discoteca e aconteceu. Saí com ela e fomos passear para a praia.

– E o que é que lhe fizeste?

– Pá, nada demais… – responde Pedro, ensimesmado – Eu já estava com os copos e ela também. Chupou-me apenas.

Os sorrisos replicam-se entre os olhares que a testosterona atraíra.

– Ganda maluco! E como é que foi? A tipa chupava bem?

Pedro sorri também, aparentemente contagiado, a camuflar o remorso na parvoíce alheia.

– Dizem que elas são quentes como o caraças! – ouve-se alguém.

Pedro pousa o copo, mais cheio de noite que de espirito.

– Sabes… – diz – as gajas de lá, as que andam ao ataque, chupam sempre até ao fim.

– Engolem tudo? Ah gandas malucas! Eu sempre disse, pá, as pretas são as mais quentes!

Os olhares cruzam-se a assentir a masculinidade e atiçam ainda mais a balburdia.

Pedro olha para mim enquanto as vozes do baile faziam e aconteciam e a noite bocejava enfastiada.

– Sabem porque é que elas chupam até ao fim? – dispara Pedro, sem fazer pontaria.

Os olhares silenciam subitamente, não suspeitando o motivo da interrogação.

– Porquê? – interrogam os mais curiosos.

– A miséria lá é muito grande, sabem. E como o esperma é nutritivo, é uma das formas que elas arranjam para matar a fome…

Silêncio súbito. Há fronteiras morais que nem a mais estupidificante carraspana se atreve a transpor.

– Este mundo é lixado. – ouve-se ao fundo, sumido.

O baile, entretanto, morrera, deixando a todos uma incómoda sensação de vazio.

– Graças a Deus, ao menos não vieste de lá com nenhuma dessas doenças esquisitas… – escuta-se, por entre o orvalho que começava a cair com abundancia.

Pedro olha para mim, de soslaio, e encara o agradecido.

– Sim, – diz – dêmos graças a Deus para que a fé que temos possa servir de salvação para uns e de muito alimento para outros…

E retirou-se da festa como se nunca tivesse sido convidado.

Para trás ficou-nos apenas a noite a envelhecer aos poucos os restos do que julgávamos ter sido até ali.

24 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Vaticano com nova imagem

A nova imagem da Igreja, que o Papa Francisco tem procurado transmitir, conta com um elemento que tem merecido atenção mediática e causado alguma vergonha. A nova assessora do Vaticano, Francesca Immacolata Chaouqui, tem 27 anos, é filha de um marroquino e conhecida no Twitter pelas suas fortes opiniões religiosas e politicas.

Diário de uns Ateus – Certamente que o nome piedoso, Francesca Immacolata Chaouqui, terá sido determinante.

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23 de Agosto, 2013 José Moreira

Humor de Verão – a Bíblia revisitada

Por determinação divina, o Versículo 16 do Capítulo 3 da Bíblia, passa a ter a seguinte redacção:

16 -E à mulher, disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

16/A – Além disso, pagarás com teu sangue a afronta que Me fizeste.

16/B – E eis que Eva tomou consciência da gravidade do pecado cometido, e implorou: Senhor, para tão grande pecado, não terei sangue que chegue.

16/C – Então o Senhor Deus disse à mulher: Grande é a Minha misericórdia. Autorizo-te o pagamento em prestações mensais.

 

Palavras de salvação.