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Mês: Agosto 2013

19 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

O catolicismo, o islamismo e a democracia

Pio IX, a quem a epilepsia impediu uma carreira militar, seguiu o caminho da teologia, e foi, mesmo para a época, o exemplo do extremismo reacionário. A encíclica «Syllabus errorum» é um catálogo de condenações, desde o panteísmo ao naturalismo, do racionalismo ao socialismo, sem esquecer o comunismo, a maçonaria e o judaísmo.

O roubo de uma criança, Edgardo Mortara, aos pais judeus, com a alegação de que uma criada a batizara em segredo, para ser educada na religião católica, não o impediu de ter um milagre adjudicado por João Paulo II, que o promoveu a beato, mas ficou como uma das nódoas mais negras da Igreja católica. Não o salvam do opróbrio os dogmas criados: a infalibilidade papal e a virgindade de Maria.

Para Pio IX, a Igreja católica era incompatível com a liberdade, a democracia e o livre-pensamento, valores aprovados no concílio Vaticano I, uma reedição do de Trento. A História acabou por desmenti-lo e a excomunhão da modernidade é um mero detalhe na nódoa do seu pontificado. Sabemos hoje que a repressão sobre o clero e a imposição da laicidade transformou os países cristãos em berço da democracia.

O Islão vive hoje os piores preconceitos do catolicismo de há 150 anos. No Egito, onde, enquanto escrevo, ardem igrejas, assiste-se a uma orgia de sangue. Depois do golpe de Estado de 3 de julho, que pôs termo a 1 ano de governo dos Irmãos Muçulmanos, nunca mais houve paz e a Irmandade Muçulmana, que tinha ganho as eleições, está em vias de ser proibida, voltando à situação a que Nasser a remetera em 1954, à clandestinidade e à repressão, situação de que tem larguíssima experiência, com uma imensa e sólida rede de proteção médica, assistência social e educação, organizando-se de novo através das mesquitas e universidades donde tinha saído da clandestinidade para a vitória eleitoral.

A pressa na imposição da sharia e o aumento da violência contra cristãos que resistiam à islamização, bem como contra a sociedade urbana, laica e secularizada, foi a detonadora do movimento militar que derrubou o presidente Mohamed Morsi, que jamais respeitou os limites que a constituição lhe impunha. Não era, aliás, pessoa para compreender que a democracia é também, e sobretudo, o respeito pelas minoria, minudência inaceitável para o Islão, totalitário e prosélito.

Curiosamente, o presidente turco, Tayyip Erdoğan, que a Europa e os EUA teimam em considerar um islamita moderado, seja isso o que for, não teve um conselho para Morsi durante a sua deriva islamizadora, mas não lhe fata agora com o apoio na sua defesa.

No Egito repete-se a dolorosa experiência argelina de 1994 quando o governo derrotado declarou guerra à Frente Islâmica de Salvação (FIS), com a débil condenação da Europa e dos EUA, que respiraram de alívio.

Não sei o que nos reserva o futuro, onde o terrorismo religioso não pode ser consentido nem a fé do crentes reprimida. Para já, sob os auspícios da esquizofrenia da fé, o medo e a desconfiança vão miando a possibilidade da democracia onde o fascismo islâmico alastra.

18 de Agosto, 2013 David Ferreira

Hóstia dominical – IX

Só um Estado laico pode proporcionar uma condição de verdadeira e
diversificada liberdade religiosa. Por isso, a não ser que pretendam secretamente
que a sua religião se superiorize a todas as outras, não se percebe por que
alguns teimam em cuspir no prato que sustém sem vazamento as conjeturas de que
se alimentam.

18 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Mistérios da ICAR

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Por que motivo o Vaticano nunca deu a titularidade de uma diocese ao seu único bispo a quem foi atribuído o prémio Nobel da Paz?

 

18 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Na Ignorância dos crentes….

Por

«Christopher Hitchens»

(Tradução de Armindo Silva a partir de um vídeo que está na NET)

Não há nenhum “Big Brother” no Céu. É uma ideia horrível de que há alguém, que é dono de nós; que nos criou; que nos supervisiona cada 24 horas, (acordados ou a dormir); que sabe os nossos pensamentos; que pode condenar-nos por crimes de pensamento, por aquilo que nós apenas pensamos, acordados ou a dormir (sonhos); que se interessa pelo que acontece na privacidade do nosso quarto; que nos julga quando estamos a dormir; que nos pode criar doentes, (aparentemente é o que nós somos) e ordena, aplicando o horror da dor e da tortura eterna para ficarmos bem novamente.
Para acreditar em tudo isto e desejar que seja verdade é submetermo-nos a uma escravidão miserável…

É uma coisa maravilhosa, mesmo maravilhosa, na minha submissão, é que agora eu tenho imensa informação, inteligência suficiente – espero, intelecto suficiente –, e tenho esperança e coragem moral para dizer que estas propostas fantasmagóricas são fundadas na mentira.

E para celebrar este facto convido-vos para pensar como alternativa, eu diria na “Sarça-ardente” e nos depravados milagres testemunhados por pastores camponeses da Palestina da Idade do Bronze. Pensa na morte, eles sentem que nós deveríamos bisar pelos seus pecados e os pecados e as transgressões desta gente, sim os pecados desta gente, as transgressões, a dívida que eles sentem para com o criador, restringe a todos nós como pecadores…. Mas que humilhação sermos seres imperfeitos ! Mas que humilhação não podermos fazer nada sobre isso! Mas que humilhação termos sido criados aprisionados e, agora, termos que ganhar a nossa emancipação!

Eu digo novamente que tal servidão ao poder supremo – e há pessoas mais bem preparadas do que eu para dizer – que até agora não há nada no nosso mundo natural, (afastando-nos do cosmológico) do mundo natural em que nós vivemos, que não possa ser explicado através de mutações randómicas combinadas com a evolução por selecção natural. Nada funciona sem esta suposição e tudo funciona com ela, é um facto comprovado. Há ainda muitas coisas que não foram ainda determinadas, mas não é uma teoria ou apenas mais uma.

Pondo isto de outra maneira, eu pergunto: – há quantos anos dirias tu que o homo sapiens apareceu no planeta? O responsável do projecto do genoma humano Francis Collins pensa que não foi mais de meio milhão de anos, Richard Dawkins diz que deveria ser 250 mil. Não interessa nesta altura, mas nós sabemos de que a nossa espécie saiu de África há aproximadamente 75 mil anos. Tendo diminuído o seu número para cerca de 2 a 3 mil indivíduos devido a problemas climatéricos terríveis provavelmente devido à Indonésia ou outro desastre natural, quer isto dizer que nós estivemos muito perto da extinção e de nos juntarmos a esses 99.8 % de todas as espécies que viveram neste planeta e que foram extintas. Que grande “Design” não parece? Profunda criação …. milhões e milhões de formas de vida que foram varridas deste planeta e não haver ninguém para testemunhar a sua existência prévia!.. Nós safamo-nos disto por mera sorte.

E agora eu faço uma comparação. Suponhamos que nós aparecemos há 75 mil anos. Os três monoteísmos – Cristianismo, Judaísmo e mais tarde Islamismo – começaram há cerca de 4 a 5 mil anos, máximo. Agora, se me deres uma microscópica ou a mais pequena presunção da existência humana… Agora observa isto: – pelo menos durante 70 mil anos, o “CÉU” observa tudo e vê como a espécie humana nasce, morre provavelmente de infecções dentárias ou outras doenças provocadas por micro-organismos, (bactérias) com probabilidades de vida de cerca 20 a 25 anos, com as crianças a terem probabilidades de vida à nascença de cerca de 10% e olha isto com indiferença, durante milhares e milhares de gerações miseráveis e com fome, ignorantes, não falando das guerras entre eles e dos problemas que eles têm para lutar pela sua existência e, somente há 4 ou cinco mil anos atrás o “CÉU” decide – «já temos o suficiente disto» – pensam … «agora estamos na altura de uma intervenção». E, a melhor maneira de a fazer é numa região mais primitiva do Médio Oriente, – não na China onde as pessoas já podem ler – mas na região mais primitiva do Médio Oriente, basicamente oferecendo-lhes sacrifícios humanos. Isto é uma doutrina que não pode ser credível para ninguém que estude qualquer coisa científica, histórica, arqueológica, paleológica, paleontológica ou biológica. Pode ser somente credível para pessoas que querem ser escravas de um impiedoso e totalitário inferno. Nós devemos sentir -nos felizes por verificar que a evidência desta identidade não é nenhuma, ZERO.

«Christopher Hitchens»

17 de Agosto, 2013 David Ferreira

Canal História – uma vergonha para a ciência

O canal História é uma vergonha para a ciência. Não satisfeito por nos brindar com uma série puramente especulativa onde se defende a criação da Humanidade por extraterrestres, sem que para tal existam provas credíveis, brinda-nos agora com “As portas do Inferno”, uma série absolutamente indescritível e facciosa sobre uma das criações mais perversas e absurdas da humanidade: o Inferno. Como não poderia deixar de ser, os comentadores selecionados são, na sua maioria, sacerdotes, atingindo-se o êxtase com a demência abstrusa dos pastores evangélicos norte-americanos. O clímax atinge-se com a audição do próprio Inferno em gravação digital, sons distorcidos de alegadas almas torturadas e em perpétuo sofrimento gravadas algures num buraco na Sibéria. Não explicam os sacerdotes como poderá um corpo imaterial sofrer dores que apenas um corpo físico pode proporcionar e sentir…

De há muito que se apercebe a influência de grupos religiosos organizados, poderosos e endinheirados, no referido canal. E deste modo se vai escrevendo e reescrevendo vergonhosamente a mentira e a estupidez de alguns alucinados, certificada por uma suposta credenciação científica.

Este mundo necessita desesperadamente de razão e lucidez tanto como de ar para respirar.

17 de Agosto, 2013 David Ferreira

Richard Dawkins e as generalizações

Ao que parece, um recente tweet de Richard Dawkins tem provocado acesa celeuma, não apenas entre os visados mas também entre muitos ateus, agnósticos, humanistas e livres-pensadores. O tweet em questão reza o seguinte: “Todos os muçulmanos do mundo têm menos Prémios Nobel que o Trinity College, em Cambridge. No entanto, eles fizeram grandes coisas na Idade Média.”

Não é de agora que Richard Dawkins divide opiniões, tanto entre os que o odeiam, como pelos que partilham e compreendem a sua filosofia e o seu empenho pela globalização do conhecimento científico, embora não corroborando com a sua militância obstinada e incisiva contra as religiões que o leva, por vezes, a fazer afirmações consideradas como meras generalizações desprovidas da ponderação necessária a um intelectual do seu gabarito com credenciais mais que firmadas.

Deixemo-nos de tretas. Todos somos hipócritas de uma forma ou de outra. A hipocrisia é a máscara que usamos para suscitar a aceitação por parte do outro, tanto individual como colectivo, preservando o Eu que não queremos expor às intempéries sempre imprevisíveis do julgamento e da apreciação alheios. Esta máscara serve-nos de igual modo para enfrentar os nossos adversários com uma aparente cortesia defensiva, mas que tem a utilidade de conseguir precaver e antecipar um possível ataque, defendendo e inocentando numa mesma acção um dissimulado grito de guerra. Vivemos na era do politicamente correto e as regras do convívio social, alicerçadas na tolerância cultural e intelectual, bloqueiam demasiadas vezes a verdadeira essência do que realmente somos e sentimos e do que intentamos transmitir à sociedade, mesmo que não pretendamos um efeito borboleta ideológico ou filosófico.

Vem isto a propósito dos debates a que tenho assistido passivamente nos grupos e páginas das redes sociais dedicadas ao ateísmo e onde a postura alegadamente insultuosa de Richard Dawkins tem sido criticada por muitos ateus, alguns dos quais classificam a sua postura como racista. Devo dizer que não concordo com esta interpretação que alguns fazem do que considero apenas uma mera provocação. Se é descabida ou não, fica ao critério de cada um. Se é criticável ao ponto de alguns afirmarem a irrelevância de Dawkins para um recomendável e aconselhável “bom nome” do ateísmo, não deixa de ser também o colocar do dedo numa ferida ostensiva que debilita impunemente e que a cobardia moral da tolerância generalizada a todo o custo e em todas as frentes socioculturais tende a alimentar.

Não pretendo com isto defender ou desculpabilizar Dawkins por todas as afirmações que faz. Não sou apologista do endeusamento de homens tanto quanto não creio em deuses inventados por eles. Admiro o seu trabalho, o seu empenho e compreendo, porventura em demasia, as suas motivações. Resumindo, reconheço o valor inestimável e muitas vezes incompreendido da causa que defende para o futuro da humanidade. Dawkins sabe o que diz. Sabe quem pretende atingir. Infere apenas de uma observação empiricamente indesmentível: que o fanatismo islâmico tem implodido deploravelmente uma civilização que foi outrora colossal e grandiosa, a quem a humanidade tanto deve. Diz aquilo que todos pensamos mas que a hipocrisia que cultivamos nos impede de manifestar publicamente com receio de sermos apontados a dedo tanto pelo juízo académico, racional e filosófico do emprego despropositado de lógicas falaciosas, como pela recatada prudência dos que tudo acham que devem tolerar, até a intolerância, com um enorme sorriso amarelo. As generalizações poderão ser falaciosas se aplicadas ao todo. Mas e se forem aplicadas não ao todo, mas a uma grande parte dele? E que dizer de todos os que afirmam que uma grande parte do todo é representativa do todo, como por exemplo os que afirmam que Portugal é um país católico por ter uma grande maioria de crentes católicos? E nesta observação, não se generaliza de igual modo? Ou serão as generalizações apenas falaciosas quando carregadas de uma hipotética carga negativa? Fica à interpretação de cada um.

Meus caros, quando os glóbulos brancos se organizam para combater corpos estranhos ao organismo, há sempre vermelhidão e intumescência na pele. A dor é apenas um sinal de aviso, um toque subtil de alerta. E é nestes momentos em que o corpo está enfraquecido que todos os curativos, todos os apoios, todos os contributos são bem-vindos. Ter conhecimento da doença e não a combater por todos os meios razoáveis apenas por se julgar que o corpo causador da enfermidade também é um corpo que deve ser protegido, é aceitar a doença passivamente. E quem assume aceitar e conviver com a doença não tem moral para se queixar dos efeitos nefastos que a pandemia causa ou possa vir a causar.

17 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Dias de cólera e de demência

No Egito trava-se um combate cruel e sanguinário. De um lado encontram-se os que foram apeados do poder a que acederam democraticamente, odiando a democracia; do outro, os que o conquistaram por um golpe de Estado e repudiam a submissão à sharia.

Há quem pense que a democracia confere à maioria o direito discricionário e que tudo é permitido, mas não há democracia onde os direitos das minorias não forem respeitados.

Entre a força das armas dos militares e as hordas de fanáticos islâmicos não se brinca à democracia e à incerta laicidade, é a geoestratégia global que arma os militares e excita os Irmãos Muçulmanos. Por entre uma confrangedora orgia de sangue e violência.

E não acusem os suspeitos do costume desta manifestação de intolerância fascista.

16 de Agosto, 2013 Carlos Esperança

Com que legitimidade?

Papa Francisco dedicará o mundo à Nossa Senhora de Fátima

Depois de mandar cristãos olharem somente para Jesus, Papa celebra a Jornada Mariana.

Após sua celebrada passagem pelo Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco fará parte de outra jornada. O Bispo da Leiria-Fátima, em Portugal, Dom Antonio Marto, anunciou que dia 13 de outubro haverá uma grande celebração no Vaticano.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima, que teria aparecido para revelar três “segredos” a três crianças no início do século passado será levada a Roma. O papa, então, dará início à Jornada Mariana (JM). O ponto alto será a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.

Diário de uns Ateus – A Arábia Saudita também será dedicada à Senhora de Fátima? E a Associação Ateísta Portuguesa?