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Mês: Julho 2013

24 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Não se pode sair da rua

É preferível morrer de insolação, cair inerte desidratado ou errar por caminhos desertos do que entrar em casa ou num café onde nos espera sempre uma televisão com imagens de uma estrela pope, o Papa, perante o delírio místico de cariocas alucinados ou notícias sobre a cria de uma princesa inglesa.

À falta de um deus, cada vez menos provável, encena-se um espetáculo gigantesco em torno de uma estrela que não canta, não dança, não toca bateria e que usa como único instrumento as mãos e como adereço uma batina branca.

Em Inglaterra, a cria real, cujo desconhecimento do nome provoca apoplexias e calores nas senhoras e subida de tensão arterial nos cavalheiros, chegou bem, sabe-se o peso do animal vivo, imagina-se o futuro inútil e decorativo a que o destinam e garante à Igreja anglicana um futuro chefe cujos bispos são nomeados pelo poder político sem que Deus seja chamado para os negócios da fé.

Que interessam milhões de crianças com fome, os inúmeros mortos que a loucura da fé e a maldade dos homens produzem, o ambiente que se degrada, a água contaminada e o ar irrespirável no mundo cada vez mais injusto e nas mãos de cada vez menos pessoas?

O circo, mesmo sem pão, é o soporífero que anestesia os povos e mantém calmos os que apenas têm a morte como horizonte. É preciso embrutecer antes que acorde a energia de quem nada tem a perder.

23 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Estava no sítio certo

Religioso do Vaticano agia como banqueiro privado, diz documento

Uma autoridade do Vaticano, presa no mês passado, usou a sua influência para oferecer serviços financeiros privados e ilegais a amigos ricos, afirmam investigadores italianos num documento judicial.

Ele afirmam que o monsenhor Nunzio Scarano, correntista do banco do Vaticano e alvo de duas investigações na Itália, participou de “atividades ilegais, totalmente privadas, que tiveram como objetivo também beneficiar terceiros”.

23 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_23_07_2013

João César das Neves (JCN) na homilia desta segunda-feira, certamente sobrecarregado de pecados, regressou aos temas da moral da sua Igreja e à interpretação da vontade do Deus do Papa Francisco, embora desconheça a interpretação do atual mandatário.

JCN aponta o ano de 2006 como a data em que Portugal foi conduzido «ao extremo desmiolado na regulamentação familiar», dando como exemplos «a lei da reprodução artificial», seguida da «banalização do divórcio», «educação sexual laxista» e, rangendo os dentes, as leis do «casamento entre pessoas do mesmo sexo» e a da «mudança do sexo».

A estas leis chama JCN, na devota crispação, «o triunfo súbito do fundamentalismo extremista», com que «a sociedade assustada adotou a posição cómoda e irresponsável de tolerar a libertinagem». Nota-se-lhe o corpo dorido, com fratura exposta e a sangrar por dentro, quando confessa que «As forças de defesa da família, em particular a Igreja Católica, suportaram derrota atrás de derrota fragorosa».

Para o bem-aventurado «Portugal tornou-se um paraíso mundial de comportamentos desviantes e perversos», justificando « o colapso do casamento, ausência de fertilidade, envelhecimento galopante, multiplicação de patologias sociais». Faz chorar as pedras quando lastima que «em 2011 os casamentos foram só mais 34% que os divórcios» e ameaça que «sorveremos a infâmia até à última gota». Segundo JCN, especialista em água benta, incenso e moral familiar, «a escalada não abranda, atingindo já os temas de requinte, como a co-adoção por casais do mesmo sexo». «A espiral devoradora exige-o, como exigirá as vergonhas seguintes» – garante o bem-aventurado.

Finalmente, antes das orações do dia, termina em tom profético com um assomo de otimismo: «Resta-nos o consolo de o futuro vir a aprender com os nossos horrores».

22 de Julho, 2013 Carlos Esperança

A fé esclarecida e o ateísmo ignorante

«Não existem apenas fundamentalistas religiosos. Também existem fundamentalistas ateus e sem religião. Também existem ateus sem religião que combatem o fundamentalismo de um ateísmo ignorante». (Frei Bento Domingues).

Ateus sem religião deve ser o oposto de crentes com religião. Os crentes sem religião são supersticiosos não filiados.

Os ateus não têm livros sagrados nem são incitados a combater os fiéis. Ao contrário dos crentes, não têm o Paraíso à espera. Não os aguardam setenta virgens nem rios de mel em recompensa de atos terroristas; não ascendem aos Céus por participarem em cruzadas; não comprazem Deus a carrear lenha para queimar hereges.

É verdade que os ateus se livram do Purgatório, sítio mal frequentado, com aposentos despojados de qualquer eletrodoméstico, sem divertimentos nem conforto, donde se sai à custa de missas de quem tem cabedais e devoção para mandar rezar.

Também o Inferno é reservado aos crentes que discordam da teologia do latex, comem carne de porco à sexta-feira, faltam à santa missa e amam sem intuitos exclusivamente reprodutivos.

O ateísmo pode ser ignorante, ao contrário da fé. Fr. Bento lê o Diário de uns Ateus e tem-nos em má conta. Mas pensar que a fé é esclarecida e que a devoção não é ignara, é miopia ou necessidade de preservar o futuro da ICAR, os seus ativos financeiros e os negócios do Vaticano.

 

21 de Julho, 2013 Carlos Esperança

O Islão no seu labirinto

Islamismo político enfrenta o seu mais severo teste com golpe de estado no Egito

A implosão de Morsi, retirado do governo, abalou a Irmandade Muçulmana no país.

Cairo – Não foram apenas as tumultuosas multidões da praça Tahrir que saudaram a implosão de Mohammed Morsi e do islamismo político convencional no país mais populoso do mundo árabe. Enquanto o golpe de estado se desenrolava no Cairo, o presidente sírio Bashar Assad praticamente dançava sobre sepultura da Irmandade Muçulmana.

Diário de uns Ateus – O Islão vive o paradoxo de ter uma democracia que suspende os direitos humanos ou uma ditadura que suspende a democracia.

21 de Julho, 2013 David Ferreira

Hóstia dominical – V

Portugal não é um país católico, tal como não é um país benfiquista. Não
é a maior percentagem de adeptos de uma determinada organização que define a
identidade do que se conceituou ser o conjunto de todas as realidades
socioculturais existentes num determinado território delimitado por fronteiras.

20 de Julho, 2013 Carlos Esperança

A fé custa a todos, ateus incluídos

Vaticano defende uso de verba pública na Jornada

Os gastos com a visita do papa Francisco e com a Jornada Mundial da Juventude tem sido alvo de polémicas e questionamentos na Justiça. O evento custará mais de R$320 mi

Estátua de areia do papa Francisco é esculpida em praia do Rio de Janeiro durante os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude, que contará com a visita do pontífice

A Santa Sé optou por não entrar na polémica sobre o uso de recursos públicos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e sobre os custos da viagem do papa Francisco para os cofres do Estado brasileiro. Mas afirmou que “não será dinheiro jogado pela janela no mar” e insiste que a “maioria” da população “quer a visita”.