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Fumo branco, fumo preto

Pela televisão fora, vão passando os mais diversos comentadores, cada qual com o seu palpite acerca da eleição do novo Papa, que eu escrevo com maiúscula apenas para não se confundir com a Cérelac, passe a publicidade. Dentre a catrefada de fazedores de opinião sobressaem, naturalmente, os ligados à multinacional religiosa com sede social em Roma, mais exactamente no Vaticano.

Todos estes comentadores são unânimes num ponto: quando interrogados acerca das características desejáveis do futuro Papa, acabam por se refugiar na resposta mais cómoda, que o futuro é incerto: “o Espírito Santo é que sabe”, com as variações que a imaginação permite. E que são poucas, como se compreenderá. E é aqui que a porca começa a torcer o apêndice dorsal.

Com efeito, desde sempre se disse que o Espírito Santo, seja lá isso o que for, é que inspira aquela cardinalada toda para eleger o gerente. Ora bem: se a entidade referida inspira, por que razão eles demoram tanto tempo a escolher? Não era suposto a inspiração aparecer logo à primeira, para se evitar situações como as do conclave de Viterbo? As respostas a esta magna questão podem ser as mais diversas, e eu tenho algumas, embora hipotéticas, como se compreenderá, mas sei que os amigos crentes não hesitarão em juntar mais algumas, certamente mais fidedignas.

Assim:  o Espírito Santo inspira, mas devagarinho, jeito que lhe ficou, certamente, daquela vez que engravidou mulher alheia. E virgem, ainda por cima;  ou o Espírito Santo inspira com força, mas os cardeais não se apercebem, porque estão distraídos a pensar no Instituto das Obras Religiosas; ou a estória do Espírito Santo é treta, e a eleição mais não do que o fruto de aturadas negociações, tendo como pano de fundo o chamado “Vatileaks”.

Há pouco, na SIC, um padre cujo nome não recordo, asseverava que só por milagre é que o Papa seria escolhido na primeira ronda. Desculpe: como disse? Por milagre??? E não é isso que se espera do tal Espírito Santo? Ou será que ele já não faz milagres por já estar reformado, perdão, emérito?